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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Atualizações

Meus dedos, antes ágeis diante do teclado, agora se encontram lentificados pelo efeito dos remédios.

Não é fácil recomeçar a tomá-los. Menos ainda depois de uma longa internação como a que passei.

Mas sigo na luta: as consultas no CAPS Rubens Correa em dia, os remédios também... Desejo muito contar tudo o que passei internada na Colônia e no Nise da Silveira, mas as lembranças vêm aos poucos, não pretendo apressar a minha mente.

Fiz amizades raras, mas vivi o inferno também. Só quem passou por isso sabe.

Um dia isso tudo será somente lembrança e ficará mais fácil falar sobre isso.

Enquanto isso, peço paciência.

Grata pelo apoio dos amigos que estão presentes nesse momento. Aos que magoei enquanto em crise, eu entendo: eu não era nem de mim mesma.

Axé-Shalom!


sábado, 8 de junho de 2019

Depois da tempestade

O pior da alta após uma internação tão longa é encarar os desafios da burocracia aqui fora e encarar os afetos perdidos pela crise. A realidade é mais dura que a loucura.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Eu acabo de apagar a denúncia que fiz contra o meu pai pois ele foi feita enquanto eu estava em surto psicótico - o que me levou a uma internação por quase 2 meses nos institutos Jurandyr Manfredini e Nise da Silveira, de onde acabo de receber alta.

Quero pedir desculpas públicas não só ao meu pai como para toda e qualquer pessoa à qual eu pude ter ofendido sob efeito da psicose. Futuramente pretendo dar mais detalhes e pedir desculpas individualmente mas ainda estou sob efeito de fortes medicações, que causam impregnação.

Agradeço a todos pela paciência e atenção, apesar de tudo.

Shalom-Axé-Amen.
(P.S.: Ainda amo a todos vcs e pretendo relatar minha experiência com mais detalhes.)

terça-feira, 26 de março de 2019

The Walking Dead

Aqueles que me adoecem dizem que a doença sou eu. Parecem não enxergar o mal que fazem - matam aos poucos e depois do resultado, gargalham por sobre o cadáver.

Eu queria muito estar fazendo algo mais útil, mas nessas condições, é impossível: pelo menos na minha solidão eu conseguia escrever e lidar com a minha fé. Nesse hospício aqui onde tentam me adoecer o tempo todo, é impossível sequer pensar em algo. Até meus dons nos quais eu confiava falham: nem pra jogar tarot eu sirvo mais. Me sinto imprestável (a não ser pra quem quer me usar de alguma forma).

É como se eu tivesse morrido sem ter deitado. Sou o mais legítimo walking dead - só que com "reações monetárias". Mais Androide do que nunca, só que um robô que não dança. Nem canta. Nem consegue mais ser feliz por mais de 5 minutos (isso porque muito se esforça) - a Odalisca respira por aparelhos.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Sonhos - ou "A Quem Você Serve?"

Será que agora entendo os pesadelos que se repetiam quando eu era criança?... Nada muito repetitivo, talvez 2 ou 3 vezes cada um, mas sempre instigaram muito - talvez por isso eu nunca os tenha esquecido, mesmo depois de quase 30 anos.

Num desses sonhos eu estava prometida de me casar com um rapazinho muito simpático, todos o adoravam, mas certas coisas começaram a se mostrar contraditórias, então fui parando de beber a tal "água mágica" que ele vivia oferecendo a todos com promessas de verdadeiros milagres, mas que ao parar de ingerir descobri aos poucos ser na verdade uma espécie de alucinógeno que nos fazia enxergar um "rapazinho muito simpático" onde na verdade havia um Demônio ENORMEEE, um diabo no estilo Arcano 15 do Tarot de Marselha em versão verdadeiramente assustadora, e eu tentava denunciá-lo a todos alertando que parassem de beber daquela água, mas ninguém queria me ouvir, totalmente seduzidos com as promessas do Grande Demônio - até que descobri que na verdade o tal casamento era uma espécie de ritual no qual eu seria sacrificada "por um bem maior" (talvez até pela Humanidade, pois nada nesse sonho era pequeno, tudo era assustadoramente grandioso). Todos caçoavam de mim enquanto eu, muito triste, ia me cansando e aceitando o meu destino e o tal casamento com aquele ser estranho. Lembro de mim mesma com muita raiva por dentro mas triste e cansada por fora pois eu já não via mais solução, enquanto era vestida de noiva por todos que pareciam me ignorar e continuar rindo. Fui, então, no "grande dia", colocada numa espécie de altar de mármore no alto de uma torre gigantesca (também de mármore - o cenário típico de um ritual de sacrifício) que nos deixava, a mim e ao tal Demônio, exatamente de cara pr'uma galáxia que eu não lembrava o nome ("seria Andrômeda?", me questiono hoje em dia). Foi quando se acendeu um enorme relógio e começou uma contagem regressiva, o que fez celebrar uma pequena plateia que aguardava ansiosa lá em baixo. Em meio a esses, percebi transitar um outro "rapazinho" disfarçado - eu estava ainda deitada sobre o altar, sem esperanças, fitando as estrelas cadentes e outros eventos celestes que volta e meia vinham me distrair de tão perto, quando senti um sinal muito forte me alertando da presença dele. Num impulso, voltei-me de bruços pra confirmar essa presença lá em baixo, mas eu sentia também que eu não podia transparecer o que eu sabia. O tal Demônio perguntava o que, afinal, eu estava vendo ou procurando; eu tentava desconversar. Mas ao menos pude voltar a deitar a cabeça no mármore frio admirando as estrelas com muito mais tranquilidade, afinal aquele pelo qual eu tanto tinha esperado, o auxílio suplicado aos Céus por todo aquele período, finalmente tinha me encontrado e estava muito perto - e foi assim, respirando aliviada, que eu acordei.

