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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Para uma boa faxina, é preciso tirar tudo do lugar

Arrastar móveis, tirar poeira, separar coisas que não queremos mais, enfim... Mas antes é preciso reconhecer a bagunça que nossa vida está.


Dizem que quando Exu tá nos guardando algo muito bom, ele dá uma "bagunçada" na nossa vida antes - outras religiões chamam isso de provação. Não importa, o processo é o mesmo, porque a Espiritualidade sabiamente não dá nada sem a certeza de que saberemos aproveitar as oportunidades.


Eu já tive essa sensação na vida: da Vida virar de cabeça pra baixo e, de repente, tudo se transformar - mas acima de tudo, EU me sentir transformada de dentro pra fora.


Um desses grandes processos que me transformaram foi ter tido a força de pedir a separação. Fui humilhada, perseguida, perdi muita coisa que me era cara (inclusive a guarda dos meus filhos), fui acusada de coisas que nunca fiz. Mas NÃO VOLTEI ATRÁS. Foi 1 ano procurando emprego enquanto segurava a onda de um Transtorno Bipolar desregulado (mais pra depressão) e dando uma lida aqui e ali pra tentar o Enem (no qual me inscrevi com o apoio da minha ex-sogra mas eu nem tava preocupada em passar ou não). Não dá pra contar nos dedos as madrugadas em claro que passei - ora por fome, ora por preocupação - ajoelhada, chorando e orando pedindo a Deus por forças pra superar aquela fase. Foi nessa época em que fui me aprofundando na Kabbalah e aprendendo a respeitar e confiar nos processos. De fato, até o fim do ano eu não tinha conseguido emprego, mas consegui o inesperado: mesmo fora do colégio havia mais de 15 anos e sem estudar, consegui no Enem nota suficiente pra entrar pelo Sisu em 2 universidades federais e ainda consegui vaga pelo Prouni.


O duro foi escolher o curso, mas depois de feita a matrícula, me senti a mulher mais poderosa do mundo, afinal, sozinha eu tava conquistando um dos grandes sonhos da minha vida! E ali eu já senti uma leve transformação: conseguia diferenciar quem era eu antes e quem passei a ser depois de ter me separado.


E a gente vai ficando mais madura e acha que já está ficando "velha demais" pra viver outro acontecimento que nos transforme tão profundamente... Ledo engano.


Mal sabia eu que ia viver um processo tão intenso quanto sair da realidade por um surto psicótico, ter passado uma temporada num hospital psiquiátrico vivendo e sentindo de tudo, sair e no processo de "reorganização da mente" cair direto numa pandemia... Mais de 4 anos de sensação de não-pertencimento e desorientação. Mas retomei a minha fé: voltei a entrar em contato com meus guias; pedi, implorei colo e orientação, e o mundo parecia continuar desmoronando... Mas nada é no nosso tempo, né? E no tempo certo veio um sinal daqui, outro dali, pessoas entrando em minha vida como se tivessem a missão de "virar chavinhas" na minha mente... E parece que meu coração acordou! Sim, toda aquela paixão de viver, realizar e fazer acontecer retornaram ao meu peito e já nem consigo me conter! Eu já nem me reconheço mais: é como se a Dannie de antes fosse outra totalmente diferente da de agora! 


Em primeiro lugar, já não venho me sentindo refém do Transtorno Bipolar (nem da depressão) faz tempo: aquela sensação que eu tinha antes de não fazer ideia de como eu iria me sentir nos próximos 5 minutos se foi. Me sinto estável e feliz por isso (enquanto antes a estabilidade dava tédio). Tenho muito mais consciência de quem sou e do que quero. É claro que a mudança de psiquiatra e o período de terapia TCC me ajudaram muito também, mas não dá pra ignorar que a forte experiência que vivi me transformou. Observando outras pessoas, percebo que é comum que quem passou por experiências extremas acabam dando mais valor às pequenas coisas da vida e à própria vida em si (ao contrário de quem foi mais "protegido" das dificuldades, digamos assim). E isso só faz eu me orgulhar da mulher que sou e que tenho me tornado a cada dia.


É isso: meus desafios ainda não findaram, mas os estou vivendo com a fibra que sempre tive e achei ter perdido. Mas, pra além disso: com a alegria da minha criança interior que por anos teve que sufocar seu real propósito.


E isso não tem preço.


"I'll be raising from the ground like a Skyscraper..." (Demi Lovato).


Axé-Shalom-Amém!