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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Quero saber bem mais que os meus tantos, tantos anos

Aos 20 e poucos anos, eu achava que eu sabia o que queria.

Aos 30 e poucos, descobri que eu queria outras coisas e achava que já sabia tudo.

Mas agora, aos 40 e poucos, tenho a nítida impressão de que, quanto mais eu sei, mais ainda falta eu aprender...


Esse natal, como o último, foi intimista e agradabilíssimo: só eu, meus pais (e minha mãe dorme cedo) e meus filhos. Também como no ano passado, começamos a almoçar no dia 24 e o pecado da gula se estendeu até o almoço do dia 25 (com a graça de Oxóssi, tivemos mesa farta! 🙌🏽). Dormimos pouco porque nos divertimos até quando deu, mas também porque a vizinhança não deu descanso até o sol raiar... Mas nada disso tirou nosso ânimo pra curtir o dia 25 (apesar do cansaço da caçula, que já ia trabalhar dia seguinte e ainda tava preocupada com o horário de dar remédio pra gata nova - a responsabilidade da Virginiana, rs). 


Depois que a caçula foi pra casa, a "lombra" do almoço bateu em todos e, enquanto meu pai foi deitar um pouco no quarto, ficamos meu filho e eu na sala, ouvindo música na Smartv e conversando. Eu ainda me impressiono como nossas conversas sempre fluem, como se realmente nos conhecêssemos de outras existências, sem falsos pudores, mesmo eu tendo parido e trocado as fraldas daquela pessoa ali na minha frente - sempre foi tudo de igual pra igual, em via de mão dupla.


Conversamos sobre tudo, inclusive sobre nossos relacionamentos - e o relacionamento sério mais longo que tive na vida foi, infelizmente, com o pai dele. Mas eu nunca, mesmo durante os assédios que sofri por anos após pedir a separação, pensei em ficar tentando convencer meus filhos sobre a personalidade do pai - até porque eles eram simplesmente crianças, não tinham obrigação de entender e nem de tomar partido numa guerra que não os cabia. Eu sabia, confiava, que na hora certa, eles iam entender tudo por si. E conversando agora com meu filho mais velho, que está com 22, quase 23 anos, percebi que foi a melhor coisa que eu fiz: não errei em confiar na inteligência deles. E sabe o que é melhor??? Já não há mais amargura da minha parte então, a cada observação que meu filho fazia sobre o pai, nós ríamos juntos! Afinal, em 2024 fará 25 anos que o conheci e ele não mudou nada, mas eu mudei muito: tomei muito "puxão de orelha" de exus, pombagiras, malandros e pretos-velhos nesse período, mas eu finalmente aprendi a levar a vida.


Meu filho também mostrou sua nova certidão oficializando seu nome social - o que foi ótimo pra "esfregar" na cara do meu pai que se faz de "muito informado" mas sismou que nunca tinha ouvido falar sobre isso - o que prova que ele realmente deixa a TV ligada à toa e só presta atenção ao que lhe convém (outro dia cortei um dobrado pra explicar a ele, pela enésima vez, a diferença entre "esquerda X direita" e "situação X oposição", mas isso é outra novela). Aproveitei e conversei ainda mais com meu filho sobre a complexidade da não-binariedade - porque a transexualidade binária já é complexa mas é abordada e discutida há décadas, mas o ser humano construiu a binariedade há milênios (bem e mal, luz e escuridão, sim e não, feminino e masculino e etc) e é até uma questão que a própria Kabbalah questiona (afinal, se Deus é UMA SÓ FORÇA criadora de tudo no Universo, então a ideia de que haveria uma força oposta a Deus seria logicamente irreal). 


- Eu fico pensando: se já é complicado, ainda nos dias de hoje, uma pessoa trans binária se olhar no espelho e entender "por que não me encaixo nesse corpo?" (mesmo com tantos ícones que já são exemplos), fico tentando imaginar a bagunça que não deve ser a cabeça da pessoa não-binária pra tentar se descobrir nessa sociedade que tenta nos formatar em caixinhas...


E deixei meu filho falar. Ele contou todo o processo que passou até chegar à conclusão de sua não-binariedade, dos processos que passou na passagem pelas 2 psicólogas que lhe atenderam, até da suspeita de ter TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade), o que depois ele mesmo descartou. Foram anos de terapia pra finalmente se encontrar em alguns documentários do YouTube e dar seu próprio veredito e se libertar: "É ISSO QUE SOU E É ASSIM QUE QUERO SER CHAMADO". Isso exige muita coragem e, toda vez que vejo o quanto ele é respeitado no trabalho (ao qual se dedica desde criança), me dá UM ORGULHO DUKRLH (ainda mais ao perceber que o preconceito não tem se sobreposto ao talento dele no mundo da dublagem)!! 


Confesso que pra mim, no começo, não foi fácil - primeiro questionei: "você tem certeza mesmo? Não tá só confusa(o)?...". Depois aceitei e busquei aprender - o pior mesmo, no começo, foi acertar o novo nome e os pronomes (afinal, desde o ultrassom na minha barriga eu conhecia aquela pessoinha por outro nome e gênero). Hoje, quando meus pais conversam sobre ele com o nome antigo (que era igual ao da minha mãe), eu já fico perdida e tenho que explicar a eles que eu já não associo aquele nome ao meu filho. E minha mãe ainda pergunta: "como é que vc aceita um 'absurdo' desse???", e isso me faz pensar que tipo de mãe ela é, sabe?


Porque a verdade é que, PRA MIM, ser mãe é ter o coração literalmente batendo fora do peito - e como não amar um pedaço de si mesma? - e eu amo e me orgulho tanto de meu filho Luke como de minha caçula Sofia com tanta intensidade que não sei nem expressar, e sou capaz de ir contra qualquer pessoa que tentar qualquer coisa contra eles, e sinto que minha missão é apoiá-los naquilo que eles decidirem na vida (afinal, já são maiores de idade), porém, tentando contribuir com os conselhos inspirados em minha experiência de vida.


Enfim, chegou a hora de meu filho ir. Nos despedimos, agradeci mais uma vez pelo presente maravilhoso (um jogo de panelas que já me fez planejar mil receitas! Hahahahah), mas acima de tudo, pela presença: "não some não que eu sinto saudade..." - eu disse mesmo sabendo que ele é o Pisciano mais ascendente e Lua em Capricórnio que conheço. Mas fui sincera.


E assim foi meu natal, tomando cerveja com meu filho, falando da vida (até de coisas que não cabem aqui), aos 43 anos recém-completos e ainda aprendendo com a experiência de vida de um jovem de 20 e poucos anos - que, ao contrário de mim, sabe muito bem o que quer.


Que presente ter filhos assim...


Axé-Shalom-Amém!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Novo Tempo 2

Aniversário, natal, ano novo... Sempre vivi essas datas "agarradinhas" e pra mim, quase são partes de uma coisa só. 

Pra muitos, é o tempo de novas promessas, sempre vejo muitos fazendo listas de metas para o ano que vai começar (e depois reclamando que não cumpriram nada), mas como eu nunca confiei em mim mesma, nunca na vida havia me debruçado nessa tarefa - até que esse ano resolvi fazer.

E acho que foi aí que entendi o porquê de nunca ter feito lista de metas pro ano novo antes: eu não consigo me limitar a ciclos. Quando aquela vontade, aquele furor de fazer algo se acende em mim, eu simplesmente não consigo esperar que determinada data chegue como se fosse transformar minha vida. Claro que isso não impede que eu faça minhas "mandinguinhas" de virada de ano, como boa "macumbeira" que sou, mas mal insiro um projeto na minha lista de metas, já me dá um comichão tipo "ué? Por que esperar virar o ano se posso iniciar agora??" (e nisso já iniciei 3 ou 4 ideias que podiam esperar essa loucura de festas de fim de ano passar...).

