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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Dizem que sou louco... (A gênese)


Nunca me perguntaram diretamente, mas talvez tenham algumas pessoas curiosas sobre como escolhi a "Balada do Louco" como tema para o blog.

Há também uma relação da música com meu transtorno bipolar. Da forma como o transtorno (e o reconhecimento dele) me fez ver a vida de um novo ângulo. A versão do Ney Matogrosso muito me toca, mas, mais que isso, eu tenho um vínculo emocional com essa música.

Cresci ouvindo essa música da minha mãe, desde que me conheço por gente. Ela, portadora de esquizofrenia, quando tinha crises e "ouvia" vizinhos falando mal dela, ela cantava, a plenos pulmões "Dizem que sou louco...". A música passou anos me causando taquicardia, porque eu sabia que quando minha mãe começava a cantá-la, outras coisas nada agradáveis decorrentes das crises vinham em seguida... Eu tinha pavor de uma simples música, como se fosse a trombeta do apocalipse. A agressão com que a minha mãe cantava também me assustava. O curioso é que ela desafinava de tão forte que cantava, mas sempre teve uma voz linda. Era prá ser um episódio feliz da infância.

Pois bem, cresci, tentando jogar meus fantasmas prá debaixo da cama. Já longe de casa, a música me causava lágrimas. Até um dia que eu simplesmente ouvi Ney Matogrosso cantar. Eu estava passando por uma crise pessoal que obviamente me levou à uma emocional. Meus sentimentos corriam em montanha-russa. E eu, de repente, me senti tão acolhida por aquela canção... Eu podia ouvir a voz da minha mãe entoando-a junto ao Ney, um perfeito contraste. E de repente eu a entendi. E como sempre acontece, a gente passa a deixar de temer o que entende. Minha mãe não era mais uma entidade distante, porque eu agora conseguia sentir um pouco de suas perturbações. Na virada do ano, criei o blog, já com esse nome, mas sem a pretensão de relatar nada. Em março tive o diagnóstico do transtorno bipolar. E comecei a publicar minha "via-crúcis". Como a vida do paciente psiquiátrico não é - e não deve ser - sua doença, eu escrevo sobre outras coisas, obviamente.

Hoje, ouvindo a canção na voz do Ney, ainda me emociono. Olho prá trás, prá todos os medos e sessões de pânico que vivi na vida. Olho prá onde cheguei agora. Prá pessoa que me tornei, que consegue, hoje, detectar sua própria crise e controlá-la em momentos preciosos. A canção hoje ainda me leva às lágrimas, mas dessa vez, de emoção, porque olhando prá trás e prá todos os monstros-do-armário contra os quais lutei, consigo enxergar uma força que só essa canção me proporciona.

Shalom!




terça-feira, 9 de abril de 2013

A arte do falar e do calar


Tenho andado pensativa. Mais observando do que agindo. Sempre observei pessoas pedindo por mais sinceridade, mas que não conseguem ouvir o que não querem. Como lidar?

Quando você está a fim de um cara, você quer dizer prá ele que está a fim, que pensa nele, que lembrou dele... Mas inventa só de falar! Existe toda uma gama de pessoas que dizem "não faça isso, ignore!". Pior que, quando você passa a estar a fim de outra pessoa, a primeira corre atrás. Coincidência?

Aprendi agora a falar da mesma forma. Se eu já não gostava de jogos, imagina agora! Se eu gosto de alguém, vou dizer prá essa pessoa, independente do que eu obtiver como resposta... Porque se alguém tem de gostar da gente, tem de ser do que a gente é, e não do que a gente mostra ou deixa de falar... Isso é apenas uma armadura que não protege ninguém!

As pessoas querem ouvir o que querem ouvir. Não ouse dizer o que você realmente pensa! Essa tem sido a regra que mais tenho acompanhado ao longo da vida. Mas eu, na minha ingenuidade eternamente infantil, continuo falando. Só que agora, aprendi COMO falar. Considero esse o bônus da maturidade.

Mesmo quando o que você tem a dizer pode desagradar, eu recomendo que fale. Mas não fale como um boçal; considere os sentimentos alheios porque sim, eles têm sentimentos! Se você considerar o próximo, certamente suas chances de ser considerado aumentam.

Sim, eu gosto de gente que é o que é, sem disfarces. Gente que diz gostar porque gosta, não porque quer conquistar. Gente que me aceita sem melindres. Gente que olha nos olhos. Gente que não vá usar o que eu disser contra mim. Gente que fala mais de ideias do que de gente.

Parece confuso? Pode ser. Tenho observado tanta coisa, tanta coisa... Tem sido difícil organizar as ideias. Pessoas têm me surpreendido cada vez mais... Mas faz parte do aprendizado. Um dia eu finalmente aprendo - e que esse dia demore, porque quando o aprendizado está completo, é hora de partir desse mundo...

Pretendo retornar a esse tema de melhor forma futuramente. Afinal, as relações humanas são construídas do que é dito e do que não é. E eu só estou aprendendo...

Shalom!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Me pego pensando...

Sim, eu tenho pensado em você.

Tão surpreendente quanto quando tudo começou, também não sei especificar quando tudo desandou... Foi algo que eu disse? Ou algo que deixei de dizer? Algo que fiz ou que deixei de fazer? Bem, que importa agora? A única coisa que fica são as lembranças dos beijos quentes, dos olhares antropofágicos, dos sorrisos, da pele, do cheiro.

Eu poderia prever tudo o que viria depois. As ligações que se seguiram, tão quentes quanto aquela noite. Talvez alguns outros encontros prá beber algo. E eu beberia embevecida cada pequeno detalhe das suas experiências. Cada estrela do universo que vive dentro de você. Mas eu não sei o que aconteceu quando você se foi... E fiquei perdida no meio do caminho como um cão caído do caminhão de mudança.

Penso que poderia ser diferente. Mas em quê? Penso como devo me comportar quando nos encontrarmos - e imagino que isso possa acontecer a qualquer momento. Penso, penso, penso... Penso em você, é isso.

Não sei se você retornará algum dia. Não sei em que esquina da vida nos reencontraremos. Não sei nem o que me espera na próxima esquina!... Mas sei que agora - assumo como que prá mim mesma pois parecia incrédula - tenho pensado em você.

Saudade.

Shalom!