Esse sonho - e outros que tive entre os 8 e 15 anos - têm rondado muito a minha mente nas últimas semanas, talvez por estarem muito próximos do que sinto viver hoje: quem (ou O QUÊ) seria o tal Demônio? Que "água" tão sedutora era essa que fazia todos os meus parentes agirem de forma tão irracional e não-empática, ignorando meu sofrimento mental? Qual era o verdadeiro objetivo deste tal Demônio?

O "pecado" pode se expressar de várias formas, das mais variadas, e ela está muito mais relacionado à falta de empatia a outro ser humano (o famoso EGOísmo) do que a qualquer outra coisa - se "só o Amor (Ágape - que vem de D'us, não-romântico) conhece o que é Verdade", e esse Amor de Coríntios 13 fala de nada mais que essa forma de Empatia, aquele que não compreende e acolhe a outro ser humano em suas diferenças e vivências NÃO AMA, nunca amou e portanto é hipócrita quando fala de D'us. A Cobra de Gênesis nunca foi sobre Sexo (que aliás, nunca foi pecado) mas sim sobre a Mentira: pra cumprir seu objetivo, fosse qual fosse, a Cobra foi capaz de não só mentir pra Eva como também de convencê-la a mentir a Adão sem medir nenhuma consequência - por pura Maldade? Por Inveja? EGOísmo? Não importa: o que importa não só pra nós aqui como também para D'us é que a Cobra NUNCA SE IMPORTOU com ninguém - tipo quem diz que "os fins justificam os meios" (a ideia mais usada no mundo pra justificar pequenas e grandes crueldades, inclusive históricas).

Quantos seres humanos (que se dizem cristãos por aí) você tem visto ultimamente servindo mais à Cobra (que engana com um Falso Poder hoje em dia expresso em dinheiro, fama, machismo, racismo, LGBTfobia, psicofobia e outras formas de opressão ou tentativa de domínio) do que a D'us (ou que dizem fazê-lo em nome "dEle")?... O parâmetro é fácil: está na falta de Empatia.

Não é bem "o quê" ou "quem": muitas vezes demônios só aparecem na nossa vida pra mostrar as faces sujas de toda a humanidade.

E você: a quem serve? A quem tem servido?

Axé-Shalom!

(P.S.: A propósito, nem todo afastamento é Depressão - muitas vezes é apenas questão de escolher viver distante de quem nos faz mal ou de quem ataca/fere a nossos valores, ou seja, sinal de inteligência. Só tem medo da solidão quem não se ama. Se não sabe, não fale - até a próxima!) 


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

"Sempre há algo pelo que vale a pena lutar"...?

Depois de alguns anos distraída demais com as árduas batalhas da vida, uma crise de personalidade me põe volta às páginas em branco: tenho tentado novamente percorrer locais antigos que eu já conheci muito bem pra tentar me reconhecer em algo, me reconectar a essa pessoa que sou e já nem percebo mais. E num desses arquivos de prints involuntários que celulares antigos armazenaram em nuvens, havia um banner salvo, desses de frases e efeito aleatórias que foram moda no Facebook por um período, com uma montagem com minha foto de perfil da época e essa frase do título. Eu realmente acreditava nisso - e em muitas outras coisas que encontrei - então... Porque não consigo mais lembrar no que eu estava pensando quando acreditei?

