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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Parabéns aos responsáveis!

Se antes já me faltavam condições práticas, concretas, físicas, psicológicas, burocráticas, e mais um monte de coisas pra conseguir seguindo a minha vida adiante como eu sempre vim fazendo por décadas (muitas vezes cuidando até de outras pessoas), agora me falta também a autoconfiança pra pensar em iniciar qualquer coisa nova, já que me elegeram incapaz de conversar honesta e abertamente sobre qualquer assunto, tudo fica sendo jogado nas entrelinhas perturbando o resto de saúde mental que estou tentando recuperar a duras penas. Todo paciente com Transtorno Bipolar precisa de regras de convivência claras, provocar alucinações é mais que adoecedor, isso é TENTATIVA DE HOMICÍDIO. Quando eu penso que estou ficando forte (ao menos com esperança de conseguir criar uma vida com mais qualidade), forças parecem querer me sacudir de lá pra cá, e eu perco de novo a noção de segurança, perdendo o norte (e a energia) de novo. ESPERANÇA, GENTE!!! SABEM O QUE É ISSO??? Eu quero voltar a ter, voltar a acreditar que eu sou muito mais que esse monte de lixo que vocês acham que eu sou - a julgar pela forma que me tratam.

Daí vocês decidem: OU ME APOIAM OU ME MATAM DE VEZ. Porque ficar nesse "chove-não-molha", perturbando minha paz em qualquer horário sem dizer a quê, só pra ter controle sobre a minha vida, EU NÃO AGUENTO MAIS!!!

Isso está me matando. De verdade. E não tem liberdade nenhuma nisso.

(Se eu chegar às "vias de fato" do suicídio - o que eu tenho temido de fato, lutando MUITO pra não me entregar  - ao menos o motivo não terá sido surpresa.)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Teatro dos Vampiros

Eu já perdi e ganhei muita coisa na vida... Mas acho que eu nunca tinha perdido na vida algo tão básico, meu alicerce nos piores momentos de Tempestade: a minha Fé.

De todos os momentos difíceis que passei, das frustrações, das alegrias ela, a Fé sempre estava lá - o que foi decisivo para que eu não caísse em tentação nos 22 anos em que a Depressão Crônica sussurrava ideia suicidas no meu ouvido (e era a todo dia, todo momento). Hoje a Depressão parece estar de volta, e apesar de todo meu histórico médico, dessa vez não parece ser meramente química. Não sei dizer exatamente quando começou, mas sei como, creio eu.

Talvez, em algum momento da vida eu estivesse confiante demais nas minhas capacidades, mas não olhei pras minhas necessidades. Foram várias vezes acreditando muito, superando dores e males físicos porque, afinal, eu sabia enfrentar a vida sozinha, porque a Vida me deu a Negligência e Rejeição de presente desde a tenra infância como excelentes professores. Mas tem uma hora que o desequilíbrio aperta, e você já não confia mais nem em si mesma porque reuniu todas as forças como pode por tantas vezes, investiu seu tempo, dinheiro, sangue, suor e lágrimas... E tudo que consegue ter, em tudo, é frustração. E esse acúmulo de frustrações e de promessas vazias que nunca se cumprem vão virando uma bola de neve e jogam no peito a sensação gelada e vazia de um buraco escavado no peito, como se me tivessem roubado a Alma... Na verdade, chega a ser uma sensação bem física, com outros sintomas que surgiram junto (e que me recordo de terem se iniciado talvez entre abril/maio de 2017).

Já busquei muitas tentativas de explicação a mim mesma, muitas possibilidades de solução, mas nas poucas vezes que pedi ajuda, o que ouvi era que tudo era minha culpa mesmo, que ter vivido todas as perdas que vivi foi culpa minha, e posso até concordar - mas porque essas pessoas resolvem tomar conta de seus Pedestais Julgadores quando se propõe a "ajudar"? Que ajuda é essa que só te abraça se você fizer o que eles querem? Essa ajuda é realmente desinteressada ou está motivada por "marketing religioso" - aquele que só ajuda pra ser visto como "umx bom filhx de D'us".

Não é difícil entender que pouco ou nada se saiba da vida de Jesus antes dos 30 anos: quem se preocuparia em registrar a vida de um cara que abandonava o próprio lar pra abraçar leprosos, assaltantes, prostitutas, pagãos, etc? PIOR: que frequentava seus lares sem pudor, repartindo de pão, peixe e vinho - simplesmente porque Jesus entendia que D'us morava na Alegria... Enfim: Jesus era tudo que os cristãos de hoje odeiam (há uma breve descrição sobre o que pensavam de Jesus em João 21 já naquela época e "santo" não é exatamente uma das definições), a diferença é que ele tinha uma Fé inabalável - que eu também pensei que tinha, mas parece q não era tanto assim...