Uma das metas era tentar me abrir à ressocialização. Ultimamente andei perdendo tanta fé na humanidade (o que inclui em mim mesma) que acabei me isolando demais - não dá pra conversar sobre memes com meus pais e mal consigo espaço na agenda dos filhos que estão trabalhando, viajando, namorando, curtindo a vida, enfim (é a parte que não contam sobre ter filhos adultos). Então tomei coragem e pensei "por que não voltar ao aplicativo de relacionamentos?...". Mas sem compromisso de encontrar um par romântico, só uma tentativa de encontrar gente bacana pra conversar, passar o tempo, sei lá. (Claro, se as coisas se desenvolvessem, por quê não? Mas não era o foco.). Pois bem, instalei o app, montei o meu perfil despretensioso e... Não deu 24 horas pra eu lembrar do porquê d'eu ter desinstalado 1 ano atrás. Fiquei um tempo refletindo se o problema era realmente eu, se eu não estava sendo ranzinza como meu pai Obaluaê me fez, mas puxei conversa, fiz piadas, etc e tals... Mas a verdade é que as pessoas já não se importam em se relacionar, só usam o aplicativo como menu de cópula e sequer fazem esforço pra demonstrar merecer a oportunidade disso. AFF, que cansativo... Mas, enfim: minha meta de me abrir mais às pessoas já foi iniciada, já estou abrindo meu peito a novos afetos e daqui em diante é desenvolver - com a sabedoria que a experiência de vida me deu.

Da lista já iniciei também outros planos - que não vou anunciar aqui até se concretizarem - mas a conclusão que tiro é que eu não preciso de uma data especial pra começar a mudar de vida: quando eu vejo, meu coração já tá lá, empenhado em realizar, seja qual for a época do ano, seja qual for a idade: todo tempo é tempo, toda hora é hora!


Se não nos vermos até lá, feliz natal!

Axé-Shalom-Amém!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

"Novo Tempo" - Ivan Lins

"No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos crescidos
Estamos atentos
Estamos mais vivos
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
Da força mais bruta
Da noite que assusta
Estamos na luta
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
De toda fadiga
De toda injustiça
Estamos na briga
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
De todos os pecados
De todos enganos
Estamos marcados
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos em cena
Estamos na rua
Quebrando as algemas
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
A gente se encontra
Cantando na praça
Fazendo pirraça
Pra sobreviver, ah
Pra sobreviver
Pra sobreviver"

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

A Cartomante

Eu estava em minha antiga casa e de repente o céu escureceu, uma tempestade se armou, e eu não lembro o porquê mas eu sabia que tinha que fugir pra longe dali. Eu só sentia muito medo, sem saber onde me abrigar. Parecia que aquela tempestade me seguia por onde eu ia... Até que percebi uma ou outra telha se desprender de casas vizinhas e o desespero tomou conta de mim: segui meu instinto de sobrevivência e me escondi debaixo de uma cama que se encontrava ali na rua mesmo, e dali observava o caos se espalhar pelo bairro, rezando para que não me encontrasse ali. 

E foram realmente alguns momentos de pavor, e quando tudo foi passando e eu me tranquilizava, passei a prestar mais atenção às coisas à minha volta: havia muito lixo trazido pela ventania, coisas apodrecidas... Até que encontrei algo que me chamou atenção: um boneco de plástico que tinha uma abertura atrás. Eu sabia que aquilo não era nada bom, mas fiz questão de ir a fundo: na abertura feita atrás do boneco, havia vários elementos amarrados, e o que me chamou atenção foi ter também um nome de alguém escrito ali. Me parecia magia feita, e até pensei em perguntar a alguém se conhecia aquilo, mas simplesmente desisti de fazê-lo; apenas me empenhei a esvaziar o boneco e destruir o amarrado que encontrei, rasgando, inclusive, o papel que tinha o nome escrito (sei que não é o procedimento correto pra desfazer qualquer tipo de magia, mas foi o que meu coração mandou fazer).

Eu tenho há tempos contato de bons cartomantes, mas eu queria companhia pra talvez ter mais coragem (jogar pra mim mesma, ainda mais impressionada, é sempre bem difícil na hora de interpretar). Eu também queria encontrar alguém que lesse Baralho Cigano pra mim, que ainda não domino tal qual o Tarot de Marselha, e quem sabe assim, até aprender um pouco mais. Ele tinha suas angústias também, então sugeri: "por que não vamos juntos?". Ele não acreditava e nem duvidava, talvez por um certo medo da mãe, que era religiosa. "Ora, mas quem precisa saber?". A consulta era presencial e foi toda programada pra que eu pegasse um voo que eu tinha marcado naquela data. Por isso, deixei ele ir na frente (afinal, ele mesmo dizia que o caso dele seria rápido).

Só que não foi. Esperei por um bom tempo do lado de fora, mas de repente me vi na saleta da consulta: era um local bem claro, paredes brancas, nenhum tipo de decoração. Ele estava debruçado na mesa de cabeça baixa, consternado: "mas por que eu não consigo?... Por quê???". Em cima da mesa, uma tiragem de 9 cartas, a cartomante ia explicando e mostrando cada carta, com a paciência de uma mãe:

- Você pode tentar fugir, mas é inútil! Tá vendo essa carta das Estrelas? Quer dizer que é uma união espiritual. Você a ama, e muito! É como se vocês fossem um só. Mas não há que se preocupar com isso... Aqui vejo que você tem medo, que algo foi quebrado, mas que você pode confiar - tá vendo essa carta do Buquê? O problema é que você encontrou nela alguém que exerce tanto poder sobre as pessoas quanto você e isso te deixou inseguro... Tá vendo essa carta das Nuvens? Nesta posição ela indica a sua confusão...

E quando me dei conta, eu tava ali, lendo toda a tiragem, entendendo como se eu realmente soubesse ler BC. As cartas brilhavam pra mim, a cartomante explicava cada uma mas era como se eu já soubesse... E tudo que eu queria era apressar minha consulta, afinal eu ainda estava com medo de me terem feito magia e já tava dando a minha hora de ir pro aeroporto e sequer ia poder me despedir dele... Só que eu estava TOTALMENTE INVISÍVEL. Ninguém me percebeu na saleta... Foi quando me percebi "sobrevoando" a cena, como se eu flutuasse, mas tudo enfim estava fazendo sentido. Quando me dei conta, eu já estava no aeroporto, caminhando satisfeita ao avião, numa videochamada com minha mãe: "ó, não deu pra me despedir, mas quando eu chegar lá, eu ligo! Pode falar pra ele que eu ligo...".


Acordei. Fui fazer café ouvindo um desses aplicativos de vídeos curtos. Não sei porque, ultimamente o algoritmo tem me enviado vídeos de um filósofo que fala sobre Ética nos Relacionamentos - acho até que algumas coisas que ele fala fazem muito sentido, mas no geral, só o acho meio canalha mesmo. No entanto, hoje caiu pra mim um vídeo que quase passei (mas eu estava com as mãos ocupadas com o coador de café) e no final, me fez refletir: o que não é esse tal de Amor Romântico senão a ideia que nós criamos de uma outra pessoa? E se, desde o começo, a enxergássemos como ela realmente é? E se nós também nos permitissemos ser quem realmente somos? Quantos relacionamentos tóxicos e dependentes não evitaríamos? 

Eu só queria dizer: pronto! É isso aqui o que sou. Uma artista intelectualóide que acredita em Orixás, Big Bang, e "casos do acaso bem marcados em cartas de Tarot". E que ainda olha pro céu, como aquela garotinha que nunca deixou de ser, esperando que desça finalmente a nave de seu planeta na Terra pra vir lhe buscar de volta com aquele que lhe fôra predestinado.


Axé-Shalom-Amém!

sábado, 2 de dezembro de 2023

Intolerância Alimentar

Eu já andava sentindo um mal estar crescente, num tempo que eu já nem sabia precisar ao certo - eram sintomas crescentes que já estavam me levando a me sentir como que apodrecendo de dentro pra fora, um sono fora do comum. "Bem", pensei, "pela minha idade, podem ser sinais de menopausa, né? Já está chegando a hora..." e a ideia até dava um certo alívio pois já estou satisfeita com meus dois filhos maiores de idade. Mas o desconforto e o desânimo eram grandes demais, achei que era o melhor momento de marcar um check-up (coisa que não fazia havia anos) e marcar com o ginecologista pra pedir conselhos sobre os desconfortos.