Entre muitas dificuldades emocionais, práticas, materiais, entre outras, minha vida tem sido um nó tão grande e creio que o mais difícil seja separar cada fio, entender como uns estão influenciando nos outros... Porque eu começo a desatar um nó, já vem outro lá na frente, e esse outro nó atropela o primeiro mas já vem um terceiro em cima e no fim... Todo o planejamento que eu tinha pra ao menos terminar o mês com um pouco de mais fé em mim mesma, foi por água abaixo. Só me resta uma sensação imprecisa de sufocamento, de que nada, nada, NADA do que eu fizer, por mais que eu tente, me esforce, por mais que eu me DÊ, nada vai dar certo. Porque eu tento. E tento MUITO. Tenho tentado COM MUITA FORÇA por anos, e tudo o que consigo é só ser carregada pelas ondas... Todo mês que começa é um "lá vamos nós", mas já são tantos meses com os mesmos resultados frustrantes que até o "lá vamos nós" já não tem nem motivação...

Resolvi então tentar me concentrar em separar cada fio de problema da minha vida e cuidar deles um por um, sem deixa-los se atropelarem, mesmo que outras pessoas ou fatores externos tentem me tirarem do foco. A questão na verdade, são 2 questões: o primeiro fato é que a cada dia que passa, mesmo depois de 2 ou 3 anos de busca por médicos que ignoram meus sintomas, eu tenho cada vez mais certeza de que realmente tenho Lúpus Erimatoso Sistêmico (doença autoimune, em que os anticorpos atacam os tecidos do próprio organismo durante as crises, e que eu já tinha até lido superficialmente à época em que investiguei Esclerose Múltipla, em 2011, mas ao qual eu não me identificava). A outra "questão da questão" é a de que nenhum médico sequer dá ouvidos às minhas queixas há mais de 3 anos, desde quanto comecei a ter problemas para levar uma vida normal - inclusive o de exercer simples tarefas laborais, o que tem me afastado cada vez mais às fontes de renda às quais eu tinha. E COMO SE TRATA, NO BRASIL, UMA DOENÇA SEM DINHEIRO E SEM APOIO MÉDICO?

Tenho tentado seguir algumas dicas e cuidados aqui e ali, principalmente de outrxs pacientes que tenho conhecido na internet - o primeiro cuidado deles foi fugir da luz solar, o que eu já fazia instintivamente, pois eu já sentia grande mal-estar quando exposta ao sol (eu só ainda forçava um pouco pois eu achava que estava me fazendo bem). Num país tropical como o Brasil, vocês devem imaginar como deve ter sido ruim pra mim durante os últimos verões, não é... Especialmente o atual, em que em tenho um gasto extra: BLOQUEADOR SOLAR. E não pode ser camada fina. E não pode ser só uma vez ao dia. A necessidade É GRANDE, de passar VÁRIAS CAMADAS POR DIA. E, infelizmente como sabemos (só não entendo bem ainda o porquê), bloqueador solar AINDA NÃO É um artigo distribuído gratuitamente pelo governo à população (questão de Saúde Pública, e não somente aos portadores de Lúpus).

Há também a necessidade de medicação: Tenho feito algumas experiências em relação à isso, baseado também nas minhas experiências anteriores com corticosteroides e outras drogas nesse sentido. São esquemas complexos e que não merecem ser expostos aqui, já que tem a ver com auto-medicação - e o faço por completo desespero, já que médicxs já tem sido irresponsáveis para comigo neste período que os tenho procurado nem sequer pedindo exames para investigação - portanto não acho nada mais justo do que EU MESMA pegar as rédeas dos meus próprios sintomas, pois na verdade, só eu sei o que eu realmente estou sentindo na minha carne... E nada mais frustrante do que você passar a vida inteira se sentindo doente e todo mundo dizendo que tudo o que você precisa é de terapia e de um "sossega-leão" porque você está ficando louca - porque tanto em rede pública quanto na rede privada, reduziram os meus sintomas à questões "psicológicas" ou "psiquiátricas" - apenas receitam terapeutas e ansiolíticos paliativos, sejam fitoterápicos ou os tarja-preta. Ignoram os gânglios inchados, manchas na pele (entre outras alterações), alta excreção de proteínas via urina (mesmo depois de 3 meses de uso de antibióticos e com ultrassom dos rins aparentemente "normal"), entre outros sintomas que me impedem já há muito tempo de levar uma vida ativa e plena como antes (inclusive de trabalhar). Resumidamente: se for pelos médicos, eu apenas devo voltar a me dopar e esperar a falência de órgão por órgão, até não ter mais jeito (e sinto que não terei mais muito tempo se eu não arriscar nada). Não que o Lúpus também não nos altere a percepção mental: entendi que ele pode, inclusive, ser a causa do meu Transtorno Bipolar, e não o contrário na verdade. Eu mesma posso nunca ter sido realmente bipolar na verdade... Digo, as crises estiveram lá, é inegável... Mas talvez isso também prove (nem que seja a mim mesma) que eu estava realmente certa de era mais loucura eu continuar tomando aqueles 19 comprimidos que cheguei a tomar até o início de 2016 (e que sequer davam conta das minhas insônias): simplesmente porque não era daqueles 19 comprimidos que eu precisava naquele momento, um tapando o buraco do outro - eu precisava tratar um Lúpus que eu sequer sabia que tinha...

