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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

"Como se Duas Facas se Riscassem Procurando o Corte..."

Faz tempo que eu já não penso na gente, né... Eu sei, eu já tinha aceitado nosso destino, mas aquele sonho de setembro que veio do nada acendeu minha ansiedade. Ter sentido seu abraço, ouvido sua voz e ficar ali, assistindo você falar gesticulando do jeito que só você sabe mexeu tanto comigo que até demorei a acordar, sentindo sua presença tão forte me deixando aos poucos. 


E outros sonhos confusos eu tive, misturando mil paranoias. Perguntei então aos oráculos que já conheço, mas lê-los pra mim mesma já é complicado, ainda mais ansiosa. Então encontrei alguém que lesse pra mim - e as verdades que ouvi foram inacreditáveis: a pessoa refez todinha a nossa história na minha cabeça e eu entendi muita coisa. 


Então outros sonhos vieram pra acalmar ainda mais meu coração, como aquele sonho da Cartomante (em que eu embarcava numa viagem deixando o recado "ó, avisa a ele que não deu pra me despedir, mas assim que eu voltar, eu ligo") e um outro em que minha Cigana me avisou: "se acalma! Você não precisa fazer nada! Vocês têm dois processos a passar, e já passaram por um... Só falta o segundo..." (não entendi que "dois processos" são esses, mas eu sempre confio em meus guias).


Acho que, no fundo no fundo, pra começar, seria importante a gente um dia poder botar tudo em pratos limpos. Mas de forma madura: sem máscaras, sem mentiras, sem dramas. E pra ser bem sincera, apesar d'eu ainda saber que o amo muito, eu não faço ideia de qual seria minha reação se a Vida me colocasse de frente a você nesse momento. Porque são tantos sentimentos misturados... Tantas mágoas que calei na época, tantas perguntas, tantas fofocas que escutei, tantas incertezas... Sei que não sou santa e errei muito contigo, já inclusive busquei muitos meios de pedir perdão sem resposta, mas essas culpas hoje já não me pesam tanto nas costas. Talvez você esperasse de mim um ser perfeito demais pro que eu sou, talvez eu tenha atingido os seus pontos mais frágeis - mas, entenda: tudo que arde, cura. Ou você ainda não entendeu que eu não nasci pra ser seu estandarte, mas sim o mertiolate da sua vida e te questionar, enquanto a maioria sempre só soube te responder "eu concordo"?


Você também entrou na minha vida pra me ensinar muita coisa - inclusive que sou sim, capaz de ser amada, a acreditar mais em mim e na minha forma de amar, mesmo que pelos outros eu fosse considerada ridícula (até porque nós dois, quando juntos, não passávamos de dois ridículos - imagino Fernando Pessoa rindo de nós). Me ensinou justamente a buscar meu espaço de ser ouvida, quando nem eu mesma confiava na força da minha palavra... Seria por isso que você pode ter se sentido traído? 


E você já parou pra pensar alguma vez em como EU me senti traída tendo sido levada por você a acreditar numa história de amor que SÓ VOCÊ já sabia que não teria futuro? Quantas dúvidas e noites solitárias pensando em como me afastar pra não ser apenas mais um instrumento em suas mãos? Os planos que eu arquitetava caminhando até a Urca decidida a fugir dos seus gracejos, abraços (às vezes até carregando no colo), das flores e frutinhas que você arrancava dos arbustos do caminho e me oferecia; das centenas de mensagens a qualquer hora do dia ou da noite... Das 15, 20 ligações por dia, algumas de 2 horas de duração às vezes só falando bobagens (lembro até do dia que você me deu bronca porque a SUA mulher tinha visto no seu celular essas ligações que VOCÊ me fazia - eu sempre odiei ligar, até hoje sou da escrita)... E do coração que você desenhou e pintou no meu caderninho (sem deixar eu ver) dias depois de ter agradecido pela carta-declaração que te escrevi de aniversário mas dizer que "achava bonito, mas não sentia nada daquilo". Olha... Você me deu muito trabalho! Até mesmo no dia que conversei seriamente com você e pedi pra gente se afastar pois todo aquele "namoro de quinta série" tava me fazendo mal, e você até concordou (depois de muitos argumentos), escondendo os olhos vermelhos, mas não durou muito... Logo estávamos grudados de novo e era muito difícil amar alguém que dizia não me amar (por motivos que até hoje não entendo) mas agia como se eu fosse o amor de sua vida...