Os exames do check-up ficaram prontos e a data marcada com o clínico geral foram bem anteriores à data marcada com o ginecologista, e lá fui eu levar os resultados pro clínico bem tranquila, já que tudo parecia tinindo (ao menos comparado aos valores de referência). Tirando uma leve leucopenia (queda de glóbulos brancos, provavelmente influenciados pela medicação que tomo), os residentes que me atenderam na UBS também se mostraram satisfeitos com os resultados e, enquanto registravam detalhes no meu prontuário eletrônico, mediam pressão arterial, essas coisas, iam conversando comigo e insistiram, não sei porquê, em saber como eu estava me sentindo.

Respondi: "estou bem, estou bem... Tirando umas coisas chatinhas... Mas acho que já deve ser menopausa", e ri. 

- "Coisas chatas"? Tipo o quê, exatamente?

- Nada demais, - minimizei - só uma péssima digestão... Eu sempre comi bem e agora tô com "nojinho" de certas comidas. Mas já tô com consulta marcada com o ginecologista pra tentar entender melhor isso...

Eram 3 os residentes que estavam ali, me atendendo. E talvez pela curiosidade de estudantes, começaram a pedir que eu me aprofundasse nos meus sintomas. Mas aí é que tá: eu não sabia explicar direito, eu só sabia minimizar. Então eles mesmos começaram a me bombardear com perguntas sobre como eu me sentia (com detalhes) ao comer, o funcionamento do meu intestino, quais alimentos estavam me inspirando nojo, e foram me bombardeado com várias perguntas (afinal, eles eram 3; eu, uma só), só que a cada pergunta, eu tinha a sensação de que eles estavam lendo algo em mim que eu, obviamente, não tava enxergando. "A Sra. sente enjoos? Vômitos?", "sente tonturas?", "sensação de desmaio?", "crises de ansiedade?" (essas que eu já não tinha havia anos)... Até das palpitações perguntaram!! E eu só embasbacada, respondendo: "sim... Sim... Nossa, SIM!!". Eu só não sentia os famosos "calores" da menopausa... Devem ter sido uns 25 minutos de"entrevista", então sugeriram apalpar meu abdômen e sentiram alguma alteração no meu fígado. Fiquei um pouco apreensiva. Então, depois de tudo registrado no prontuário, foram chamar o médico chefe do plantão pra dar o veredito. 

Os jovens residentes passaram todos os meus detalhes ao médico-chefe e não tive tempo nem de pensar em nada: ao ouvir todos os meus sintomas, o médico foi categórico: "olha, isso obviamente são sintomas de intolerância alimentar. Só não dá pra saber a quê exatamente, mas provavelmente tem ligação aos alimentos que a têm deixado enjoada...". Na hora me lembrei que uns 15 anos atrás, eu tinha sido diagnosticada com INTOLERÂNCIA À LACTOSE, cheguei a fazer dieta por vários anos, mas certo dia resolvi comer um prato de estrogonofe e, como não senti nada, não achei nada demais matar a vontade de vez em quando... O problema foi que, com o passar dos anos, sem mais sintomas, comecei a achar que aquele diagnóstico era um exagero e quem começou a cometer exageros fui eu, me enchendo de todo tipo de laticínio possível - até o dia que meu filho mais velho me deu meio pote de Whey Protein e eu simplesmente vomitava logo após tomar. Mesmo com as evidências, continuei ignorando e agora... Eu tava daquele jeito.

O médico encaminhou para exames pra descartar problemas no fígado - eles demoram, mas pelo menos o ultrassom do abdômen já fiz e tá tudo bem. Agora faltam os exames de sangue que estão marcados, mas é pelo SUS e, por mais que eu seja uma entusiasta, sou realista: tudo demora.

Já sabendo do problema com a lactose, saí do consultório decidida a modificar minha alimentação. No entanto, eu ainda não melhorava (eu sei que o organismo demora a desintoxicar). Pensei: "será que também pode ter a ver com glúten? Porque também tenho uns sintomas que saem um pouco dessa curva...". E VOU CONFESSAR A VOCÊS, MEUS AMIGOS: retirar o glúten da dieta é muito mais difícil, porque parece que tem glúten em TUDO no planeta!! Tive que abrir mão não só do meu pãozinho francês, mas também de mortadela (que eu amo), salsicha, presunto, macarrão... Bem, algumas dessas coisas eu já peguei nojo mesmo, é incrível como o organismo rejeita... E tem uns temperos "inocentes" que quando a gente vai ver, tem glúten. O pior é que descobri da pior maneira possível: foi só botar na comida que começou a me dar um comichão pelo corpo todo, dores nas articulações, vermelhidão e inchaço em pés e mãos. Um dia, depois de uns dias de dieta, minha mãe fez empadão de carne moída (temperada com um caldo de bacon que é uma delícia - tradição de domingo) - tudo ainda era recente, lá veio Satanás me atentar e pensei "ah, só hoje... Volto pra dieta amanhã...". Pois até que fui comedida e não exagerei, mas a coceira e as dores na coxa foram imediatas; fui deitar pra descansar e comecei a sentir palpitações, minha pressão baixou; logo em seguida fui ao banheiro, e tomei um susto ao olhar no espelho: meu colo estava todo vermelho. Fui mostrar pra minha mãe pra confirmar que eu não tava doida, notei outro fato curioso: apenas uma das minhas mãos estava inchada, a outra continuava magrela como sempre. Bem, ainda tentei comer outras coisas com lactose e/ou glúten de lá pra cá, sei lá, só pra provar pra mim mesma que tô doida, até porque, não vou mentir: ter a alimentação tão limitada é oneroso e muito trabalhoso (eu tenho feito tudo em casa pra minha alimentação sair mais barata, mas mesmo assim, não é fácil). Às vezes eu tô morrendo de fome e só queria um lanchinho fácil, e só de pensar que tenho que ir pra cozinha fazer "mágica " até me tira o entusiasmo que tenho em cozinhar... (Sem falar das ciumeiras que tenho que enfrentar só porque tenho que fazer minha comida separada do resto da família, enfim...)

E não é só lactose e glúten que tô evitando: também tô evitando muito açúcar, alimentos com muito corantes e conservantes, até o café reduzi drasticamente pra evitar mal estar, mesmo tomando o omeprazol receitado pelo médico. Tô fugindo de endoscopia como diabo da cruz... Não tá sendo nada fácil, amigos, apesar de algumas melhoras (minha menstruação voltou ao normal e não tenho mais queda de cabelo, pelo menos)... Mas nada fácil... 

Mas eu sou forte. E como diz o Salmo 11, "o Senhor prova o justo (...) e ama a Justiça". Não foi o que Ele fez com Jó? E quem sou eu pra ter mais regalias?... Deus nunca nos dá fardos mais pesados que aqueles que podemos carregar.

Saúde a todos nós!

Axé-Shalom-Amém!


(Atualizações: mesmo com toda a dieta em dia, voltei a ter alguns sintomas, principalmente dores nas articulações, dor no estômago, enjoo e fadiga. Aliás, passei a ter até outros sintomas que não tinha antes - pelo menos, não tinha reparado, tipo alterações dermatológicas que não sei que nome dar. Também tenho tido muitas espinhas no rosto, coisa que nunca tive. Acho que há alguma outra coisa que tá me fazendo mal e eu não tô reparando - será ovo? De qualquer forma decidi me dar, ao menos essa semana, um "refresco" e me liberar o pãozinho pra ver como vai ser, depois voltar a retirar e continuar observando.)

sábado, 25 de novembro de 2023

Piloto - Flora Matos

"Meu amor
Se eu te perder é pra ter que encontrar
Quem sabe eu te encontre lá em Salvador
No carnaval quando você for lá 
Se for pra ser, acho que demorou 
Minha nave voa por tanto lugar 
Seu coração é o meu aeroporto 
Pra viajar tem que passar por lá 
Pra pilotar só sendo meu piloto 

Caprichoso, cuidadoso e amoroso 
Um bom moço, estudioso, atencioso 
Corajoso, companheiro, verdadeiro 
Um escudeiro, sem receio 
Se precisar, perigoso 

Faz o almoço, serve a mesa 
Beija o meu corpo todo, traz cerveja 
Depois me beija de novo, lava a louça 
Apaga e ascende o meu fogo 
Jogando o meu jogo 

Se eu te perder é pra ter que encontrar 
Quem sabe eu te encontre lá em Salvador 
No carnaval quando você for lá 
Se for pra ser, acho que demorou 
Minha nave voa por tanto lugar 
Seu coração é o meu aeroporto 
Pra viajar tem que passar por lá 
Pra pilotar só sendo meu piloto"

terça-feira, 7 de novembro de 2023

De Volta ao Caminho

Nas últimas semanas andei tendo 2 sonhos curiosos com Sílvio Santos (pois é, também não entendi nada). No primeiro deles, eu estava toda apressada, me preparando pra me casar, ele então me chamou num dos quartos da casa da minha avó (onde eu estava me preparando) e começou a me dar muitos conselhos, e olhou bem dentro dos meus olhos, apontando pra mim com a mão na qual brincava com uma espécie de japamala, e não parava de repetir: "você precisa seguir o caminho de Salomão... Não abandone o caminho de Salomão... Não se esqueça do caminho de Salomão..." até eu acordar.