São muitas as situações e sintomas que eu gostaria de abordar e discutir aqui. Penso em criar talvez alguma estrutura de mídia pra compartilhar algo que possa ser útil diante de toda essa experiência. Mas tudo ainda muito engatinhando, porque ainda estou descobrindo o Lúpus dia após dia, e praticamente sozinha; tendo que redefinir e reorganizar cada função fisiológica minha, e além de todas essas preocupações (anotações de sintomas, histórico médico, cuidados diários com pele, alimentação e medicação), há também a preocupação material para poder manter o mínimo dessa estrutura. Além de agora ter virado praticamente "sócia" das farmácias de maior desconto da internet (entre comprar medicação, protetor solar, e outros reforços possíveis), também tenho procurado  investir numa alimentação antiinflamatória e alcalinizadora, mais saudável, com menos sódio, glicose e glúten, inclusive. Hoje é o décimo dia desde que comecei esses cuidados de forma intensiva e creio que já esteja dando certo... Eu só queria conseguir fazer acontecer ao menos até o fim do mês... Quero muito, de verdade: meus dias têm sido dedicados a monitorar remédios, funções vitais, sintomas, humores, o que comi, passar coisas das mais diversas pelo corpo, enfim... Eu só queria mesmo que eu pudesse, no mínimo, voltar a ter uma vida minimamente normal. Porque não há nada mais frustrante do que dar tanto murro em ponta de faca e nada der certo... Minha família já não acredita em mim faz tempo (no fundo nunca acreditou), e já é muito difícil viver tentando se levantar sozinha, agora imagina enquanto a sua própria família segue te dando bandas pra cair de novo e se sentir sozinha e pequena de novo! Estou lutando contra o Lúpus, contra mim mesma e contra todo mundo que diz que é tudo "coisa da minha cabeça"... É uma solidão desoladora, além de muito difícil fazer tanta força apenas por ainda se sentir no direito de viver mas ao mesmo tempo olhar em volta e de repente se dar conta "será que tenho direito mesmo?..." - sei lá, é tanta gente que não presta se dando bem, e a gente que nunca sequer olhou torto pro lado só se fodendo, né... Sei lá: como eu disse antes, não estou acreditando nem em mim.

Não estou num momento bom, isso é fato. Os fogs que agora sei que também são sintomas de Lúpus, acabam também deixando os pensamentos confusos e as emoções também (visto que essa doença inflama também o tecido cerebral). Ainda estou me procurando no meio desses monte de crises, problemas, transtornos emocionais e de personalidade... Quem sou eu? Quem fui eu? Às vezes me pego me olhando em fotos antigas e quase não me reconheço... Me sinto um mingau-de-buraco-negro - vejo muito, sinto muito, mas não SEI de nada, nem o que faz realmente parte de mim. Já fiz tanto, já lutei tanto... Pelo que lutei, afinal? Em que esquina que virei que transformou tudo em que toco? Eu costumava me sentir uma pessoa abençoada, mesmo na dificuldade... O que aconteceu comigo???

Há mesmo algo na Vida pelo que vale ainda lutar? Eu não sei... Eu JURO que estou me agarrando a esse monte de coisas pra ver se ainda faz brotar alguma Esperança que me mantenha forte... Mas confesso que ainda estou perdida. Muito perdida. Não sei por onde começar, não sei se estou começando algo... E na direção de quê?

Eu só não aguento mais. Só não aguento mais dar tão errado. Eu só não aguento mais.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Parabéns aos responsáveis!

