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domingo, 27 de novembro de 2022

Luzes de Natal

As luzes de Natal começam a surgir, eu já sei que meu aniversário está chegando: 42 anos. Parece pouco, mas não pra quem tem muita história pra contar. Tudo isso por ter vivido de forma muito intensa. Sempre vivi em forma de impulsos. 

Aliás, minha vida sempre foi isso: um grande e profundo impulso.

Minha vida inteira foi dividida entre medos paralizantes e coragens impulsionadoras. Nunca fiz ideia de onde minha vida ia me levar, mas mesmo quando a depressão me tomava, eu tinha em mim uma certeza lá dentro que algo extraordinário me aconteceria e transformaria a minha vida.

Bem, o tempo passou e nada de extraordinário me aconteceu - tipo ganhar na Mega-Sena ou me tornar uma estrela de Hollywood - mas mesmo ultrapassando barreiras que poucos alcançaram, por um tempo recente perdi toda aquela minha esperança de algo extraordinário acontecer e transformar minha vida.

Na verdade, sim, em determinado momento eu perdi tudo na minha vida. Por um tempo perdi até a sanidade e a autonomia. Nada foi mais desafiador. E até isso superei. Mas aquela esperança que fazia meus olhos brilharem não retornavam. Tenho que começar tudo de novo e nem ao menos sei por onde começar...

Olho no espelho, pros cabelos cada vez mais grisalhos, e sinceramente vejo memória em cada fio branco. Minha mãe diz pra eu pintar os cabelos, isso até poderia me ajudar a conseguir um emprego, mas não consigo pintá-los. Esses cabelos brancos hoje fazem parte do que sou e contam a minha história, além d'eu não querer fingir mais nada na minha vida, ainda mais a essa altura.

Pois é isso, meus amiges: hoje não tenho emprego, não tenho diploma, não tenho mais casa... Mas, ao contrário do ano passado, de alguma forma estranha, olho as luzes de Natal com a velha esperança brilhando nos olhos mais uma vez, aquela esperança de quem se prepara para algo extraordinário. E daí que estou ficando mais "vivida"? Ou melhor, mais VELHA mesmo, porque não devíamos ter vergonha de envelhecer - ainda mais envelhecendo bem como provavelmente estou (visto pela minha aparência jovial que todos comentam).

No fundo, assistindo do alto do morro as luzes de Natal a piscar, ainda sou aquela menina que acredita em algo extraordinário que virá a acontecer. 

Afinal, nada na minha vida foi programado, tudo foi construído sobre os alicerces dos meus impulsos... Todas as minhas imprevisibilidades diante dos acontecimentos... Por que algo extraordinário ainda não pode me acontecer, transformando todo o meu status quo?

Quem sabe EU MESMA ainda não tenha tempo de construir esse acontecimento extraordinário?...

Quem sabe? Vou deixar essa pro Papai Noel...

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Como vai você?...

Pois é, já faz tempo que a gente discutiu, brigou mesmo, e em público. Eu estava triste e decepcionada com as fofocas que me fizeram sobre você - no começo eu nem acreditava, mas hoje, pensando melhor (principalmente sobre as fontes das fofocas), creio que não era tudo isso não. Mas já é tarde, né? Brigamos, perdemos contato, mas a verdade que eu também não sabia era que eu estava em surto psicótico, desconfiando de todos os que me eram próximos e causando desentendimentos, entre outros danos.


O que você não sabe é que meses depois fui internada. Fiquei 2 meses nessa porque me recusava a tomar os remédios, mas enfim, quando convencida a tomá-los, em poucos dias minhas fichas começaram a cair. Não lembro muito das bobagens que disse e fiz, mas fui aos poucos relembrando das pessoas que me eram tão queridas mas que não queriam mais saber de mim. Iniciei o processo de me responsabilizar por meus atos, primeiro pedindo perdão a meus pais, durante uma das diversas visitas deles (principalmente no Hospital Nise da Silveira), mas já prometendo a mim mesma que, independente da resposta, pediria perdão a cada pessoa que magoei e prejudiquei durante a crise. E assim o fiz, assim que adquiri minha alta.