Passei o dia pensativa, até porque parecia um sonho muito real. Fui então buscar na internet mais informações sobre Salomão - talvez fosse a solução pras diversas questões que me propus a resolver na minha vida. Primeiro, encontrei um livro de Saramago chamado "O caminho de Salomão ", mas pela sinopse que li, não vi muito sentido. Depois de muita busca sem sucesso, deixei isso um pouco de lado - foi quando meu cérebro deu um "clique" e lembrei de 2011, quando eu conversava madrugada a dentro pelo falecido MSN com um carinha sobre as coisas que acreditávamos - eu o apresentei a Kabbalah e ele me apresentou livros de magia, inclusive tava fascinado por sua última aquisição: um livro chamado "A clavícula de Salomão" (que reúne vários conhecimentos da cultura judaica - inclusive kabbalística - que Salomão teria usado pra se tornar o rei poderoso que se tornou). Fui pesquisar o livro na internet e, infelizmente, ainda continua bem caro... Mas provavelmente eu não precisaria ir tão longe: tenho alguns livros sobre Kabbalah (inclusive com anotações que fiz durante minha internação em hospitais psiquiátricos - era o que fazia companhia e não deixava eu enlouquecer de vez) que eu  me dei conta de que precisava me reconectar antes de me envolver em qualquer outra coisa maior.


Só que eu fui deixando o tempo passar e fui deixando pra lá. Advinhem o que aconteceu? O "próprio" Sílvio Santos (ou Senor Abravanel) veio de novo através de sonho pra me recordar de que eu não podia abandonar o caminho (pois é, costumo ser muito bem cotada no mundo onírico...). Fui então reunir meus livros com esse tema e, não vou mentir: as tentações do mundo cibernético muitas vezes me dominam... Até que caí num site falando sobre Kabbalah e entendi o recado: mãos à obra e livros nas mãos!


Não há nenhuma novidade nesses livros, eu já os tenho há mais de 1 década, os li diversas vezes, e até já fiz minhas próprias anotações, como comentei (aliás, anotações deveras lúcidas pra alguém que estava internada em hospícios). Mas algo me deixou, não surpresa, mas de certa forma, tocada: muito dos princípios da prática da Kabbalah no dia a dia condizem muito com minha linha de pensamento pela qual percorri no último texto deste blog: desde a decisão de me esforçar em deixar de ser reativa (por essas e outras, com certeza, os resultados evoluem cada vez melhores), a prática do não-julgamento e me retirar do local de vítima, assumindo minha responsabilidade até mesmo nas vezes que me decepcionei. Claro que não sou um ser perfeito e continuarei não só estudando nos livros que já tenho aqui (até porque, a cada vez que lemos um livro, somos uma pessoa diferente), mas também em sites novos que descobri - isso até poder juntar dinheiro suficiente pra poder comprar "A clavícula de Salomão", mesmo sabendo que o conhecimento que já tenho em mãos já é suficiente pra mudar minha vida como já mudou de forma determinante, anos atrás.


"Ama o próximo como a ti mesmo. Todo o resto é comentário. Agora Vai e Estuda." (Yehuda Berg)


Que Elohim me ajude...

Axé-Shalom-Amen!


(P.S.: Vocês conhecem a história de Don Yitzchak ben Yehuda, antepassado português de Sílvio Santos?...)



quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Eclipse Lunar em Touro - O Julgamento

Nesta necessidade de me curar das feridas que têm me impedido de voltar a amar plenamente, tenho mergulhado nas minhas anotações feitas baseadas nas sessões de terapia e artigos sobre psicologia, filosofia e outras formas de autoconhecimento - o que acaba gerando ainda mais anotações de novos insights que tenho tido.


É fato que a primeira forma que todos nós vivenciamos o amor na vida é através de nossa família - e como já citei aqui, um dos maiores problemas que tive desde criança foi a relação com minha mãe. Olhando pra trás, todos os atalhos que busquei pra tomar distância física dela falharam, e cá estou eu, depois de idas e vindas, de volta ao lar dos meus pais. Eu sempre costumo agregar um olhar espiritualista a tudo, a partir daí, desisti de me revoltar com o fato e comecei a tentar compreendê-lo para, de fato, conseguir fechar esse ciclo rumo a um novo nível de amadurecimento. E para isso, passei a observar o comportamento dos meus pais de forma mais "clínica", sem me deixar envolver com as crises diárias que surgem. Foi aí que comecei a reparar nos traços narcísicos da minha mãe e aprendi a lidar de uma forma muito mais inteligente com eles - ao invés de me deixar aborrecer com as provocações, por exemplo, simplesmente deixei de dar atenção. Deixei também de conversar sobre coisas da minha vida porque, eu sei, uma hora ou outra essas mesmas coisas seriam distorcidas para me magoar ou atingir minha autoestima. Os resultados logo surtiram efeito mas não me iludi de cara, até porque eu mesma não sabia até onde eu conseguiria seguir com a dinâmica, mas eu acho que eu já estava tão cansada e passei a ter uma paz e uma sensação de respeito tão substanciais que, pra minha própria surpresa, estou conseguindo manter uma boa relação familiar (não só entre minha mãe e eu, mas também minha com meu pai e meus pais entre si). 


A relação da minha mãe com o Transtorno de Personalidade Narcisista não é uma tentativa minha de diagnosticá-la (até porque eu nem tenho esse respaldo), mas justamente o de compreendê-la e, consequentemente, compreender a mim mesma (já que entendi que começou na minha relação com minha mãe a minha sensação de "não ser digna de ser amada", retornando a um dos questionários que a psicóloga me aplicou). Eu também cansei de julgá-la: certamente minha mãe deu o que podia, dentro do que ela tem por dentro. E NÃO É DISSO QUE AS RELAÇÕES SÃO FEITAS? As pessoas dão o que conseguem, não é? E foi provavelmente isso também o que recebi de pessoas que me decepcionaram, e simplesmente decidi voltar a dar às pessoas o melhor que eu posso dar. SEM JULGAMENTOS. Assim como sofri com todo tipo de julgamento a vida inteira, quem sou eu pra julgar outrem? Claro que eu também recebi o que eu permiti que me entregassem: mais um motivo pra eu não julgar - e nem a mim mesma, porque aquela que eu era não é a mesma pessoa que sou hoje.


A verdade é que tem que haver muito Autoconhecimento e Coragem pra saber amar alguém conhecendo tanto seu Lado Luz quanto seu Lado Sombra, reconhecendo que também temos ambos - o que é extremamente importante pra não nos deixarmos nos colocar no lugar de vítimas. Porque fácil é "amar" alguém sob uma ótica totalmente romantizada - o verdadeiro Amor na verdade sobrevive ao desafio de conhecer o lado humano de outro ser humano, com todas as suas imperfeições, "derrapadas" e sem máscaras.


E se é dessa forma que quero ser amada, de que outra maneira devo amar, não é?... SEM JULGAMENTOS.


Axé-Shalom-Amém!