Se antes já me faltavam condições práticas, concretas, físicas, psicológicas, burocráticas, e mais um monte de coisas pra conseguir seguindo a minha vida adiante como eu sempre vim fazendo por décadas (muitas vezes cuidando até de outras pessoas), agora me falta também a autoconfiança pra pensar em iniciar qualquer coisa nova, já que me elegeram incapaz de conversar honesta e abertamente sobre qualquer assunto, tudo fica sendo jogado nas entrelinhas perturbando o resto de saúde mental que estou tentando recuperar a duras penas. Todo paciente com Transtorno Bipolar precisa de regras de convivência claras, provocar alucinações é mais que adoecedor, isso é TENTATIVA DE HOMICÍDIO. Quando eu penso que estou ficando forte (ao menos com esperança de conseguir criar uma vida com mais qualidade), forças parecem querer me sacudir de lá pra cá, e eu perco de novo a noção de segurança, perdendo o norte (e a energia) de novo. ESPERANÇA, GENTE!!! SABEM O QUE É ISSO??? Eu quero voltar a ter, voltar a acreditar que eu sou muito mais que esse monte de lixo que vocês acham que eu sou - a julgar pela forma que me tratam.

Daí vocês decidem: OU ME APOIAM OU ME MATAM DE VEZ. Porque ficar nesse "chove-não-molha", perturbando minha paz em qualquer horário sem dizer a quê, só pra ter controle sobre a minha vida, EU NÃO AGUENTO MAIS!!!

Isso está me matando. De verdade. E não tem liberdade nenhuma nisso.

(Se eu chegar às "vias de fato" do suicídio - o que eu tenho temido de fato, lutando MUITO pra não me entregar  - ao menos o motivo não terá sido surpresa.)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Teatro dos Vampiros

Eu já perdi e ganhei muita coisa na vida... Mas acho que eu nunca tinha perdido na vida algo tão básico, meu alicerce nos piores momentos de Tempestade: a minha Fé.

De todos os momentos difíceis que passei, das frustrações, das alegrias ela, a Fé sempre estava lá - o que foi decisivo para que eu não caísse em tentação nos 22 anos em que a Depressão Crônica sussurrava ideia suicidas no meu ouvido (e era a todo dia, todo momento). Hoje a Depressão parece estar de volta, e apesar de todo meu histórico médico, dessa vez não parece ser meramente química. Não sei dizer exatamente quando começou, mas sei como, creio eu.

Talvez, em algum momento da vida eu estivesse confiante demais nas minhas capacidades, mas não olhei pras minhas necessidades. Foram várias vezes acreditando muito, superando dores e males físicos porque, afinal, eu sabia enfrentar a vida sozinha, porque a Vida me deu a Negligência e Rejeição de presente desde a tenra infância como excelentes professores. Mas tem uma hora que o desequilíbrio aperta, e você já não confia mais nem em si mesma porque reuniu todas as forças como pode por tantas vezes, investiu seu tempo, dinheiro, sangue, suor e lágrimas... E tudo que consegue ter, em tudo, é frustração. E esse acúmulo de frustrações e de promessas vazias que nunca se cumprem vão virando uma bola de neve e jogam no peito a sensação gelada e vazia de um buraco escavado no peito, como se me tivessem roubado a Alma... Na verdade, chega a ser uma sensação bem física, com outros sintomas que surgiram junto (e que me recordo de terem se iniciado talvez entre abril/maio de 2017).

Já busquei muitas tentativas de explicação a mim mesma, muitas possibilidades de solução, mas nas poucas vezes que pedi ajuda, o que ouvi era que tudo era minha culpa mesmo, que ter vivido todas as perdas que vivi foi culpa minha, e posso até concordar - mas porque essas pessoas resolvem tomar conta de seus Pedestais Julgadores quando se propõe a "ajudar"? Que ajuda é essa que só te abraça se você fizer o que eles querem? Essa ajuda é realmente desinteressada ou está motivada por "marketing religioso" - aquele que só ajuda pra ser visto como "umx bom filhx de D'us".

Não é difícil entender que pouco ou nada se saiba da vida de Jesus antes dos 30 anos: quem se preocuparia em registrar a vida de um cara que abandonava o próprio lar pra abraçar leprosos, assaltantes, prostitutas, pagãos, etc? PIOR: que frequentava seus lares sem pudor, repartindo de pão, peixe e vinho - simplesmente porque Jesus entendia que D'us morava na Alegria... Enfim: Jesus era tudo que os cristãos de hoje odeiam (há uma breve descrição sobre o que pensavam de Jesus em João 21 já naquela época e "santo" não é exatamente uma das definições), a diferença é que ele tinha uma Fé inabalável - que eu também pensei que tinha, mas parece q não era tanto assim...

