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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sentimental

É no sussurro das palavras confessadas que revelas a mim, na intimidade dos nossos contatos, o que é inconfessável pela tua boca. Há sempre uma certa solenidade nas formas em que expressas teu afeto quando estamos sós, como se houvesse um conflito entre a liberdade da nossa privacidade e o fantasma da culpa. Ora, mas haveria alguém de ter culpa de amar? Tens culpa dos sonhos que tens comigo? Tenho culpa dos sorrisos que deixas escapar quando nossos olhares se encontram? Temos culpa de ouvirmos os segredos do Paraíso num simples abraço? Quando, enfim, entenderás que pessoas se encontram na vida sem aviso prévio e simplesmente se apaixonam?

Antes pudesse tudo ser calculado... Mas os anjos têm calendários diferentes dos nossos. Eu não esperava reconhecer um pedaço de mim em ti quando meus olhos te tocaram pela primeira vez. Eu não esperava que nossas bocas se comunicassem tão bem, tanto fisicamente quanto no abstrato das palavras. Esperavas tu, encontrar a "mulher de verdade" com quem partilhas cenas de jardim de infância? Esperavas alguém que te lesse ou que te inspirasse cenas de ciúme tão patéticas? Quem espera por essas coisas? Quem as programa? Quem adivinha as vontades do Divino?...

E sussurras assim, quando eu menos espero, pequenas doçuras diárias, pequenas preocupações, beijos mandados pelo ar, desejos de boa noite. Mesmo quando eu pareço alterada, sussurras o cuidado que necessito. E mesmo nas nossas reconciliações, sussurras a curiosidade de quem só quer matar a saudade...

Perdão pela minha indiferença. Perdão pelo meu excesso de sensibilidade. É que às vezes esse amor é tão simples e enormemente insuportável para um humilde coração que simplesmente não esperava tanto... Tanto que às vezes eu desejava que fosse ficcional.

Perdoa-te a ti mesmo, também. És, simplesmente, humano. Não tens direito de magoar a ti mesmo.


"Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, ET, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura." (Tati Bernardi)

Shalom!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Resumo de Carnaval

4 dias de isolamento em casa. Caipifrutas inofensivas. No último dia, churrasco prá quem nem come carne. De Madureira à Lapa: vodka com coca, vodka com energético. Beatles. Dança. Beijo na boca. Apagão. Acordo suja e com o cotovelo ralado. Perdi minha bolsa, perdi um dos chinelos. Pelo menos eu não tava sozinha - reencontramos os outros e minha bolsa tava com eles. Alívio. Abandono o outro pé de chinelo, volto prá casa de pé no chão.

Não me perguntem nada além disso, porque eu simplesmente não me recordo.

O imprevisível sempre prevendo minha vida...

Shalom!


domingo, 10 de fevereiro de 2013

"Coisas que eu sei..."

Muita gente me procurou a vida inteira em busca de conselhos. Mesmo na tenra idade da pré-adolescência, adultos viam em mim uma conselheira. E eu sempre soube lidar com isso. Simplesmente porque é mais fácil lidar com os problemas alheios, não é?

Não exatamente. Nunca tive problemas em encarar de frente meus problemas. Me considero uma pessoa forte nesse sentido. No entanto, mesmo que eu consiga dizer aos outros o que fazer e o que sentir, eu não sei lidar com minhas atitudes e sentimentos.

"Por que são seus. Se fossem de outra pessoa era só mandar catar coquinho e dane-se", minha irmã me disse, recentemente. E é verdade! Se gostam ou não de mim, estou pouco me lixando. Se me odeiam ou adoram, o problema é de quem sente. AÍ É QUE ESTÁ: o problema é de quem sente. Eu consigo lidar com o fato de talvez não gostarem de mim, mas não consigo lidar com as pessoas que eu não gosto. Eu consigo lidar sarcasticamente com a raiva de alguém direcionada a mim, mas não consigo lidar com a minha própria raiva retida. Daí me dá azia, indisposição, vontade de dormir o dia inteiro prá ver se passa... E não passa! Como lidar?