P.S.: Eu estava quase desistindo da ideia de cursar Psicologia, porque, afinal, "como eu conseguiria lidar com os problemas dos outros sendo eu tão problemática?". Mas diante de tantas leituras e resultados práticos nas últimas semanas, tenho percebido que eu mesma estava me julgando duramente... 

domingo, 22 de outubro de 2023

Teu Peito é Minha Gaiola, Minha Mente é Tua Prisão

Loucura que consome:
Tarja preta já não apaga os barulhos do seu nome
Que ecoam na cabeça até enquanto tô dormindo
Eu só queria estar mentindo
Mas tô sempre aqui de novo remoendo essa "fome"
Será crise dos 7 anos?
O tempo voou desde meu surto desumano...
Mas onde moram agora aqueles nossos velhos planos?
Existiram de verdade ou tudo não passou de engano?
E por que ultimamente ando me perguntando tanto
se faz tanto tempo?
Eu não entendo:
Por que 'cê sempre volta quando já tô esquecendo?
Aparecendo em sonhos, dizendo o que estou querendo...
Ressurgindo com memórias dos nossos melhores tempos
Eu já tinha aceitado ser deixada ao relento,
Então você me aquece em simples noite de setembro
Deixando sua aura enquanto estava amanhecendo.
Foi apenas um abraço,
Apenas a confissão,
Então já era: estou de novo em suas mãos.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Encontros e Desencontros

Essa noite, tive a certeza de que não há distância entre Tempo e Espaço, de que o tempo não é linear e que presente, passado e futuro acontecem ao mesmo tempo, no Aqui e Agora.


Nas últimas semanas eu pensei que talvez eu já estaria pronta pra voltar a me abrir para o Amor, mas repensei, porque lembrei de tanta coisa que ainda tenho que resolver na minha vida antes de pensar nisso... Não tenho mais idade pra brincadeira, quero que quando for pra ser, seja DE VERDADE, sabe? (Ou, se não for pra ser, que não seja.) E foi enumerando questão por questão a ser resolvida por mim a mim mesma que acabei adormecendo ontem à noite...


Sonhei que toda vez que eu ia dormir (dentro do sonho), chegava a uma espécie de "céu" cristão (onde podia me ver até entre nuvens), então eu era encaminhada à Terra onde eu tinha uma vivência muito diferente da atual (status, roupas, cultura, etc), e nessa vivência havia sempre um companheiro (com quem eu enfrentava muitos desafios pra ficar juntos), e toda vez que essa vivência na Terra era finalizada, eu voltava pro "céu", onde encontrava uma Ordem de Entidades Espirituais, e eu esperava pela subida do meu companheiro, e era quando algo extraordinário acontecia (e eu nem sei se vou conseguir descrever): meu espírito perdia a forma humana e se tornava um rastro de luz, da mesma forma que acontecia com o espírito dele, então nossas almas quase se abraçavam dançando em forma de uma BELÍSSIMA espiral de luz, trazendo um enorme sentimento de paz. E toda noite que eu ia dormir, todo esse processo se repetia: era como se eu revivesse experiências encarnatórias com o mesmo companheiro todas as vezes que eu ia dormir e sempre me reencontrava no "céu" com ele, causando a mesma espiral de luz, e ao acordar, nos separássemos.


Numa dessas "idas e vindas" à Terra (a última tinha sido uma vivência numa antiga comunidade judaica), quando cheguei ao "céu", eu questionei o que eram todas aquelas "viagens" de todas as noites e porque eu reencontrava sempre a mesma pessoa, então me explicaram que eram realmente retornos a experiências que eu já tinha tido na Terra em outras encarnações e que eu precisava reviver por ainda ter que aprender com elas, e que aquela pessoa que eu sempre reencontrava era a minha Alma Gêmea. "Ah, então por isso a experiência de espiral de luz toda vez que retornamos pra cá?..." Apenas sorriram pra mim como quem têm a missão cumprida.


Acordei meio atordoada, afinal vivi muitas experiências ao mesmo tempo numa noite só. Só não consegui ver o rosto da pessoa que foi indicada como minha Alma Gêmea, só senti sua energia. E de alguma forma, eu tive muita certeza de que esta pessoa já passou pela minha vida nesta encarnação, pela identificação de energia. Mas certeza, certeza mesmo, não tenho. E ultimamente ando evitando me iludir com certezas que eu mesma crio.


Bem, se este sinal chegou esta noite, teve um motivo certo: responder meus questionamentos sobre a minha própria forma de amar e provavelmente ajudar a me preparar para viver o tipo de história que tanto anseio... Só me resta continuar a confiar na Espiritualidade porque sei que, na hora certa, minhas tão desejadas certezas chegarão.


Axé-Amém-Shalom!

terça-feira, 3 de outubro de 2023

"Como será o amanhã?...

...Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino será como Deus quiser
Como será?"

Ontem à noite, fui invadida por uma fome inexplicável, e estava eu, quase meia-noite, fritando e comendo pastéis (adivinha quem acordou passando mal hoje??? Mas isso é outro assunto...). Quando sentei pra comer, estava passando aquele especial que a Globo produziu pelo Dia da Terceira Idade (protagonizado por Zezé Motta e Andréa Beltrão, não lembro agora o nome do especial - deve ser a idade, rs). Confesso que eu esperava mais do programa pelo que foi anunciado, mas só pelas protagonistas, de quem sou fã, já valeu a pena.

Numa das cenas mais marcantes, Bex (a personagem de Zezé Motta) cantava num videokê "O amanhã" (conhecida pela gravação de Simone), e chamava a apressada e preocupada personagem de Andréa Beltrão a cantar com ela, compartilhando as duas um momento descontraído. Sentada no sofá da sala, levando um pastel à boca, fui hipnoticamente teletransportada a um outro tempo e outra época.

Já são cerca de 4 anos e meio desde que fui transferida ao Instituto Municipal de Saúde Mental Nise da Silveira, onde fui surpreendida pela informação que teria direito a participar de oficinas de artes semanais - atividade que infelizmente não tinha na Colônia Juliano Moreira. Apesar de não ter querido participar na minha primeira semana lá, os dias estavam ficando cada vez mais sufocantes, trancafiada num espaço pequeno, no qual as únicas distrações disponíveis eram uma TV (que, ainda em surto, eu me recusava a assistir por achar que ela estava "falando" comigo), um rádio ruim que só vivia numa estação de músicas gospel (que também não me agradava por não ser da minha fé) e caminhar de ponta a ponta o curto corredor que interligava os dormitórios, com as janelas fortemente gradeadas. Já enjoada dessa última atividade, passei a contar os dias para o próximo dia de atividade. O primeiro que participei, foi uma oficina de miçangas e de desenho (me engajei mais nessa última atividade). Aliviou um pouco aquela sensação de "detenção", e por isso ansiei ainda mais pela próxima. Chegou então a outra semana e, pra minha surpresa, ao ser levada à sala de atividades, fui surpreendida por cadeiras posicionadas num grande círculo, e no meio, um tecido entendido no chão e sobre ele, vários instrumentos de percussão espalhados. Meus olhos brilharam!! Entrei e escolhi meu lugar timidamente, os 2 instrutores explicaram que aquela era uma oficina de música, e que nós podíamos ficar à vontade pra cantar com eles e usar tudo na sala. 

Nas primeiras músicas, me reservei a bater palmas, depois fui fazendo coro das músicas populares que começaram a cantar, foi quando uma paciente mais antiga, que estava sentada ao meu lado, escolheu uma música cuja letra estava numa pasta que nos disponibilizaram e ela, empolgada, pegou no microfone que estava ali, entre nós. Só que ela era muito desafinada e não acompanhava o compasso da música, se enrolava com a letra... Comecei tentando ajudá-la a cantar, mas nada adiantava. Então, com o incentivo dos outros participantes (e da própria colega que reconheceu que não estava dando conta), peguei o microfone com a intimidade que os anos trabalhando com música me deram e dei continuidade, pra espanto principalmente dos orientadores. Peguei também a pasta pra acompanhar a letra, e ao fim da canção os orientadores perguntaram como eu sabia cantar tão bem. Expliquei rapidamente que eu sempre trabalhei com música, que sou de família de músicos, etc. Eles logo escolheram outra música na pasta e comecei a cantar:

"A cigana leu o meu destino
Eu sonhei!
Bola de cristal
Jogo de búzios, cartomante
E eu sempre perguntei..."