Mesmo assim, a gente se fazia bem. A gente estimulava o melhor um no outro. Você se interessava em ouvir meus problemas; meus pensamentos, sentimentos e intelecto, e toda vez que você estava a se posicionar impulsivamente da forma que aprendeu por anos, eu tava lá pra segurar sua onda e mostrar que não era bem por aí. Você era a Força, eu a Estratégia. Só que a Vida realmente teve que nos afastar, né: primeiro a ti, a quem "acusei" de jubilado. Depois a mim, que realmente fui jubilada, ironicamente. Engraçado, né... Bem, eu prefiro olhar hoje isso tudo com bom humor. Afinal, é o que me resta, dentre tantas preocupações que tenho que pensar agora... Acho que por isso também não tenho pensado em nós: agora eu sei dos meus processos antes de (re)inserir qualquer pessoa na minha vida - além de todos os meus problemas, eu vou ter que estar aberta ao que você tiver a oferecer. Será que eu tô pronta?... Você também deve estar tendo os seus processos - quem sou eu pra atrapalhar?...


Por isso sigo confiando na Espiritualidade: eles não erram nunca - quem erra sou eu que volta e meia interpreto tudo errado.


Axé-Shalom-Amém!

domingo, 21 de janeiro de 2024

Num dia, filhos dos filhos; no outro, pais dos pais

Na virada desse ano, perdemos 1 de nossos 4 cães: foi enquanto eu terminava de fritar rabanadas na cozinha que a nossa Pituca deu seu último suspiro, deitada no mesmo canto do sofá da sala, ao lado do meu pai, onde descansava enquanto encarnada. Fomos um tanto pegos de surpresa porque, apesar da longevidade dela, ela era a que ainda se apresentava mais saudável e ativa que as irmãs da mesma idade e a mais velha. Mas, enfim, só restou a meu pai esperar eu fritar a última rabada pra ajudar a ensacá-la num plástico reforçado e seguir a tradição da família de enterrar os cães no fundo do quintal.


Eu não sei se é assim com todo mundo, mas toda morte me faz refletir sobre os Ciclos da Vida. E não só mortes, mas nascimentos também - eu lembro bem de quando eu estava grávida (e estive por 4 vezes, 2 nascimentos e 2 abortos espontâneos - ou seja, os 2 extremos). O fato da Pituca ter partido justamente na antevéspera do réveillon, momento em que fechamos o ciclo de um ano para receber um novo; logo após também eu ter fechado um ciclo e aberto um novo no meu aniversário 2 semanas antes, toda essa reflexão sobre ciclos giraram ainda mais e mais na minha mente.


Afinal, já que não tenho mais avós vivos (a "última sobrevivente", minha avó paterna, se foi aos 99 anos em 2022) e que minhas sementes já estão maduras, eu já tava naquela fase de me preparar pra POSSIVELMENTE ser avó (o mais velho já disse que não quer ter filhos, mas já a caçula, não faço ideia - só espero que não tão jovem, claro). Porém, ao acompanhar minha mãe ao médico essa semana (e eu nem iria, só peguei carona no Uber que meu pai pediu), essa questão não é a única que a meia-idade está me trazendo.


Já há tempos que venho correndo contra o tempo pra voltar ao mercado de trabalho depois da internação e do período pós pandemia, infelizmente, sem sucesso. A idade sempre pesa. Enquanto isso, venho ajudando em casa e cada vez mais, pois minha mãe é obesa mórbida e tem problemas de mobilidade. A medicação parece também estar  deixando seu raciocínio cada vez mais lento, então, além da limpeza de uma casa que comporta 4 pessoas e agora, 3 cães, também fico responsável por cozinhar pra família toda quase todo dia. Além do mais, também ajudo meu pai com as compras semanais, e quanto mais o tempo passa, percebo que ele, que sempre foi resistente, anda cada vez mais cansado - afinal ele sempre fez tudo por todos em casa e já vai fazer 73 anos. Aliás, logo depois da morte da minha avó no ano retrasado, ele já começou a me preparar sobre quais procedimentos tomar caso aconteça algo a ele (tipo, acionar o seguro funerário, solicitar a pensão da minha mãe, anunciar e vender seus equipamentos do estúdio, etc). Agora ele está com cirurgia de catarata marcada, o que precisa de acompanhante, e já me deixou de sobreaviso. Até aí, tudo tranquilo. O problema é que minha mãe também está com catarata e, a princípio, somente meu pai iria acompanhá-la nos exames. Ainda bem que eu também estava lá: foi difícil subir no ônibus até o metrô, depois fazê-la subir as escadas, depois passar na passarela (porque ela entrou em pânico), depois descer as escadas, entrar no metrô, sentar (até outras pessoas tiveram que ajudar), depois mais escada pra subir, outra passarela pra entrar em pânico e alguns metros pra andar até chegar em casa. Fizemos o percurso num tempo 4 vezes maior que o normal, até porque toda hora minha mãe parava dizendo que ia desmaiar. E depois de 8 horas fora de casa e todo esse trabalho físico e emocional, ainda tive que cozinhar. E o pior: marcaram o retorno pra amanhã. Foi aí que meu pai se deu conta que não dará conta sozinho e pediu minha companhia novamente. Foi aí que pensei: "E agora? Meus pais estão precisando cada vez mais de mim!! Como seria conseguir lidar com um emprego regular e dar conta disso tudo (além da minha própria saúde física e mental)???".