Sei que busco alguma faísca, talvez nos olhos de alguém, que talvez me faça voltar a acreditar... Porque é muito difícil ter consciência de que se precisa de ajuda, mas não confiar em mais ninguém que possa (até porque já não se confia em si mesma).

Eu agradeço de verdade, mas o que eu preciso agora não é de "aventura" - nem toda Depressão se cura da Depressão em si, mas da investigação de suas causas. O famoso "levanta dessa cama", além de ineficiente chega a ser chato e ter efeito contrário, pois ninguém sabe o que faz a pessoa deitar nela, além de ser extremamente cansativo fingir alegria enquanto por dentro você só queria não estar ali. Eu entendo que cada um tem seu jeito e preferências pra viver - eu só queria, talvez, encontrar um lugar meu, com pessoas que ao menos compreendessem que o que me faz feliz são outras coisas. Eu não preciso me encaixar, eu preciso ser amada sem ilusões estúpidas, preciso de alguém concretamente ao meu lado que se importe em não me deixar cair no chão... Ou ao menos que não tente jogar meu coração barranco abaixo toda vez que tento me aproximar (ou que, sei lá, não tivesse medo do meu pai - é esse o problema???).

(Acho que em meio a tantas crises de Despersonalização e Desrealização, fica ainda mais difícil acertar o passo ou ter fé em algo... Será que devo me render ao retorno dos antipsicóticos?... Ou é essa condição que os Cegos do Castelo esperam de mim?  Fica o "dever de casa" pro FDS.)

Até lá, vamos nos falando...


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Pequenos Feminicídios do dia-a-dia

Esse texto-desabafo meu não é novidade - tanto pelos abusos que são vividos ainda todos os dias por milhares de mulheres ao redor do mundo, quanto pela data em que foi escrito: 11 de abril de 2017, mas o ocorrido mesmo tinha sido 7 anos antes. Eu o tinha publicado via pseudônimo, pelos óbvios medo e vergonha que acompanharam esse fim doentio a um casamento que durou quase 12 anos e rendeu 2 filhas. Mais que isso: ao fim do relato ficam ainda mais óbvias as razões que me estimularam a permanecer calada: o Patriarcado ainda existente de forma tão sólida, o que transforna a vida de mulheres como eu (e não só) um mero objeto de negócios na visão e nas mãos de homens brancos (neste caso, meu pai e meu ex-marido) que ainda hoje parecem mais agir como colonizadores.

Segue então o relato. Aviso desde já que pode provocar gatilhos psicológicos (crises de ansiedade, por exemplo) pois relata um abuso sexual com muito mais detalhes do que eu gostaria. Mas atesto a veracidade dos fatos e talvez hoje eu ainda seja capaz de mais detalhes se eu me esforçar...

"Hoje não vim escrever poesias. Porque se tem um tópico que dói e eu não consigo transformar em algo bonito, são as relações violentas.

Eu mesma nunca apanhei, propriamente. Nunca recebi um tapa, nunca ganhei arranhões ou hematomas. E por muitos anos, achei que eu estava a salvo. Mas vivi uma série de outros abusos, todos citados nas cartilhas disseminadas nas redes sociais, aliás. Inclusive o estupro. Estupro dentro de um relacionamento em que confiei minha vida. Em que eu dormia tranquilamente ao lado do inimigo sem saber de seus planos e do que era capaz.


Quando comecei a perceber que aquela relação não me acrescentava nada de bom, só me adoecia, fiquei reclusa por 1 semana. Afinal não era fácil lidar com o fim de uma relação de mais de 10 anos com uma família formada. E eu ficava insegura quando pensava sobre o que esperava por mim dali em diante, depois de todo esse tempo isolada do mundo, fora do mercado de trabalho, afastada dos amigos... Mesmo assim, pesei prós e contras e decidi acabar com aquilo. Ele dizia que não tinha pra onde ir, e pediu pra permanecer na mesma casa que eu por algumas semanas, até encontrar onde ficar. Passei a dormir no quarto das crianças, e nesse tempo, houve meu aniversário de 30 anos, data importantíssima pra mim.


Ele me viu convidando meus amigos na internet pra comemorarmos na Lapa. Com o discurso de "vamos nos separar com um bom relacionamento, em nome das boas lembranças e das nossas crianças...", ele perguntou, quase humildemente, se seria possível ele ir também. Eu disse que era ok, mas que ele não mantivesse a ilusão de que, mais uma vez, eu cederia e reataria.


E lá fomos nós. Só quem compareceu foram os amigos dele. Fui com grana contada pra tomar uns 2 drinks, que mesmo fraquinhos, seriam o suficiente pra me deixar "alegrinha". Em alguns momentos, eu me incomodava porque ele forçava a barra de ficar abraçando, como demarcasse território, ou achando realmente que se eu estivesse bêbada, poderia me "reconquistar".