Sei que busco alguma faísca, talvez nos olhos de alguém, que talvez me faça voltar a acreditar... Porque é muito difícil ter consciência de que se precisa de ajuda, mas não confiar em mais ninguém que possa (até porque já não se confia em si mesma).

Eu agradeço de verdade, mas o que eu preciso agora não é de "aventura" - nem toda Depressão se cura da Depressão em si, mas da investigação de suas causas. O famoso "levanta dessa cama", além de ineficiente chega a ser chato e ter efeito contrário, pois ninguém sabe o que faz a pessoa deitar nela, além de ser extremamente cansativo fingir alegria enquanto por dentro você só queria não estar ali. Eu entendo que cada um tem seu jeito e preferências pra viver - eu só queria, talvez, encontrar um lugar meu, com pessoas que ao menos compreendessem que o que me faz feliz são outras coisas. Eu não preciso me encaixar, eu preciso ser amada sem ilusões estúpidas, preciso de alguém concretamente ao meu lado que se importe em não me deixar cair no chão... Ou ao menos que não tente jogar meu coração barranco abaixo toda vez que tento me aproximar (ou que, sei lá, não tivesse medo do meu pai - é esse o problema???).

(Acho que em meio a tantas crises de Despersonalização e Desrealização, fica ainda mais difícil acertar o passo ou ter fé em algo... Será que devo me render ao retorno dos antipsicóticos?... Ou é essa condição que os Cegos do Castelo esperam de mim?  Fica o "dever de casa" pro FDS.)

Até lá, vamos nos falando...


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Pequenos Feminicídios do dia-a-dia

Esse texto-desabafo meu não é novidade - tanto pelos abusos que são vividos ainda todos os dias por milhares de mulheres ao redor do mundo, quanto pela data em que foi escrito: 11 de abril de 2017, mas o ocorrido mesmo tinha sido 7 anos antes. Eu o tinha publicado via pseudônimo, pelos óbvios medo e vergonha que acompanharam esse fim doentio a um casamento que durou quase 12 anos e rendeu 2 filhas. Mais que isso: ao fim do relato ficam ainda mais óbvias as razões que me estimularam a permanecer calada: o Patriarcado ainda existente de forma tão sólida, o que transforna a vida de mulheres como eu (e não só) um mero objeto de negócios na visão e nas mãos de homens brancos (neste caso, meu pai e meu ex-marido) que ainda hoje parecem mais agir como colonizadores.

Segue então o relato. Aviso desde já que pode provocar gatilhos psicológicos (crises de ansiedade, por exemplo) pois relata um abuso sexual com muito mais detalhes do que eu gostaria. Mas atesto a veracidade dos fatos e talvez hoje eu ainda seja capaz de mais detalhes se eu me esforçar...

"Hoje não vim escrever poesias. Porque se tem um tópico que dói e eu não consigo transformar em algo bonito, são as relações violentas.

Eu mesma nunca apanhei, propriamente. Nunca recebi um tapa, nunca ganhei arranhões ou hematomas. E por muitos anos, achei que eu estava a salvo. Mas vivi uma série de outros abusos, todos citados nas cartilhas disseminadas nas redes sociais, aliás. Inclusive o estupro. Estupro dentro de um relacionamento em que confiei minha vida. Em que eu dormia tranquilamente ao lado do inimigo sem saber de seus planos e do que era capaz.


Quando comecei a perceber que aquela relação não me acrescentava nada de bom, só me adoecia, fiquei reclusa por 1 semana. Afinal não era fácil lidar com o fim de uma relação de mais de 10 anos com uma família formada. E eu ficava insegura quando pensava sobre o que esperava por mim dali em diante, depois de todo esse tempo isolada do mundo, fora do mercado de trabalho, afastada dos amigos... Mesmo assim, pesei prós e contras e decidi acabar com aquilo. Ele dizia que não tinha pra onde ir, e pediu pra permanecer na mesma casa que eu por algumas semanas, até encontrar onde ficar. Passei a dormir no quarto das crianças, e nesse tempo, houve meu aniversário de 30 anos, data importantíssima pra mim.


Ele me viu convidando meus amigos na internet pra comemorarmos na Lapa. Com o discurso de "vamos nos separar com um bom relacionamento, em nome das boas lembranças e das nossas crianças...", ele perguntou, quase humildemente, se seria possível ele ir também. Eu disse que era ok, mas que ele não mantivesse a ilusão de que, mais uma vez, eu cederia e reataria.