Em toda a minha vida, tão cheia de altos e baixos e com os acontecimentos dos mais bizarros, eu jamais havia previsto que um dia eu passaria pela situação de estar internada num hospital psiquiátrico. Mas, sabe o que me surpreendeu mais ainda?? Minha capacidade de resiliência. Mesmo em estado psicótico, eu tinha sempre meu comportamento elogiado pelos enfermeiros (minha única "peraltice" era desenvolver técnicas cada vez mais eficazes em fingir que tomava a medicação e escondia nos locais mais improváveis, jogando pela privada e dando descarga na primeira oportunidade). Até as profissionais que nos serviam as refeições me adoravam, porque eu não tinha frescura de comer nada, fiz amizade com elas. Mas acho que, por mais que eu ansiasse pelo dia da minha alta, a alta era apenas 1 degrau de uma longa escadaria que, de lá de dentro, não podíamos vislumbrar...

"O que será o amanhã?
Como vai ser o meu destino?
Já desfolhei o mal-me-quer
Primeiro amor de um menino..."

E eu cantei. E não só cantei: passei o microfone a outrem e me senti motivada a explorar os instrumentos de percussão, um a um, acompanhando os orientadores, motivando também as outras internas a cantar também. Daí lembrei como é bom fazer música!! Nem que seja tocando um simples reco-reco, ou um mais complexo agogô, simplesmente sentir a música e se fazer parte dela, sentir o ritmo do coração pro corpo... E, por uma hora, pudemos esquecer um pouco a dura realidade da internação antes de voltarmos ao "calabouço" pra podermos almoçar.

Semanas depois, passei a aceitar a medicação, conquistei até o direito a passeios externos com acompanhante (inclusive conheci o inesquecível Museu Nise da Silveira), fiz as pazes com a família e finalmente chegou a alta. Chovia muito e quase que não deu pro meu pai me buscar, esperei agoniada das 9 às 15:30 hs... E voltei pra casa. Eu pensei que ia respirar aliviada, mas me dei conta de que eu ainda não teria paz, era só o começo: compromissos semanais com assistente social, com psiquiatra, psicóloga, tirar documentos... A incerteza sobre a constância da minha sanidade e instinto de independência, sobre meu futuro a partir dessa experiência (principalmente profissional)... Graças aos deuses estou bem melhor hoje, mas ainda tentando me levantar. A única certeza que tenho hoje é que sou muito mais forte do que às vezes tenho consciência.

"E vai chegando o amanhecer
Leio a mensagem zodiacal
E o realejo diz
Que eu serei feliz, sempre feliz!"

domingo, 1 de outubro de 2023

"Nothing really matters to me..."

Eu realmente tenho sido, de fato, uma guerreira: desde a descoberta de novas intolerâncias alimentares (eu já convivia com intolerância à lactose há mais de 10 anos mas descobri recentemente sensibilidade ao glúten), meus dias têm sido muito cansativos: buscar na internet sugestões de receitas práticas (e, claro, baratas), passar horas na cozinha pra prepará-las (inclusive pra acondicionar no congelador), anotar todos os dias o que como pra saber o que pode ainda me fazer mal ou não... E agora tá pior ainda, pois estou vivendo o "desafio do glúten": retomar o glúten à dieta pra observar os sintomas. O que posso dizer??? É que estou PÉSSIMA! Mas tenho ainda que aguentar algumas semanas até a data marcada dos exames pra confirmar a alteração no meu fígado, constatado pelo médico no último exame clínico. 


Isso é chato? Com certeza é, porque minha vida ainda está limitada pela lactose e algo mais que me tem feito mal e não identifiquei, mas tenho me sentido muito mal, com sintomas dos mais diversos, desde gastrointestinais a articulares, passando por inchaços e urticária. Tem dias que mal consigo sair da cama... Mas o pior de tudo é ouvir de todo mundo que o que tenho é "frescura". Já tive cólicas homéricas, já tive crise de vômitos, mas quando "a poeira baixa", minha mãe fica o tempo todo me jogando na cara que não faço mais nada e quando faço, é minha comida separada do resto da família (como se isso fosse um privilégio!). Isso me deixa triste e me sentindo cada vez mais solitária, sabe?... Ao menos agora, tenho de volta meu cantinho na varanda pra não ter que aturar ninguém.


A verdade é que, desde sempre, minha mãe sempre demonstrou ter esse sentimento esquisito em relação a mim: uma espécie de inveja, sempre tentando diminuir tudo que faço ao mesmo tempo que tentando exigir de mim lealdade. Até pra eu admitir isso pra mim mesma é difícil, porque certa vez, ainda na adolescência, tentei desabafar com uma amiga da época, e ela me repreendeu: "Não fala assim que Nossa Senhora não gosta!...". Meu Deus, como as relações maternas sempre foram romantizada, né? Demorou pra eu sentir segurança, depois de quase 30 anos, pra falar abertamente sobre essa minha relação doentia com minha mãe, e só porque foi com minha psicóloga. Achei que ninguém melhor pra entender essa situação do que uma profissional da saúde mental (a única que ficou ao meu lado e levantou minha autoestima quando contei da minha nova rotina cansativa em prol da minha saúde)... Inclusive, foi num questionário de personalidade que minha psicóloga quis entender o porquê d'eu não me sentir digna de ser amada. Travamos nessa questão porque eu não soube o que responder e acabou o tempo da consulta. Ficou pra próxima.


Mas retornando à outra questão, o ponto não é só a esquizofrenia da minha mãe, mas também algum tipo de transtorno de personalidade não-diagnosticado, porque, observando-a melhor no dia a dia, ela muda de "personagens" (com posturas, olhares, tons de voz, TUDO) completamente pra ter exatamente o que quer, tudo de forma muito bem orquestrada. Eu acho que nunca tinha observado minha mãe por um olhar tão clínico e até frio. Minha mãe se incomoda muito de me ver na cozinha por me ver sendo mais ágil e criativa que ela nas panelas (até com as minhas restrições alimentares) e quando eu entro, ela logo se ausenta. Punha defeito em qualquer tempero diferente que uso, até que viu ser inútil, porque esse mesmo tempero agradou aos outros. Então começou a querer comer da comida que eu fazia separada pra mim (já que eu não podia comer pães, queijos, etc) - quis fazer escândalos EXATAMENTE como criança pequena fazendo birra. Meu pai teve que intervir e eu passar a deixar tudo meu fora do alcance dela. Comecei a reparar a "tática de retaliação": fazer comida só pro meu irmão (que, convenhamos, não ajuda em NADA em casa). E não adianta tentar sentar e conversar com ela: ela já responde aos gritos, dizendo que não quer saber, etc e tal. Nessas horas ela esquece quem é que faz e carrega o peso das compras que ela gasta, quem limpa a casa que ela bate no peito que é dela na primeira oportunidade, até mesmo quem lhe dá o braço como apoio pra levá-la ao médico. A verdade é que, não importa o que eu faça de bom, pra minha mãe eu nunca prestei e nunca vou prestar. E foi assim a vida toda: toda a minha alegria em levar pra ela minhas notas altas, premiações da escola e fora dela, realizações acadêmicas e literárias sempre, sempre, SEMPRE levaram um balde de água fria porque, pra ela, nada daquilo me daria futuro (só um marido que talvez me desse um "jeito"). Mesmo que esse marido fosse abusivo e me levasse à depressão ("ainda acho que você devia voltar à 'sua família'", ainda diz ela sobre o "ex-encosto", mesmo depois de mais de 12 anos que pedi a separação, com os filhos já maiores de idade e morando sozinhos). 


A terapia pra mim tem sido muito importante: mais do que apenas ter a oportunidade de ser ouvida, também por ter a orientação de como ME ouvir melhor. Eu estava na cozinha, tentando preparar um lanche rápido que não me fizesse passar tão mal, enquanto minha mãe estava preocupada em fazer algo para meu irmão - eu me sentindo embrulhada,  esgotada e lembrando que eu ainda tinha que estender minha roupa no varal (porque até isso já tinha virado discussão e hoje lavo e estendo minhas roupas separadas dos demais). Pude sentir de novo aquela solidão imensa brotar de dentro do peito e enrubecer minha face. Lembrei então da mais tenra infância: "É... Isso sempre foi assim mesmo...". Em seguida, um lampejo me trouxe à memória o questionamento da psicóloga:


- Mas por que você não se acha digna de ser amada???...