Eu tinha batido minha cota, quando outras bebidas chegaram sem que eu pedisse. Ele dizia que tinha pedido por mim, e mesmo que eu argumentasse que eu não tinha grana pra pagá-las, ele dizia que era meu "presente de aniversário". Mal sabia eu que seria o pior presente da minha vida.


Na quinta ou sexta dose, eu estabeleci que eu não beberia nada, mesmo que ele insistisse, independente do que chegasse à mesa ou se alguém pagaria por mim. Recordo apenas de nos levantarmos da mesa e enfrentarmos a fila pro caixa pra pagar a conta, mas daí em diante, só lembro de flashes. Lembro de, na fila, ele ficar segurando minha mão e eu me afastando (mas não muito, senão eu sairia da fila de pagamento e eu fazia questão de pagar minha parte). Lembro dele querendo discutir comigo por ciúmes de d'uns amigos que ele mesmo levou. Depois lembro das pessoas se despedindo de mim e eu simplesmente sem conseguir reagir nem responder. Compreender e balbuciar palavras desconexas já era um grande desafio pra mim.


Depois lembro de flashes d'eu ter sido praticamente carregada até o carro de uma amiga (dele). Eles conversavam animadamente nos bancos da frente, enquanto eu, largada no banco de trás, tentava entender o que tava acontecendo. Já bebi muito mais de bebidas muito mais fortes, eu nunca tinha vivido aquilo! A visão um pouco turva, eu não conseguia entender o que me perguntavam, menos ainda elaborar uma resposta e dá-la.


E os flashes, apenas eles, vão prosseguindo, às vezes fora de ordem. Lembro dele segurando meu braço pr'eu não cair da escada de casa. E que quando botei o pé em casa, logo corri pra cama, porque eu REALMENTE precisava dormir. Eu não tava passando mal, mas... Também não tava bem.


Foi quando ele veio pra cima de mim na cama. Eu insisti que eu só queria dormir, que eu não queria nada com ele. Ele não aceitou e seguiu em frente mesmo assim. Quando percebeu minha resistência (ainda que sem forças e sem coordenação motora), ele se aproveitou por ser grande e, com uma mão segurou meus 2 pulsos, e com a outra arrancou minha roupa. Eu tentava chutá-lo pra longe, me debatia, mas meu corpo não respondia a contento. Daí foi a primeira vez que "apaguei".


Daí em diante só lembro mesmo de pequenos flashes. Em um momento eu achei que ele realmente tinha desistido, pensei que ele também estaria bêbado demais e tinha desistido do que queria fazer. Antes fosse!! Ele só tinha ido ao armário buscar o que parecia ser um saco de plástico preto com algumas coisas dentro. Ele ficou procurando algo dentro desse saco, pareceu ter encontrado, e eu não identifiquei que objeto era. Apenas lembro que era cilíndrico, porque foi introduzido no meu canal vaginal. Meu corpo já não obedecia mais minha ordem de sair correndo dali, ou, no mínimo, gritar, me debater, qualquer coisa. Eu era um cadáver de sangue quente naquela cama, apenas. Nesse momento comecei a compreender de que tudo tinha sido planejado. Me embebedar (antes d'eu me dar conta de que eu na verdade fui dopada) e usar todas aquelas "coisinhas" do saco preto em mim, da forma mais vil, sem o mínimo de consideração pelas "boas lembranças e a boa relação pelas crianças". Naquele momento ele passava de "homem que mais confio no mundo", para o "homem mais nojento do mundo". Traiu minha confiança, dentro de casa, mais uma vez. E no dia seguinte - isso me deu ânsia de vômito - ele fingiu, cinicamente, que nada tinha acontecido, chegando a me colocar dúvidas do pouco que eu lembrava.


Mas o corpo grava sinais, e quando percebi, ordenei que ele se mudasse. Em nome da nossa "boa relação com as crianças". E em nome disso, e por causa da vergonha, eu não denunciei. Eu só tinha tido coragem de contar, quase pedindo uma orientação 3 dias depois, aos meus pais. Mas tudo que ouvi deles foram expressões do senso comum, como "c* de bêbado não tem dono mesmo... Quem mandou beber?" e "ele é seu marido! Ele tem direito, ué!". Mais uma vez, em poucos dias de ter completado 30 anos, pessoas que eu mais confiava no mundo me viraram as costas.