E lá fomos nós. Só quem compareceu foram os amigos dele. Fui com grana contada pra tomar uns 2 drinks, que mesmo fraquinhos, seriam o suficiente pra me deixar "alegrinha". Em alguns momentos, eu me incomodava porque ele forçava a barra de ficar abraçando, como demarcasse território, ou achando realmente que se eu estivesse bêbada, poderia me "reconquistar".


Eu tinha batido minha cota, quando outras bebidas chegaram sem que eu pedisse. Ele dizia que tinha pedido por mim, e mesmo que eu argumentasse que eu não tinha grana pra pagá-las, ele dizia que era meu "presente de aniversário". Mal sabia eu que seria o pior presente da minha vida.


Na quinta ou sexta dose, eu estabeleci que eu não beberia nada, mesmo que ele insistisse, independente do que chegasse à mesa ou se alguém pagaria por mim. Recordo apenas de nos levantarmos da mesa e enfrentarmos a fila pro caixa pra pagar a conta, mas daí em diante, só lembro de flashes. Lembro de, na fila, ele ficar segurando minha mão e eu me afastando (mas não muito, senão eu sairia da fila de pagamento e eu fazia questão de pagar minha parte). Lembro dele querendo discutir comigo por ciúmes de d'uns amigos que ele mesmo levou. Depois lembro das pessoas se despedindo de mim e eu simplesmente sem conseguir reagir nem responder. Compreender e balbuciar palavras desconexas já era um grande desafio pra mim.


Depois lembro de flashes d'eu ter sido praticamente carregada até o carro de uma amiga (dele). Eles conversavam animadamente nos bancos da frente, enquanto eu, largada no banco de trás, tentava entender o que tava acontecendo. Já bebi muito mais de bebidas muito mais fortes, eu nunca tinha vivido aquilo! A visão um pouco turva, eu não conseguia entender o que me perguntavam, menos ainda elaborar uma resposta e dá-la.


E os flashes, apenas eles, vão prosseguindo, às vezes fora de ordem. Lembro dele segurando meu braço pr'eu não cair da escada de casa. E que quando botei o pé em casa, logo corri pra cama, porque eu REALMENTE precisava dormir. Eu não tava passando mal, mas... Também não tava bem.


Foi quando ele veio pra cima de mim na cama. Eu insisti que eu só queria dormir, que eu não queria nada com ele. Ele não aceitou e seguiu em frente mesmo assim. Quando percebeu minha resistência (ainda que sem forças e sem coordenação motora), ele se aproveitou por ser grande e, com uma mão segurou meus 2 pulsos, e com a outra arrancou minha roupa. Eu tentava chutá-lo pra longe, me debatia, mas meu corpo não respondia a contento. Daí foi a primeira vez que "apaguei".


Daí em diante só lembro mesmo de pequenos flashes. Em um momento eu achei que ele realmente tinha desistido, pensei que ele também estaria bêbado demais e tinha desistido do que queria fazer. Antes fosse!! Ele só tinha ido ao armário buscar o que parecia ser um saco de plástico preto com algumas coisas dentro. Ele ficou procurando algo dentro desse saco, pareceu ter encontrado, e eu não identifiquei que objeto era. Apenas lembro que era cilíndrico, porque foi introduzido no meu canal vaginal. Meu corpo já não obedecia mais minha ordem de sair correndo dali, ou, no mínimo, gritar, me debater, qualquer coisa. Eu era um cadáver de sangue quente naquela cama, apenas. Nesse momento comecei a compreender de que tudo tinha sido planejado. Me embebedar (antes d'eu me dar conta de que eu na verdade fui dopada) e usar todas aquelas "coisinhas" do saco preto em mim, da forma mais vil, sem o mínimo de consideração pelas "boas lembranças e a boa relação pelas crianças". Naquele momento ele passava de "homem que mais confio no mundo", para o "homem mais nojento do mundo". Traiu minha confiança, dentro de casa, mais uma vez. E no dia seguinte - isso me deu ânsia de vômito - ele fingiu, cinicamente, que nada tinha acontecido, chegando a me colocar dúvidas do pouco que eu lembrava.


Mas o corpo grava sinais, e quando percebi, ordenei que ele se mudasse. Em nome da nossa "boa relação com as crianças". E em nome disso, e por causa da vergonha, eu não denunciei. Eu só tinha tido coragem de contar, quase pedindo uma orientação 3 dias depois, aos meus pais. Mas tudo que ouvi deles foram expressões do senso comum, como "c* de bêbado não tem dono mesmo... Quem mandou beber?" e "ele é seu marido! Ele tem direito, ué!". Mais uma vez, em poucos dias de ter completado 30 anos, pessoas que eu mais confiava no mundo me viraram as costas.