Na sexta-feira, Dona Maria Mulambo - que não a minha - me questionou sobre minha insegurança. E aí? Como eu faço prá exterminá-la? Ela fez lá algumas recomendações, no entanto esse já é um problema meu muito antigo, tão distante quanto as lembranças mais longínquas que consigo ter. Gosto de ser como sou, mas é tão superficial... Não consigo me amar intrinsequicamente. Em algumas leituras, dizem ser um problema de relacionamento com os pais, lá mesmo, na infância. Bem, meu relacionamento com meus pais foi bem atípico - como discutirei n'alguma outra oportunidade - mas o passado não dá prá mudar. O que me importa é o "daqui prá frente"! E como será daqui prá frente?? Como eu mudo meus padrões de comportamento?

Estou fazendo as pazes com minha Oxum, como recomendado. No entanto, da parte psicológica, cuido como? Volto ao terapeuta? Leio mais auto-ajuda? Repito mantras de positividade?

E a minha raiva?? Dou um murro na cara de quem cobra sem dar? De quem dá ataques de ciúme sem saber dar exclusividade? De quem chega a invadir minha privacidade prá satisfazer seu próprio ego?... (Preciso de algo que não o diálogo, porque esse eu já tentei...)

Grrrrrrrrrrrrrrrr...

Enquanto não consigo descobrir, vou estudar que rende-me mais...

Shalom!



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Eu não pertenço a você

Pára! Essa coisa tá fugindo do controle. Ou tu paras, ou tu te entregas.

Não há como cobrar de mim comportamento que não podes dar. Escolheste tu assim. E não há nenhum tipo de controle que tu possas exercer sobre mim. Não há nada na minha vida que tu tenhas direito de bisbilhotar, não tem ninguém nesse mundo que tu tenhas direito de ter ciúmes. Eu toco a minha vida como eu bem entender, tua invasão de privacidade não vai me tolher. Aceite. Aceite isso ou mude. Dá-me também a exclusividade que de mim tu cobras, ou sofra em silêncio o corroer dos ciúmes dentro do peito.

Seria tão simples... Bastava apenas um gesto, uma atitude, uma palavra. Mas tu preferes que todos os envolvidos sofram... Quem sou eu prá salvar alguém? No entanto sou mais que suficiente prá salvar a mim mesma dessa situação rocambolesca. To cansada disso, de ter medo de sentir. É sempre tanta alegria, depois tanta dor... Quero sumir! Deixa-me aqui, sozinha e não vasculhes minhas coisas. Solta-me de vez ao mundo ou agarra-me firme, como nos passos de dança. Mas não me mande ir, não diga que não te importas, porque enquanto eu acreditar e me for, tu não vais poder cobrar nada de mim.

Sou tua enquanto fores meu. Se te negas, também me negarei à tua invasão.
Então, pára! Melhor parar por aí....

Shalom!



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"Um homem também chora" - Gonzaguinha

"Um homem também chora, menina morena, 
Também deseja colo, palavras amenas... 
Precisa de carinho, precisa de ternura, 
Precisa de um abraço, da própria candura... 

Guerreiros são pessoas tão fortes, tão frágeis 
Guerreiros são meninos no fundo do peito... 
Precisam de um descanso, precisam de um remanso 
Precisam de um sono que os tornem refeitos... 

É triste ver meu homem, guerreiro, menino 
Com a barra do seu tempo por sobre seus ombros... 
Eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra 
A dor que tem no peito pois ama e ama... 

Um homem se humilha se castram seu sonho 
Seu sonho é sua vida e vida é trabalho... 
E sem o seu trabalho o homem não tem honra 
E sem a sua honra, se morre, se mata... 

Não dá prá ser feliz, não dá prá ser feliz..."