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sábado, 17 de novembro de 2018

Nem tudo o que você quer é o que você merece II

1996, como já comentei aqui, foi um ano muito intenso pra mim. Foi uma época em que a Espiritualidade parecia querer me despertar através de sonhos, alguns que também já comentei.

Certa vez sonhei que subia no terraço de um prédio muito alto, e logo que saía do elevador, cada pessoa era convidada a sentar numa das várias folhas de vitória-régia que flutuavam em fila na direção de um monge budista. Pra cada um que se aproximava, ele passava uma mensagem de reflexão individual, e eu via todos saírem muito satisfeitos e em paz - eu mal podia esperar pela minha mensagem.

No entanto, quando a minha folha se aproximou do monge, seu rosto sereno se fechou e ele me disse de forma seca : "Você precisa parar de usar as pessoas". Apenas. A minha folha de vitória-régia foi se afastando e ao acordar eu ainda estava em estado de choque. Afinal, o que eu mais via acontecer era pessoas me usarem, e até abusarem. Mesmo assim, guardei a mensagem pro resto da vida, pra manter-me vigilante. Hoje, depois de mais de 20 anos, acho que entendi que a mensagem não era bem pra mim...

Às vezes a gente sisma de querer as coisas do nosso jeito, e nem percebe o quanto tem sangrado dando murros contínuos em ponta de faca. E só hoje também entendo que quando a gente para de lutar contra o Destino, ele finalmente se aproxima, senta ao nosso lado, segura nossas mãos e olha nos nossos olhos, devolvendo a Esperança que um dia se perdeu junto com todo o sangue que perdemos em batalhas sem sentido.

A cura é possível sim. Cicatrizar é possível. Basta a gente parar de se sabotar e olhar ao redor: há vários caminhos que não tínhamos percebido antes, caminhos com menos buracos e pedregulhos... Caminhos plenos que levam à Paz. Mas é só quando estamos em paz, que conseguimos enxergar a esses caminhos.

O mundo às vezes dá voltas tão surpreendentes que chegam até a assustar. Mas é nessas surpresas da Vida, no rompimento dessas velhas estruturas, que percebemos que se não temos agora o que a gente quer, é porque pode haver algo muito melhor à frente...

D'us, de fato, é infinitamente misericordioso - mas apenas para os que também são. Assim como ele também pune com crueldade aquele que praticou a crueldade contra outrem. A sociedade em si pode ainda não ter nenhuma definição consensual sobre ele, mas o fato é que apenas 1 palavra pode defini-lo, ao meu ver, com exatidão: e essa palavra é JUSTO.

Por isso hoje sou grata, porque ele me mostrou a Sua Promessa.

Axé-Shalom!

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