Abri meu coração pro meu pai pra, quem sabe, me ajudar a ter uma ideia. Afinal, eu preciso ter minha renda, ainda quero reformar meu cantinho, comprar minhas coisas de forma independente (e minhas economias estão indo embora...). Eu preciso mesmo de algum tipo de home office, algum freelance... Mas não faço ideia de por onde começar... Mas tô confiando que a Espiritualidade vai me inspirar porque a fé sempre me salvou nos momentos mais cruciais da vida, e de braços cruzados não estou.


Bem, até lá, ainda tenho que aprender com meu pai a lidar com a bomba d'água, checar as caixas d'água, terminar o "pré-inventário" do estúdio... E buscar o perfeito equilíbrio entre a entrega necessária e o autocuidado e autopreservação.


Até porque, qualquer dia desses, são meus pais que partirão, e o que restará será eu com o que fiz e farei.


É o Ciclo da Vida.


Axé-Shalom-Amém!

sábado, 13 de janeiro de 2024

Carta a um alguém que não está podendo ler (favor, pedir alguém que a duble)

Você foi a pessoa que mais me machucou na vida: em suas mãos, descobri todo tipo de ferida que uma pessoa pode causar a outra. Você sugou toda minha juventude e me cerceou até nos sentimentos. Enjaulou minha autenticidade e me sufocou nos espartilhos dos seus moldes. Me fez me abrir sobre meus traumas e depois os usou contra mim.


Me enlouqueceu acusando-me de louca, me incapacitou me chamando de incapaz... E me fazia sentir culpa, porque, afinal, você fazia aquilo tudo "por amor". 


Demorei anos de relacionamento pra abrir os olhos, 2 anos de terapia, mas comecei a entender que não fazia mais sentido nem me dar ao trabalho de bater de frente - afinal, eu já tava exausta. E foi assim, numa dessas noites de exaustão de tantas ameaças que, em silêncio, eu disse pra mim mesma: "não quero mais não". E ainda esperei uns dias em silêncio, por um momento em que você não estavivesse alterado, pra comunicar minha decisão. CÉUS, FOI COMO ENTRAR NO OLHO DE UM FURACÃO!! Tempos depois, você se fez de manso e sugeriu mantermos o "bom convívio pelo bem dos nossos filhos", pediu pra ficar mais uns dias até achar um lugar pra ficar e eu, tola como sempre, confiei em você. Mal sabia eu que você preparava a segunda armadilha mais cruel que poderia ter me cometido - e ainda esperou pelo meu aniversário pra isso. Meu aniversário de 30 anos foi REALMENTE INESQUECÍVEL - pena que tão negativamente.


Essa foi a SEGUNDA armadilha mais cruel, porque a primeira veio depois: quando viu que não tinha mais jeito, me deixou sozinha com nossos filhos pequenos à míngua, enquanto se exibia em noitadas pelas redes sociais. Por mim, não interessava com quem você estivesse (na verdade eu desejava muito que você encontrasse alguém pra que você me esquecesse), mas assistir meus filhos passar fome sem eu mesma ter condições físicas, mentais e nem sequer suporte familiar pra mudar isso me doía a alma mais do que meu estômago doía na hora de dormir por basicamente tirar comida da minha própria boca pra dividí-la entre meus filhos. E em seguida, se aproveitou da situação pra ir tirando meus filhos gradualmente de mim, mas o espaço aqui é pequeno demais pra esmiuçar os detalhes, e hoje, nem vim aqui pra isso.