Anos depois, hoje consigo falar que sofri ESTUPRO MARITAL, e que eu sofri várias outras vezes quando eu tomava calmantes pra dormir. Da primeira vez que tive coragem de declarar publicamente, ele ficou irritado, porque era implícito que era ele o criminoso - e a maior preocupação dele sempre foi sua imagem pública. Então, com ajuda dos amigos dele, arrecadou provas do que eu teria dito e fez um B.O. contra mim por calúnia. Dei a sorte de pegar um delegado que parecia experiente nessas situações e que, mesmo sendo um homem desconhecido, conseguiu me amparar naquele momento, como meus pais não conseguiram, no momento em que depus. O processo seguiu pra uma audiência de reconciliação, pra onde fui munida de todas as provas do que eu tinha a dizer, independente do abuso que citássemos. Nem precisou: com certeza ele foi muito bem orientado por seus caros advogados de que ele só ia perder muita grana dando continuidade naquilo, então, antes mesmo que eu pudesse abrir a boca, ele pediu pra anular a acusação. Eu ainda saí daquela sala com a "ameaça" da juíza de que se eu repetisse aquilo, eu seria reincidente. Eu nem pensei em nada, eu só queria sair correndo daquela sala só pra não olhar pra cara daquele agressor, ou mesmo ser, mais uma vez, assediada por ele, mesmo ele já estando casado novamente - praticamente desde que nos separamos, aliás.


Vocês acham que o Feminismo é mesmo composto por MIMIMI, não é? Vocês, que assim o dizem, não aguentariam 24 horas na pele de uma mulher. Nem em culturas ainda muito castradoras e misóginas, nem na nossa sociedade "livre e pós-moderna". Os últimos casos que têm pipocado na mídia só reafirmam que nós, mulheres, não vamos mais segurar caladas. Vocês, homens, podem até conseguir nos vencer na força, mas com certeza vão ter que nos ouvir GRITAR!!


Qualquer pequeno abuso que se tenha percebido, dê um corte. Não aceite desculpas. Não deixe passar. Tudo começa com um abuso "só de leve", e a gente vai relevando, e os abusos chegam a essa situação que contei por hoje.


Acolham-se, moças!! Acolham-se!! Só a União pode nos proteger.


ESTUPRO NÃO É SEXO! ESTUPRO É DOMINAÇÃO DE OUTRO SER HUMANO."

domingo, 6 de janeiro de 2019

"Obrigado não"

Certa vez citei, aqui mesmo neste blog, que a "fórmula mágica de D'us" seria a , e que está seria composta de Amor+Vontade.

Amor não falta, eu sei. Mas já a Vontade...

E por que será?

Porque quando a gente já acreditou em mil mudanças e nada muda, as coisas continuam sempre as mesmas, mesmo que a gente tenha bancado a idiota várias vezes, se entregado com a ingenuidade de uma criança... Enfim.

Só sei que eu já to de saco cheio de jogos, gincanas, indiretas, essa cambada de gente, entre bons e péssimos atores, que fica me observando e jogando palavras como se eu devesse fingir que eu não to escutando...

Sei lá do que se trata, sei lá se vale alguma coisa ou não, eu só sei que o saco de cheio já estourou. Se do meu silêncio depende qualquer promessa de ganho, eu quero (com o perdão do termo a quem acompanha o blog há mais tempo) mais é que SE FODA. Eu sempre trabalhei pra conseguir as minhas coisas, tenho plena consciência das minhas dificuldades, só eu sei o porque d'eu ter chegado até aqui, dos meus obstáculos, das feras que enfrentei e venci... Nunca tive medo de trabalho, mesmo tendo as minhas limitações. Não vou  mais ficar me fazendo de maluca pela possibilidade de ganhar algo (aliás, se antes eu o fazia, era porque fui levada a temer pela segurança de outres envolvides ou mesmo a acreditar que eu os estava auxiliando ou auxiliando esta relação de alguma forma - RELAÇÃO??? Mds, que relação se a pessoa nem fala comigo?...).

Enfim, fica aqui a minha declaração de que eu to fora desse negócio porque eu não assinei contrato nenhum pra ter que arcar com as responsabilidades de algo que eu nunca aceitei - em outras palavras: se tem uma coisa que eu não sou é OBRIGADA - aliás, sequer sei com quem estou lidando: será mesmo quem eu penso? Quem estará por trás de cada batalha? Estaria eu lutando pelas pessoas e causas certas?... Difícil permanecer sem saber.

Uma boa vida a todes, porque eu to indo viver a minha!

Au revoir!

Ao meu lado quem queira. Contra mim, quem possa.

Axé-Shalom!