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sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Meu Amuleto - ou "Volta pra Casa"

Era tarde de 4 de novembro de 2016. Eu já estava mais que decidida, aliás havia semanas que eu estimulava que aquilo acontecesse: depois da Assembleia Estudantil da noite anterior, a reitoria havia sido ocupada. Depois da portas abertas, decidi dormir em casa e fazer as malas com calma - parecia que eu sabia que passaria um bom tempo por lá.

Depois de organizar umas lista de itens pra arrumar uma bagagem funcional e mínima (afinal eu a carregaria sozinha até o outro lado da cidade pegando 2 ônibus), parti decidida, com a sensação plena de que não só estava fazendo a coisa certa, mas seguindo meu Propósito. Botei os fones do radioráculo no ouvido enquanto esperava o ônibus no ponto, e cada música que tocava parecia me estimular a seguir em frente. E assim segui a viagem confiante, até que ao terminar de acomodar minha bagagem e a mim no último banco do 125, respirei fundo e o radioráculo quase me ordenou: "volta pra casa!".

Não demorou a me dar picos de ansiedade. Era muita novidade pra mim, minha adrenalina já estava lá no alto, com a ajuda do desquilíbrio hormonal causado pela tireoide já dava sinais de defeito. Acho que na verdade, além de tudo, eu também ouvi a voz da mulher que me gerou fazendo coro junto com o Roupa Nova. Nem contei a ninguém dos meus planos, eu só fiz a minha mala e parti, porque eu tinha certeza que eu receberia um banho de água fria, principalmente dela que sempre teve medo de tudo - e por causa dela também tive muito medo (e perdi muitas oportunidades) durante um bom tempo da minha vida. E aquele não era mais o momento de ter medo: depois de tantos anos ajudando aos outros a realizarem seus sonhos, era hora de realizar os meus, de mergulhar de cabeça na profissão que abracei, de escrever a minha história e deixar o legado que creio que devo. Mas, ainda com toda essa certeza no peito, ter ouvido apenas aquela mensagem na música despertou aquela adolescente tímida e medrosa que um dia fui, principalmente porque a canção já estava no final, apenas repetindo o refrão "sei que o amor nos dá asas, mas volta pra casa...". De coração acelerado enquanto o ônibus contornava a Central do Brasil, segurei a estrela de Davi, que carrego no pescoço, com força. Respirei fundo, quase catei minhas coisas e pedi pra descer no próximo ponto... Foram poucos segundos até perceber que meu coração lá no fundo, por baixo daquele monte de fantasmas trazidos pelo pânico, ainda dizia pra prosseguir. Que eu ia me arrepender MUITO se não fosse. Afinal, a música já tinha acabado, talvez fosse melhor me distrair com outra música - e assim fiz, voltando a me concentrar naqueles pensamentos determinados de antes. Fiquei então de procurar a letra completa pra entender melhor o recado. Mas com tudo que ocorreu durante e após a o período na reitoria, fui adiando a tarefa, mas nunca a esqueci.

Até que, recentemente, enquanto eu voltava realmente pra casa (ainda que do mercado do bairro) essa canção tocou novamente no radioráculo, e dessa vez desde o início: foi a oportunidade perfeita pra finalmente entender o porquê, de fato, desta música ter mexido tanto comigo, entre tantas outras, num momento tão decisivo da minha vida. E, mais que isso: compreender que essa música não me faria sentido nenhum se eu a tivesse estudado (ou escutado melhor) antes. Nada é por acaso.

Só hoje, depois de tudo que ocorreu nesses quase 2 anos, o "volta pra casa" passou a fazer todo o sentido pra mim, pois era pra voltar sim, mas pra casa certa; àquela pela qual esperei a vida toda e que eu guardava no fundo do meu coração - e não foi nada fácil finalmente ouvi-lo baixinho, por baixo dos velhos fantasmas do medo... Foi então que esta canção passou a ser mais um dos muitos amuletos que carrego comigo pela vida (dá pra perceber que sou bem supersticiosa, não?).

E pra você, faz sentido?

Shalom!

(Creio que a
Lanterna dos Afogados tenha piscado por esses dias e eu nem tinha visto. A questão é: o que fazer com isso se tudo que já tentei falhou? Vou aguardar ela piscar pela terceira vez com instruções claras, porque estou sempre metendo os pés pelas mãos...)


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