Tive que engolir o meu orgulho, mas conforme eu ia me lembrando, mandava mensagem explicando o que tinha acontecido comigo e pedindo perdão. A maioria ignorou, alguns poucos me entenderam e outros até mesmo me bloquearam. Foi quando lembrei de você, da discussão estúpida que tivemos em contraste dos momentos de pura harmonia que tínhamos antes dessa maldita crise. Eu queria muito te pedir perdão e explicar tudo, mas perdi certa coragem. O máximo que consegui foi mandar uma mensagem numa rede social dizendo "Perdoe a mim e a meu Transtorno Bipolar". Apenas. Por muito tempo fiquei checando se aparecia o sinal de "mensagem lida" e nada. Esqueci por um tempo, tentei levar minha vida adiante, mas vez em quando eu ia lá olhar as novidades no seu perfil. Em dado momento, tentei um passo mais arriscado: pedi pra você me adicionar. O tempo foi passando, e ao revisitar seu perfil, pude perceber que você deletou minha solicitação. Respirei fundo: o jeito era aceitar, afinal não seria o primeiro a rejeitar meu pedido de desculpas. Ainda pensei em te escrever essa "carta" me explicando por mensagem, mas meu maior medo é invadir seu espaço e você me bloquear de vez. Acho que isso eu não aguentaria.


A questão é que eu queria te contar tudo o que se passou comigo anos atrás, pedir o seu perdão e tirar esse peso do fundo da alma, e dizer que você foi um dos grandes amores (senão o maior) da minha vida. Queria dizer o quanto eu me sentia em casa dentro do seu abraço e do quanto eu me divertia com as bobagens que você fazia pra eu rir. Hoje não tenho mais, mas guardei por anos uma caixa vazia de bombom que você me deu cheio de recordações suas: a flor de hibisco que você pendurou na alça do meu sutiã (e eu sequei dentro do caderno), bilhetinhos, desenhos estapafúrdios, crachá de evento que participamos juntos, aquele coração que você desenhou e pintou numa das folhas do meu bloquinho... Joguei tudo fora na esperança de também te jogar fora do meu coração. Mas foi tudo em vão: paixões vem e depois se vão, mas com mais ninguém tive a conexão que tive com você. E eu sei que você se sentia conectado comigo também. Era forte, talvez por ser proibido, mas era muito intenso. Todos notavam!... Bem, talvez por isso aquela discussão te aborreceu tanto, ainda mais num momento da vida em que o mundo parecia estar contra você. E quando você mais precisou, eu me juntei aos outros e também me virei contra você. Deve ter sido uma facada nas costas (e é por isso que de tudo que eu fiz durante a crise, independente da reação das pessoas, é só a minha culpa em relação a você o que ainda mais me pesa).


Sim, de vez em quando acompanho a sua vida sim. Sei que se separou e, depois de um tempo solteiro, já está casado de novo (e dessa vez parece muito mais feliz, vamos ser sinceros). Mais um motivo pra eu não forçar uma reaproximação (se é que ainda seja possível) - já basta de viver triângulos amorosos com você. Tá seguindo a sua vida em outros cenários, com novos projetos... Até de visual novo!! Hahahahah... Por isso prefiro deixar as coisas como estão. Mas saiba que hoje estou bem, seguindo corretamente meu tratamento, com muito mais autoestima... Não me sinto mais uma garotinha como antes, me sinto uma mulher de verdade. E desejo pra você que você seja muito feliz, tenha caminhos iluminados, e que Deus e os Orixás abençoem a sua família. E claro: desejo que um dia você seja capaz de me perdoar. Será que o Destino um dia não reencontra a gente?... Nem que fosse apenas pra conversar...


Desculpa demorar tanto pra isso, mas já tava me sufocando. Você é muito importante pra mim. Minhas memórias com você são as mais especiais.


Me perdoa. Eu te amo. Não se esqueça de mim.


Até qualquer dia, no Tempo e Espaço.