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terça-feira, 20 de julho de 2021

Resista!

 Resista, ainda que a Esperança pareça ter batido asas pra longe!


Resista, ainda que tudo ao redor pareça cinza!


Resista, ainda que tudo que se deseje seja o fim!


"Todo fim é um recomeço". Hoje acordei lembrando das muitas coisas erradas que fiz durante o surto, das pessoas que eu magoei, das coisas que fiz contra mim mesma. E eu não devia mais estar presa a esse passado, já que foi um ciclo que se fechou lá atrás. Mas eu não consigo recomeçar. É nesse momento que fico desejando o meu próprio fim. Não aguento mais carregar esse fardo sobre meus ombros doloridos.


Meu corpo dói, minha alma dói, e pra isso parece não haver remédios capazes de fazer sarar. Minha própria existência sangra, e tudo que eu quero é não mais sangrar.


Mas RESISTA! É o que o mundo diz. O pior é que vejo tantas pessoas cheias de sonhos e sorrisos indo embora enquanto eu, um peso morto neste planeta, não sou levada de uma vez.


É, pois é, não acordei nada bem. Pelo menos hoje eu consegui levantar da cama e ajudar a fazer o almoço. Distraiu minha mente e me senti um pouco menos inútil. Mas agora já voltei pra cama revirando pensamentos, me apequenando diante do mundo e sem conseguir gritar o que ao certo estou sentindo. 


Eu só queria o fim. Não sei bem do quê, talvez o fim pro meu próprio recomeço, talvez a morte da semente pra voltar a germinar.


Talvez só meu fim mesmo. Eu estou aqui fazendo o quê?


Mas RESISTA! É apenas o que se espera de alguém em depressão. 


Tudo bem, eu resisto.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

O deus Tempo

 Tempo é o que mais tenho tido nesses últimos 2 anos. Só não tenho tido paz.


Onde está aquela mulher que eu era? Será que todas aquelas manias de perseguição durante o surto a desconstruiu?


Só sei que hoje vivo como uma criança medrosa, dependendo daqueles que eu considerava me adoecer - sim, meus pais. Aliás, muita coisa mudou na minha relação com eles: tudo melhorou consideravelmente, e hoje compartilho afeto com aqueles pelos quais eu vivi uma vida inteira de mágoa profunda. Foi como se eu tivesse que passar por um surto psicótico para que as coisas melhorassem entre nós. Eles tiveram que quase me perder e eu tive que quase perdê-los para que valorizássemos nossa relação. Só que agora me sinto uma criança dependente deles, como nunca fui antes. Logo agora, que mais preciso de asas pra voar.


Às vezes eu queria voltar a ser internada pra ver se me curava desta dependência que me faz não querer sair da cama. Me encarcerar pra me libertar. Voltar a ser quem eu era, não ter que me sentir tremer da cabeça aos pés só de pensar em encarar o mundo sozinha. E quando penso que o tempo está passando, mais me angustia por não ter mais tempo a perder. O que estou fazendo aqui parada, a não ser me encher com os remédios que o psiquiatra me listou? Pra onde esses psicotrópicos vão me levar?


"Não reconheço mais o meu coração, mas não que ele se recusasse a bater..." - ando viciada nesta música. Mesmo que o resto dela já não me represente mais (porque já não sinto mais saudades), só essa frase sim tem me representado. Meu coração bate sim, mas PELO QUÊ? 


Eu só queria saber pelo que meu coração bateria agora. "Onde está o meu coração?".


Eu queria dizer que nunca fez tanto sentido. Mas não tem feito sentido. 


Salve-me, Tempo! Tempo,Tempo, Tempo, Tempo... Salve-me!


Shalom! Axé!