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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sonhos Traiçoeiros

Eu entrava na tal rede social e me surpreendia com um belo desenho q não sei identificar ao certo, de azuis e lilases. Tinha pouco tempo em q havíamos voltado a nos encontrar e vc compartilhava na minha página aquela figura q trazia uma mensagem sobre a força do olhar e do seu afeto. Nem deu tempo de responder nada. Acordei do sonho achando-o bobo. Afinal, nem eu mais queria aquilo a essa altura do campeonato.

Com meu costumeiro café com leite, sentei mais uma vez no computador. A pressão de termos tantos amigos em comum já estava me incomodando e eu precisava virar a página. Mas antes abri o editor de textos e desandei a por prá fora todas as minhas reflexões sobre o começo, meio e fim, qualquer coisa q justificasse essa estória na qual me joguei, minhas atitudes e consequências. Não menti mais prá mim, nem falei de vc. No regrets, my darling. Só buscava entendimento. Entender prá deixar ir. Minha vida funciona assim. Meu coração funciona assim...

As dores nos membros do lado esquerdo do corpo voltaram a incomodar, e isso me deixa ainda mais irritada e deprimida. Os pensamentos e palavras começam a embaralhar e eu já perdia a linha de raciocínio. "Psicossomático", penso eu. Tem bem jeito mesmo. Cansada e incomodada, minimizo o editor de textos e encaro minha página na famosa rede social. Vc marcou uma amiga em comum numa foto q vc tinha acabado de tirar e lá estava eu, dando de cara com a foto. Q SACO! Até qndo?... Daí observei como vc estava abatido, olhos fundos, parecia ter envelhecido 20 anos. Fiquei meio minuto encarando tal foto. Não conseguia pensar em nada - já tinha gasto todo pensamento e sentimento nos textos anteriormente. Baixei a foto pro computador, nem sei bem pq. Já tinha me convencido a não me importar...

Empenhada em estudar, me gripando, dores neuropáticas: eu realmente tinha mto a me preocupar nesses dias seguintes, contanto q não entrasse na rede social. Não aguentava mais me censurar prá vc não ter q me ver. Não podia me privar de viver! Fiz o q devia ter feito desde o dia em q prometi - vc não mais ouviria falar de mim. Um peso sumiu das minhas costas, enfim livre!! Sem me preocupar se vc ia ler qualquer lamento, sem me deprimir com as coisas estúpidas q vc tem desenvolvido. Livre enfim!!! Tão leve q me dei um tempo para tirar um cochilo. Afinal a gripe estava pegando pesado - tava na hora de cuidar de mim!! Reencontrei o "Livro dos Espíritos" - tenho tido necessidade de reconectar com as idéias q sempre acreditei - e fui relaxar.

Não demorou mto prá eu cair no sono. Um monte de cenas desconexas se desenrolavam à minha frente, o q era natural diante da minha fraqueza física. Em sonho eu buscava um lugar prá passar a noite, mas como suas coisas estavam na minha mochila, vc me chamou prá te seguir até onde passaríamos a noite seguros, enquanto vc tocaria meu violão e eu escreveria. "Enfim, alguém q entende minha necessidade de escrever...", pensei comigo. Saltos temporais aconteceram, pouco mais me lembro, mas uma cena ficou: sobre uma cama simples de madeira marfim, vc deitado vendo TV, eu abraçada com a cabeça no seu peito. Sonhei outras coisas, um tanto confusas, um tanto reais - tudo com os arranjos de "Time" de Pink Floyd ao fundo. Versos do meu último poema tbm se repetiam enquanto eu me afastava, ao mesmo tempo em q ouvia seu pensamento: "pq não fiz tudo diferente desde o princípio?...". Enquanto eu atravessava a rua, já distante de vc, respondia tbm em pensamento: "tinha q ser assim...". Outras coisas aconteceram mas antes de acordar, a cena do abraço sobre a cama, mais uma vez. Não havia nada demais, somente aquele abraço, minha cabeça sobre seu peito, vc vendo TV... Mas era MUITO real.

Acordei na posição sonhada com o travesseiro, me perguntando pq aquele sonho tão bizarro vinha me assombrar logo naquele dia, em q eu estava tão livre de vc. Num letárgico piscar de olhos, revivi novamente a cena. Vc ESTAVA ali.

Abri com pressa os olhos prá acordar de vez. Já era meio-dia e meia. Pink Floyd ainda ressoava na minha mente enquanto a plenitude virava ausência e eu não conseguia segurar duas lágrimas. Raiva. Pq me fez relembrar qndo quis esquecer. Pq tudo tinha sido tão real. Ou talvez pq aquele abraço seria o último q eu te daria pro resto da vida.

De volta ao computador, buscava por outra coisa qndo encontrei a tal foto sua q baixei dias antes. Por puro tédio editei-a, pra melhorar a qualidade.

Q era aquilo q eu via em seu olhar na foto?... Lágrimas?

Suspiro.

"Tem certeza que deseja mover este arquivo para a lixeira?"


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