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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Mas afinal: quem cuida de quem cuida?

A menina romântica que suspirava com belas palavras 

Hoje está mais concentrada na frieza exata dos números.


Ora, mas não são de números que são feitas as canções que têm emocionado sociedades ao longo da História?


Não sei, estou confusa. Entre legatos e staccatos, troco palavras, esqueço nomes... A única certeza é a de quem sou. E essa que sou hoje já não tem mais a paciência de outrora.


Uns dizem ser seletividade social. Outros dizem ser geracional. E eu, secretamente, desconfio se minha fisiologia não esteja também tentando me passar a perna.


Os fortes também cansam. Os felizes também choram. E os esperançosos às vezes também deixam de esperançar. E eu me encontro bem no olho de um furacão que me tem deixado tão tonta que, mesmo sem beber, a ressaca me derruba o dia inteiro.


Eu não sei nem por onde começar a puxar o fio da meada desta cama-de-gato que me suspende no ar e me imobiliza. Eu só consigo sentir o frio da Sombra se aproximando de mim... Seria o Fim? Não é o que me preocupa agora: eu só queria ter forças pra lutar pelas soluções que os Anjos da Calunga me sopram aos ouvidos - ou sentar num canto, talvez num ombro amigo, e chorar até não me sobrar nenhuma angústia no coração.


Não, não é depressão. Essa foi minha companheira por mais de 30 anos e eu a conheço bem. E nem é tristeza o que estou sentindo: é simplesmente como se minha cabeça roubasse toda a energia do resto do corpo. Não é crise, estou bem... Meu psiquiatra me viu essa semana... Meu pai também diz que estou melhor que muita gente. Aí é que tá: ele tira essa conclusão baseado nas responsabilidades que assumo diariamente - e talvez seja justo isso que esteja me adoentando. Talvez todos os exames alterados tenham essa razão de ser. Talvez guardar tudo isso só pra mim também esteja atraindo a Sombra ainda mais pra perto... Mas o mais estranho é que eu não tenho medo dela; temo mais por quem posso deixar pelo caminho...


Estranho: hoje me conheço muito melhor, mas "não reconheço mais meu coração, (...) não que ele se recusasse a bater".


Deixa: isso não é para fazer sentido mesmo.


Axé-Shalom-Amém!


(Música incidental: "Motor", de Maglore.)