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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O Meu Lugar


Eu posso reclamar de ser vizinha de uma quadra de escola de samba, d'uma igreja batista e de uma casa de festas (e delas estarem, muitas vezes, ativas ao mesmo tempo). Posso reclamar da estufa que vira minha casa quando o sol tá "trincando mulêras". Posso reclamar da bagunça que os gatos da minha avó fazem na minha porta, ou ainda das reformas que ainda não fiz. Mas sou grata por ter um teto próprio e não ter que pagar aluguel. Por poder deixar as roupas pra dobrar depois - esse que nunca chega. Posso deixar a louça por lavar até estar insuportavelmente cheia; e, mais que tudo: saber que, depois de um dia difícil (física, emocional, mental e/ou espiritual) tenho minha caminha macia me esperando (ainda que algumas molas já queiram ser notadas), meus mil travesseiros com os quais monto castelos ergonômicos que vão deixar minha coluna encaixadinha; meu café com leite e meu cantinho de acender velas, e principalmente, a tomada marota do lado da cama pra alimentar a luminária sobre minhas leituras e pra manter o celular carregando.


Reclamar a gente reclama, porque humano é bicho que gosta disso. E eu não escapo à sina. Mas hoje eu só queria ser grata, ou pelo menos perpetuar esse sentimento de gratidão que tenho nesse momento. Esse é o MEU MUNDINHO e, foda-se quem quiser botar defeito (além de mim). É meu canto e ninguém pode tirá-lo de mim - porque, ainda que tentem, ele é mais que um espaço físico: ele é a materialização do que sou.


E eu amo o que sou!


Shalom!
Namastê!

domingo, 29 de novembro de 2015

Fênix

Como as bruxas na Inquisição sobreviveram às torturas, meu coração segue firme. As reflexões da maturidade têm me feito cada vez mais forte, mas só uma coisa ainda me marca: a inspiração que fui pra você.

Mais feliz do que nunca, redescubro a divindade em mim - e só pude chegar até aqui por sua causa.

Basta fechar os olhos e respirar fundo para sentir a química de nossos sorrisos misturados, enquanto seguíamos o som de nossa valsa interna em êxtase. Basta fechar os olhos e um filme passa à minha frente, sobre a época em que mais vivo, porque sua luz me guia.

Me faz ainda renascer, porque só você, nesse mundo, pode me soprar de volta a vida.

Meu guerreiro-menino: pra onde foi o seu sorriso de espremer os olhos? Vem: quero devolver o equilíbrio que roubei de você! Me puxa mais forte pra não me deixar ir; me aperta ligeiro pra tocar seu coração no meu!

Vem, Pedaço de Mim, e encaixa seu corpo no meu, como um quebra-cabeças. Saúdo sua boca, por onde me devolve as forças. Deixe-me curar suas feridas. Você sabe que sempre estive aqui. Me deixe salvar-lhe da própria amargura. Conto-lhe a mágica que aprendi no caminho.

Dê-me seu beijo de boa noite e, como anjos, salvamos o mundo.

Da sempre sua.


Shalom!
Namastê!



domingo, 2 de agosto de 2015

O Chamado

"Não posso! Preciso ir!" 

Estava tudo deserto e escuro. Por trás de mim, a uns 5 metros do chão, havia uma luz muito forte e de cada lado dessa fonte de luz, um casal de roupas brancas que estendiam as mãos para que a energia emanada me erguesse até eles. Eles me apressavam: "venha! Você precisa vir conosco! Já é hora!".

Quando comecei a sentir meus pés fora do chão, você se jogou e agarrou minha cintura, como se tentasse subir comigo: "Por favor! Só um beijo de boa noite... Só isso!". Lentamente fechou os olhos e tentou alcançar a minha boca com seus lábios contritos como se beijasse o ar. Eu, mais acima, sentindo afeição grande demais pra descrever, estiquei meu pescoço pra baixo, e toquei sua testa com a minha. Minhas mãos afagavam seus cabelos negros e senti o toque da tua pele, os cílios dos teus olhos fechados, passei minha maçã do rosto na sua bochecha e nariz. Ficamos assim por instantes - eu não sabia se era certo - mas sentia uma energia muito forte. Não, não era paixão: paixão desestabiliza, faz o coração bater na garganta. Não era isso que eu sentia... Sentia paz, muita paz... Paz assim que só senti quando vi D'us em 2011.

Os irmãos de branco - mesma cor do meu longo vestido - ainda içavam-nos. Me senti meio leve, meio zonza, e finalmente toquei minha boca na sua, com a singeleza de uma criança.

Neste momento pude sentir vários raios em torno de nós, de cores branca, rosa e azul-bebê, girando à nossa volta, enquanto flutuávamos. Desses mesmos lábios que se tocavam com delicadeza, uma grande luz crescia e se expandia até alcançar os raios coloridos; e daí então, expremi os olhos pra proteger as vistas da enorme luz que saturava. Ainda no ar, nos desconstruímos e nos tornávamos UM, enquanto em meu peito senti, como nunca antes, a tão falada Chama Trina.

Acordei no meu quarto completamente escuro. Era madrugada e ainda sentia muito sono. Virei para o outro lado da cama e abracei o travesseiro - era como se você ainda estivesse ali. Mas eu não mais sentia o toque da sua pele.

Seja o que for, onde você for, quero ser seu anjo.
Mesmo que eu tenha que esperar pela eternidade para isso.