Anos depois, hoje consigo falar que sofri ESTUPRO MARITAL, e que eu sofri várias outras vezes quando eu tomava calmantes pra dormir. Da primeira vez que tive coragem de declarar publicamente, ele ficou irritado, porque era implícito que era ele o criminoso - e a maior preocupação dele sempre foi sua imagem pública. Então, com ajuda dos amigos dele, arrecadou provas do que eu teria dito e fez um B.O. contra mim por calúnia. Dei a sorte de pegar um delegado que parecia experiente nessas situações e que, mesmo sendo um homem desconhecido, conseguiu me amparar naquele momento, como meus pais não conseguiram, no momento em que depus. O processo seguiu pra uma audiência de reconciliação, pra onde fui munida de todas as provas do que eu tinha a dizer, independente do abuso que citássemos. Nem precisou: com certeza ele foi muito bem orientado por seus caros advogados de que ele só ia perder muita grana dando continuidade naquilo, então, antes mesmo que eu pudesse abrir a boca, ele pediu pra anular a acusação. Eu ainda saí daquela sala com a "ameaça" da juíza de que se eu repetisse aquilo, eu seria reincidente. Eu nem pensei em nada, eu só queria sair correndo daquela sala só pra não olhar pra cara daquele agressor, ou mesmo ser, mais uma vez, assediada por ele, mesmo ele já estando casado novamente - praticamente desde que nos separamos, aliás.


Vocês acham que o Feminismo é mesmo composto por MIMIMI, não é? Vocês, que assim o dizem, não aguentariam 24 horas na pele de uma mulher. Nem em culturas ainda muito castradoras e misóginas, nem na nossa sociedade "livre e pós-moderna". Os últimos casos que têm pipocado na mídia só reafirmam que nós, mulheres, não vamos mais segurar caladas. Vocês, homens, podem até conseguir nos vencer na força, mas com certeza vão ter que nos ouvir GRITAR!!


Qualquer pequeno abuso que se tenha percebido, dê um corte. Não aceite desculpas. Não deixe passar. Tudo começa com um abuso "só de leve", e a gente vai relevando, e os abusos chegam a essa situação que contei por hoje.


Acolham-se, moças!! Acolham-se!! Só a União pode nos proteger.


ESTUPRO NÃO É SEXO! ESTUPRO É DOMINAÇÃO DE OUTRO SER HUMANO."

domingo, 6 de janeiro de 2019

"Obrigado não"

Certa vez citei, aqui mesmo neste blog, que a "fórmula mágica de D'us" seria a , e que está seria composta de Amor+Vontade.

Amor não falta, eu sei. Mas já a Vontade...

E por que será?

Porque quando a gente já acreditou em mil mudanças e nada muda, as coisas continuam sempre as mesmas, mesmo que a gente tenha bancado a idiota várias vezes, se entregado com a ingenuidade de uma criança... Enfim.

Só sei que eu já to de saco cheio de jogos, gincanas, indiretas, essa cambada de gente, entre bons e péssimos atores, que fica me observando e jogando palavras como se eu devesse fingir que eu não to escutando...

Sei lá do que se trata, sei lá se vale alguma coisa ou não, eu só sei que o saco de cheio já estourou. Se do meu silêncio depende qualquer promessa de ganho, eu quero (com o perdão do termo a quem acompanha o blog há mais tempo) mais é que SE FODA. Eu sempre trabalhei pra conseguir as minhas coisas, tenho plena consciência das minhas dificuldades, só eu sei o porque d'eu ter chegado até aqui, dos meus obstáculos, das feras que enfrentei e venci... Nunca tive medo de trabalho, mesmo tendo as minhas limitações. Não vou  mais ficar me fazendo de maluca pela possibilidade de ganhar algo (aliás, se antes eu o fazia, era porque fui levada a temer pela segurança de outres envolvides ou mesmo a acreditar que eu os estava auxiliando ou auxiliando esta relação de alguma forma - RELAÇÃO??? Mds, que relação se a pessoa nem fala comigo?...).

Enfim, fica aqui a minha declaração de que eu to fora desse negócio porque eu não assinei contrato nenhum pra ter que arcar com as responsabilidades de algo que eu nunca aceitei - em outras palavras: se tem uma coisa que eu não sou é OBRIGADA - aliás, sequer sei com quem estou lidando: será mesmo quem eu penso? Quem estará por trás de cada batalha? Estaria eu lutando pelas pessoas e causas certas?... Difícil permanecer sem saber.

Uma boa vida a todes, porque eu to indo viver a minha!

Au revoir!

Ao meu lado quem queira. Contra mim, quem possa.

Axé-Shalom!