"Mama, ohhh
I don't wanna die,
I sometimes wish I'd never been born at all..."


Às vezes as fichas demoram a cair, não por falta de esperteza nossa. Mas simplesmente porque tem muita gente manipuladora no mundo... Mesmo onde a gente menos espera (e deseja).


Nunca mais, "mamãe"... Nunca mais.


"Anyway the wind blows..."

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Carta-Resposta a um antigo amante

Confesso que me espantei com sua presença, assim, depois de tantos anos. Eu já tinha aberto mão da ideia de que precisávamos conversar, só não imaginava que você ainda pensava nisso. Por isso aceitei te ouvir sem sequer retrucar. Afinal, tudo que eu dissesse seria mais do mesmo e talvez até te machucasse mais. Era a sua vez de falar, e não me arrependi.


Em primeiro lugar, porque não só era importante que você falasse, mas porque eu esperei muito tempo pra ouvir. De todas as certezas que eu tinha, eu precisei duvidar pra ter a confirmação. Uma coisa foi eu ter sentido os seus sentimentos, outra coisa foi ter ouvido de você. Foi bom ter ouvido você dar nome a seus sentimentos, sem mais medos ou orgulho - afinal estávamos num espaço em que tudo era transparência. Pra mim, acostumada a ouvir seus desabafos, até que foi fácil simplesmente te ouvir, apesar do meu espanto com a sua passionabilidade inédita. Me parecia que só agora você se dava conta (por si só ou por algum aviso espiritual) de tudo que havia acontecido entre nós e o que ocorre agora. E era como se você quisesse me avisar de coisas que eu já sei.


Sim, meu amor, eu sei que não é pra ser agora. Que cada um tem seu caminho e tem suas próprias coisas a resolver. Afinal, pra viver o NOSSO AMOR (como você mesmo nomeou) não basta só o sentimento: há muitas questões práticas que precisariam também se encaixar. E eu sinceramente já aceitei que isso talvez nem aconteça nessa existência - o que preferi nem citar pois você já se mostrava angustiado o suficiente: era como se você esperasse de mim respostas que só o Tempo pode dar. Troca injusta, né? Você me trouxe certezas pro que eu já não sabia mais, mas eu infelizmente não tenho as respostas pras questões que você queria. Mas dizem que esse mundo não é mesmo justo, não é? Mas saiba que "quando?" também é uma coisa que eu sempre quis saber... A questão é que não depende só de mim: depende de nós dois.


Mas eu precisei me despedir antes de dizer tudo o que eu gostaria: primeiramente obrigada por tudo que tentou me explicar, mas eu não só já sabia como já tinha aceitado todas as condições pra um dia estarmos juntos (porque eu sempre soube que um dia ficaríamos, mesmo que tenhamos que nascer de novo). E sim, foi muito bom ter sua presença mais uma vez, aquela sensação de "estar em casa" que permaneceu em mim por horas como alfazema na roupa, mesmo depois que você se foi. 


Sim, amor, eu também sinto saudade, mesmo tentando me enganar por todos esses anos, justamente como você. E eu me emocionei por ter te ouvido abrir o coração pela primeira vez e "dar nome aos bois" com todas as letras ao sentimento que nos uniu ("AMOR", aquilo que você negou por tanto tempo). E, por último: não, não se angustie por aquilo que não podemos controlar - apenas seja feliz, viva a vida da melhor forma e deixe o resto nas mãos do Destino, como eu já fiz. O que é de verdade sempre resiste, de uma forma ou de outra (acho que disso você já teve prova).


Torço por ti e volte sempre: a casa estará sempre aberta pra uma visita sua.


Axé! Shalom! Amém!


(P.S.: Me desculpe pela demora em responder - é que tive problemas de saúde.)

domingo, 30 de abril de 2023

Autista??? Como assim???

Pois foi na véspera de Natal que meu filho mais velho, Luke, trouxe essa questão à família: sua terapeuta, analisando-o aos 21 anos, levantou a hipótese dele ter "autismo leve". Na hora eu refutei, achei exagero, porque ele sempre foi uma criança extremamente comunicativa, e hoje, como profissional, continua sendo (o que é necessário pra trabalhar na área artística, como ele trabalha - aliás, depois me aprofundo sobre a questão de identidade de gênero dele que eu não tinha contado aqui). Meu filho então explicou que o autismo não é assim como geralmente é apresentado nas mídias, que há vários níveis, etc. Como estávamos todos meio bêbados e festejando, cada um com um assunto aleatório, acabei esquecendo desse assunto.


Semanas depois, lembrei do assunto e resolvi pesquisar sobre o autismo - encontrei muito material sobre os sintomas na infância, então me desanimei e deixei o assunto de lado um pouco. Recentemente, tive que ir à Clínica da Família com meu pai e ele sugeriu que eu sentasse num banco ali, perto da entrada, enquanto ele aguardava na fila da farmácia. Foi quando fiquei reparando no trânsito das pessoas no prédio: as pessoas que entravam quase sempre davam "bom dia" pro segurança que fica sentado bem de cara pra porta. Me dei conta que eu, quando adentro ao prédio, simplesmente entro e passo direto pelo segurança, até evitando encará-lo - a não ser quando eu precisava de uma informação, aí eu dava "bom dia"/"boa tarde", pedia a informação, então agradecia e me afastava, mas sempre evitando encará-lo, como se eu tivesse medo por ter feito algo errado. 


- MEU DEUS!! - me choquei com minhas constatações - As pessoas devem pensar que eu sou metida ou mal educada!!! Eu nunca fiz por querer...


Foi aí que "virou uma chavinha" na minha cabeça. Cheguei em casa e foquei a pesquisa em "autismo em adultos". Foi então que entendi vários aspectos do meu filho, muita coisa começou a me fazer sentido, e não só em relação a ele, mas EM RELAÇÃO A MIM TAMBÉM, o que mais me chocou. Entrei em grupos do Facebook sobre o assunto, tanto pra quem tem o diagnóstico quanto para pais e mães de autistas, e fui catando ainda mais peças que se encaixam como um quebra-cabeça! Num desses grupos, havia um link para um teste para ajudar no diagnóstico de autismo (era bem enfatizado: o teste não é o diagnóstico em si, mas pode ajudar a discutirmos com o médico esse diagnóstico). Resolvi fazer por fazer. O site recomendava que quem fizesse mais de 32 pontos, buscasse um neurologista ou psiquiatra. Pro meu espanto, fiz 44 PONTOS!! 


Entrei em contato com meu filho e comentei por alto que estava pesquisando sobre autismo em adultos e que encontrei um link com um teste que ajudava a rastrear a possibilidade do diagnóstico pra talvez ajudar a terapeuta dele - sem comentar a minha pontuação. Confessei que também estava me reconhecendo em muita coisa que não se encaixava no Transtorno Bipolar e nem no TAG, por isso também fiz o teste e ele ficou de me mandar o link do teste de um site americano que ele tinha feito. Passamos as últimas horas falando sobre isso. Foram só as pausas pra cada um fazer seus testes e ele me mandar o link do teste americano. No teste que mandei pra ele (em que fiz 44 pontos), ele fez 45 - e só então contei minha pontuação. No teste que ele me mandou, que indicava autismo a quem fizesse mais de 65 pontos, ele fez 195 e eu 197!! Ele também pediu pra mim algumas lembranças de infância como a terapeuta pediu, sobre seu comportamento e tals... E a princípio eu o achava uma criança tão normal, fui verificando muitas particularidades que começaram a fazer sentido, como o fato dele não ser fisicamente carinhoso (era até meio arredio, pra irritação do pai dele, que era grudento) e a alta sensibilidade a alguns tecidos - que ele afirmou que tem até hoje, não veste roupa passada de jeito nenhum, por exemplo. 