Mas, por enquanto, entendi que temos estradas diferentes. Que sejamos felizes, de qualquer forma.

Até qualquer dia.

Shalom! 
Namastê!


sábado, 4 de julho de 2015

Mesmo que tu deletes

Mesmo que tudo deletes, preciso trazer a ti uma questão: haverá diálogo? Infelizmente não há nenhum relacionamento que sobreviva de monólogos...


Mesmo que tu deletes, preciso dizer-te que não há mais espaço para sua ausência na minha vida. É totalmente incompreensível para todos que sempre nos viram como dupla dinâmica. É incompreensível pra mim que tu deslegitime uma opinião minha por causa de qualquer outra pessoa de fora. É incompreensível pra mim chegar em casa e não receber uma mensagem louca àquela hora da noite e rirmos feito boçais até a hora de dormir.


É incompreensível ao meu coração acordar pela manhã e não contar contigo para interpretar o sonho bizarro que eu tive. Ou contar do último mico que paguei na rua e te fazer rir loucamente. Ter te contado em primeira mão que cortei os cabelos (e que não gostei), ou que aqueles planos que eu tinha terão de sofrer ajustes. Não te contar da minha dor e da minha vergonha de ter vivido pela primeira vez a prova de que assusto as pessoas na rua - dentro de um ônibus uma moça veio me perguntar por que eu tremia tanto, sabe? Ah: E contar dos dois quilos que perdi.


Te contar das dores e das delicias de ser eu, enfim.


"Mas só contar?", diriam alguns. Mas alguém mais te ouve com tamanha paciência?? Assuma!!


Só queria então dizer que to triste mas joguei pra D'us. Na vida pessoas especiais entram e saem o tempo inteiro e só nos resta aceitar. Posso com certeza viver sem sua presença, mas escolhi que eu prefiro que seja com você. Mas pra isso preciso que tu me ouças também.


Ainda te amo. E pra sempre será.


Shalom!

terça-feira, 23 de junho de 2015

Caminhos

Difícil eu descrever aquela confusão quando, entre colegas, entramos no ônibus. Alguns colegas entraram conosco e conseguiram lugar pra sentar - nós, menos afortunados, ficamos de pé. No entanto, você não deixou de seguir minha figura e mal me distraí, me dei conta de que você estava ali, se equilibrando do meu lado e oferecendo parte do seu peito aberto para me recostar. Como sempre acontece, nos deixamos embalar por uma música que somente nossas almas escutam; instintivamente sabemos o ritmo em que os corações batem. Era mais uma vez estar em seus braços e sentir uma estranha conexão com todo o Universo, como se fôssemos apenas um a contemplar a força de um deus que criou todos os reinos do planeta Terra pelo simples fato de amá-los. Como explicar D'us? Nem mesmo os ateus o sabem, por isso O renegam. Mas por algum motivo único, me sinto una à você quando te abraço, e dançamos o mesmo estranho ritmo; e me sinto D'us, que Cria porque simplesmente Ama.


O ônibus então descia uma ladeira que terminava num T. Você se despediu pois eu pretendia descer só no outro ponto. Com um grupo de passageiros você desceu se despedindo rapidamente e me entregando uma jóia. Acompanhei-o pela janela e o vi atravessar a rua seguindo para a esquerda. Quando o ônibus seguiu, virou à direita, ao contrário do que eu pensava - já aguardando na porta de descida, tirei a jóia que me entregaste do bolso e a observei melhor - era um anel simples, talvez de latão, que dava duas voltas no dedo, tinha uma pequena pedra cor de azul celeste e em cada ponta havia uma seta. Observei-a enquanto o motorista não parava, e só conseguia pensar "não é este meu caminho!". Eu sabia que meu caminho era na outra direção, mas não era aquele ônibus que ia me levar. Eu tinha de ir com minhas próprias pernas. Desci do ônibus e imaginei-o seguindo aquele caminho - em algum lugar dentro de mim algo repetia "seu caminho é com ele!", então eu apertava o passo, imaginando-lhe a vários passos à minha frente.


Será que te alcançaria? Já sabia meu caminho agora, mas seria esse em tua companhia


Apertei mais o passo pensando em você. Eu sei que eu saberia, mas eu não queria seguir nenhum outro percurso que não fosse na sua companhia - e do teu divino dom de me conectar com o Universo.


Shalom! 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Fogueira - Maria Bethânia

"Por que queimar minha fogueira? 
E destruir a companheira?
Por que sangrar o meu amor assim? 
Não penses ter a vida inteira para esconder teu coração 
Mais breve que o tempo passa, vem num galope meu perdão 

Deixa eu cantar aquela velha história: o amor! 
Deixa eu penar: a liberdade está na dor...  

Por que temer a tua fêmea? 
Se a possuis como ninguém
A cada bem do mal do amor em mim? 
Não penses ter a vida inteira para roubar meu coração 
Pois cada vez é a primeira. Do teu também, serás ladrão.  

Deixa eu cantar aquela velha história, amor! 
Deixa eu penar: a liberdade está na dor...  

Eu vivo a vida, a vida inteira 
A descobrir o que é o amor 
Leve pulsar do sol a me queimar 
Não penso ter a vida inteira para guiar meu coração 
Eu sei que a vida é passageira, mas o amor que eu tenho, não. 

Quero ofertar a minha outra face à dor. 
Deixa eu sonhar com a tua outra face, amor."