Só tentei seguir minha vida da forma mais correta possível, consegui ingressar numa universidade pública que me fornecia uma bolsa que segurava bem meus gastos, você casou várias vezes - e eu sempre fiz questão de ser amiga de todas as suas mulheres, afinal, conviveriam também com meus filhos - mas com a verdade por anos entalada na garganta. Também nunca o critiquei na frente dos nossos filhos: eles não tinham culpa e eu sempre confiei muito na inteligência deles, na hora certa eles entenderiam tudo. Além do mais, tudo que eu queria era PAZ, coisa que você não me dava nem mesmo se relacionando com outra mulher. Foram ANOS de perseguição e a única forma de sobrevivência que encontrei na época foi bloqueá-lo em todas as redes sociais. E assim pude ao menos me concentrar na vida acadêmica.


Mas saiba que em todos esses anos de separação, obviamente, amei sim - "muitos, bem mais e melhor que você", como diz a música do Chico. E pra ser mais específica, foi com alguém com quem sequer fui pra cama que encontrei o Verdadeiro Amor, digno de contos de fadas... Sabe olhar nos olhos de alguém, ver o brilho no olhar, e sentir num abraço que esse alguém se importa DE VERDADE? Tipo isso e muito mais... E foi nessa época em que compartilhei com ele momentos dos mais mágicos que fiquei sabendo, pela família da sua mulher na época, que você estava hospitalizado. POSSO CONFESSAR UMA COISA? Quando eu soube dos detalhes, coloquei Beth Carvalho nas alturas e desandei a sambar pela sala!! Hahahahah (Tá, não me orgulho muito hoje, mas não sou santa e nem capacho pra ser tão pisada.) Nunca tive tanto a fé renovada no Universo, pq eu sequer jamais me preocupei em me vingar de todas as suas psicopatias, mas o karma veio, né? Fazer o quê?...


E muitos anos se passaram, muita coisa aconteceu (até B.O. contra mim de uma doida com a qual você resolveu casar oficialmente e tinha implicância gratuita comigo), tive a crise que me levou à internação, e logo que você soube que eu já estava de novo em casa, me procurou amistoso - novamente "pelo bom convívio em nome de nossos filhos". E passamos uns 4 dias trocando mensagem, a princípio amistosamente (e eu pensando, talvez ainda muito dopada de remédio: "é, acho que finalmente a Vida o ensinou..."), até que o tom da conversa foi mudando (de propostas +18 até pedido pra voltarmos, né???), e depois das minhas negativas firmes, não deu 2 dias, mudou o status da rede social para "em um relacionamento sério com 'Fulana de Tal'" ("Fulana" essa que eu sequer tinha ouvido falar!). MDS, tive uma crise de risos sem igual! (Sabe a Bruna Marquezine tentando definir "LIVRAMENTO" à Blogueirinha? Pois é.)


Nesses quase 5 anos desde que tive alta da internação, continuamos a nos relacionar socialmente - como você disse, eu reitero: pelo "bom convívio em nome dos nossos filhos" (mesmo que seja MUITO difícil às vezes, porque conheço poucas pessoas tão egocêntricas quanto você). Mas foi na Umbanda que você me apresentou que aprendi a levar a vida na malandragem do Seu Zé, no empoderamento da Pombagira, na sabedoria do Preto Velho... Então nada me perturba mais.


Mas, veja bem: "não imagine que te quero mal...", já dizia Lulu Santos! Soube recentemente que você tá enfrentando um novo problema de saúde ainda mais grave que aquele outro de mais de 10 anos atrás. Dessa vez, não sambei com Beth Carvalho quando soube. Também não senti pena ou coisa que valha. Simplesmente... Não... Senti... NADA. Nem mesmo o gostinho de vingança que é tão saboroso a nós, com Vênus em Escorpião... Acho que esse karma que pagas agora não tem nada a ver comigo. Tomara realmente que todo o procedimento dê certo e tals, mas tô meio "foda-se". ACHO QUE É ISSO!! O meu verdadeiro sentimento neste momento é "cada um com seus B.O.s" (e eu já tô com vários).


Sinto muito, não me leve a mal por esta carta tão sincera e aberta (e talvez escrita num momento um tanto inadequado [?]), mas bateu a esperança de que, ao menos depois que você conseguir lê-la, você FINALMENTE APRENDA com essas lições da Vida - em meu nome e em nome de todas as pessoas às quais você já prejudicou de alguma forma - não vim aqui julgar ou dedurar, sua consciência é seu guia, até porque você já passou o Cabo da Boa Esperança e a Calunga te espera (como a todos nós, um dia).


Fique bem e, parafraseando o divino André Gabeh: Desejo sucesso.