Quando resolvi comentar com minha mãe sobre isso, ela veio com aquele "ahhh, não!! Não me inventa mais doença não!", mas quando comecei a comentar os sintomas que eu e o Luke estávamos compartilhando por WhatsApp e toquei no assunto dos tecidos, minha mãe arregalou os olhos na hora, como se dessa vez, "a chavinha" tivesse virado na cabeça dela:


- Você era igualzinha quando era criança!!!


Hoje sou muito mais tolerante à maior parte dos tecidos, mas acabo de me dar conta de que não suporto cobertores, por exemplo: tô usando um mas com uma coberta por baixo, pra não encostar em mim. E eu já cheguei a ficar tão agoniada com etiquetas de roupas que já cheguei a danificar algumas peças arrancando as etiquetas impulsivamente.


Só sei que a minha relação com meu filho, que andava um pouco distante por causa de diferença de horários, o fato dele já estar planejando uma nova vida com seu companheiro, sua vida ocupada com a profissão e o aproveitamento de sua juventude (e a minha, ocupada cuidando dos meus pais), agora tem sido cada vez mais próxima por finalmente nos reconhecermos um no outro, trocarmos informações (e eu que tô aprendendo mais com ele, acreditem!), entendermos que entre mãe e filho com tendência tão grande não só ao autismo mas também a outros transtornos, existe amor sim, mas um amor mais contido, que sente saudade mas não sabe como vai dizer, e que eu não preciso mais me sentir tão culpada achando que, por ter achado que fui uma péssima mãe, meus filhos ainda guardariam mágoas de mim - o que foi o mais importante nessa época em que se aproxima o Dia das Mães.


Autista ama sim. Bipolar ama sim. Borderline ama sim. A gente só ama um pouquinho diferente...


Obrigada, Deus e Orixás, pelos meus filhos do jeitinho que são!


Amém! Shalom! Axé!

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Agora sim: feliz Ano Novo!

 Eu tinha ficado confusa em relação ao Geminiano, afinal ele tava sendo bem carinhoso comigo, então resolvi retribuir o carinho. Mas em certa madrugada relembrei da noite que passamos juntos, dos padrões de comportamento, das coisas que ele falou da vida dele, e isso tudo me fez questionar: será que daria certo um relacionamento, como ele estava propondo, entre mim, com todas as minhas questões pessoais e ele com todas as suas questões pessoais (ele citou até depressão).


Mandei então uma mensagem pra ele com todos esses meus questionamentos, da forma mais delicada possível, esperando que ele compreendesse. O que recebi foi um longo áudio dele num tom totalmente alterado, me acusando de ser negativista (já que o que ele esperava era outra mensagem carinhosa), levantando a hipótese d'eu ter consultado oráculos, me acusou até de MACUMBEIRA (sendo que nunca neguei que era, mas ele tornou isso uma palavra pejorativa), enfim, tudo isso ao invés de conversar sobre essas questões de forma adulta e madura. Algo dentro de mim já me dizia que isso não ia dar certo (eu e minha mania de não confiar na minha intuição), além do mais, ninguém muda assim, em 2 meses. Pensei que minha ausência o tinha feito repensar, mas a verdade é que o problema de fato não era meu: ele tem todos os padrões de ser narcisista (odeio essa palavra, mas todos os sinais indicam). 


Respondi que quem fala tanto de "depressão" é ele, e falei mais uma vez pra procurar ajuda profissional. Todos nós somos feitos de Luz e Sombra, e precisamos lidar com a Luz e Sombra tanto nossas quanto das outras pessoas. E que eu sou assim mesmo: questiono mesmo, interna e externamente; relacionamento não é mar de rosas - já fui casada por mais de 11 anos, PELAMORDEDEUS, eu sei bem como é! Se ele prefere se iludir de que sua "depressão" só vai ser curada quando encontrar uma mulher "maneira/legal/companheira", é nítido que ele busca uma substituta pra falecida mãe dele. Ele quer ser cuidado, mas o quanto está disposto a cuidar? Enfim, disse isso tudo e confirmei no final que, não que tenha a ver com tudo isso, EU SOU MACUMBEIRA SIM!!! E COM MUITO ORGULHO!!


Antes meus guias, que me protegem de embustes como este, do que virar dependente emocional de um narcisista (já passei por isso, já chega)!


Ele não respondeu mais nada e espero que agora ele tenha entendido de vez. Agora sim, livre deste e de outras pessoas controladoras e que nos fazem nos sentir culpadas por sermos nós mesmas, estou com o coração aberto para um novo e sincero amor. Com os pés no chão, sem pressa. 


2023 será um ano fantástico! E ninguém vai me fazer me sentir mal por quem sou de verdade.

E tenho dito!

Axé-Shalom!


(P.S. de 06/04/2023: o Geminiano me procurou de novo, aff... Dessa vez descasquei ele num esporro federal, bloqueei ele de todas as redes sociais e bloqueei até pra ligação e SMS seu número pessoal e o de trabalho, de onde ele entrava em contato quando eu bloqueava o pessoal. CHEGA!!!)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Feliz Ano Velho

 Ano passado tive um envolvimento com um Geminiano, nos demos perfeitamente bem à distância, mas no primeiro encontro, quando passei a noite na casa dele, nos desentendemos. Ainda conversamos pela internet por alguns dias, mas comecei a reparar alguns padrões de comportamento que me incomodaram muito - eu disse isso a ele e ele não respondeu mais nada. Depois de 1 semana dei tudo por encerrado, mais algumas semanas o bloqueei em todas as redes sociais (é minha maneira de seguir em frente). E assim estava bem. Me dei mais algum tempo e tentei me abrir a conhecer novas pessoas, mas com ninguém mais consegui conexão como a que tive com o Geminiano. Mas não fiquei triste: celebrei as festas de fim de ano com muita alegria, em família - não faltava ninguém mais na minha vida, diferente do que foi todo o resto da minha vida, antes desesperada por encontrar um amor.


Fiz todas as mandingas possíveis na virada do ano, o que me fez me sentir maravilhosa e com a esperança de que 2023 vai me presentear com muitas surpresas. Eu só não esperava a primeira do ano, que chegou no fim do dia primeiro: uma mensagem de Ano Novo do Geminiano (dizem que em Mercúrio Retrógrado tudo mal resolvido do passado retorna, né?). Ele dizia que morria de saudade, que pensou muito em mim, que estava arrependido das brigas bobas que nos afastaram, quase implorando uma volta. Pensei, pensei muito se eu respondia a mensagem. Não me via me sentindo carente, mas talvez eu estivesse: respondi a mensagem, mas de uma forma bem genérica, quase fria. Voltamos a conversar desde então.


Ele quer muito estabelecer um relacionamento, mas lembro do nosso encontro e fico com tanto medo... Não quero que aquela experiência se repita, até porque reabriu em mim feridas que achei que já tinham sido cicatrizadas. Ele tem sido muito carinhoso, mas eu não consigo ser carinhosa com ele. Às vezes eu quero voltar e tentar construir algo com ele, mas algo em mim parece que me bloqueia! Daí me pergunto se a culpa disso tudo é dele mesmo ou é minha, que criei uma armadura pra não ficar tão vulnerável pra ninguém. 


Só sinto um vazio imenso no coração - não que eu não queira amar, mas acho que desaprendi. Não sei mais baixar a guarda. Tudo culpa das feridas abertas...


Até quando será assim??? Quando e como vou conseguir cicatrizar essas feridas?? Como e quando vou conseguir colocar esses muros abaixo?... É esse homem, já cheio de seus próprios problemas, que vai me ajudar nesse processo e conseguiremos ajudar um ao outro nessa caminhada?...


Não sei. Não dá pra saber de tudo sempre, né? Mas decidi tentar... Com calma, dando um passo de cada vez... Já botei minhas cartas na mesa pra ele. E já fui capaz de dizer adeus. Eu não quero ser a pessoa que está sempre dizendo adeus simplesmente quando as pessoas não se comportam como ela quer - isso não quer dizer maturidade. Eu quero me compreender e aprender a trabalhar a relação dentro e fora de mim. Mas mesmo com boa vontade, eu já fui capaz de dizer adeus. E ele sabe que sou capaz de dizer adeus novamente...


Abençoado seja 2023! Que seja um ano de cura!