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sábado, 28 de abril de 2018

Catarses

Eu nunca quis que fosse perfeito.
Eu só queria que fosse real.

Talvez eu tivesse assistido comédias românticas demais... Uma vida inteira esperando ser amada o suficiente pra ser buscada por alguém. As coisas parecem bem mais fáceis no imaginário.

Mas eu nunca quis que fosse apoteótico.
Eu só queria que acontecesse.

Porque sempre parece que a grama do vizinho é mais verde; parece que eu nunca tenho o suficiente pra oferecer, porque sempre tem alguém com algo melhor que eu a dar. O máximo que parece possível é eu estar sempre dando o primeiro passo - e talvez isso soe à outra parte como alguma forma de desespero. De repente, pode até ser.

Porque eu nunca exigi ser exclusiva.
Eu só queria ser especial.

E nesse afã de descobrir como é a sensação de ser amada, já fui capaz de tanta coisa... Menos de encontrar alguém que fosse capaz de qualquer coisa por mim. Talvez porque eu não tenha dado espaço. Talvez porque eu não tenha me dado valor... Porque eu reconheço ser uma mulher muito acima da média - é o que todos dizem. Mas parece que há algo grande demais que descompensa, porque sempre que chegam muito perto, parecem descobrir um "defeito imperdoável" que ainda desconheço, mas que faz TODOS saírem correndo de mim - e isso faz com que as vozes da minha cabeça continuem repetindo que "ser amada" é um verbo que não foi feito pra eu conjugar.

Porque eu nunca quis ser admirável.
Eu só queria ser amada mesmo.

Então só me restam as Artes a me fazer companhia. Só as Artes para me ajudar a sonhar que um dia - ah, um dia - talvez ainda haja chance disso (que nunca aconteceu antes) acontecer, mesmo que a areia da ampulheta pareça já estar acabando e a juventude se esvaindo junto. Restará alguma juventude que evite de repelir, um dia, o desejo de alguém, nesses tempos em que corpos valem mais que almas?

Porque eu nunca quis ser ou ter apenas um corpo.
Eu só queria ser, e ter ao lado, um ser humano completo.

Ah, mas que grande pecado, nesses dias de hoje, ser nada mais que uma mulher inteira, que ainda mantém seu coração no alto da torre, sonhando que surja um dia um príncipe que não se importe em enfrentar os próprios dragões pra chegar lá.

Porque eu nunca quis ser salva de mim mesma.
Eu só queria poder ser, um dia, a namorada de alguém.

Shalom.

"Eu acordei... Não tem ninguém ao lado."

sábado, 21 de abril de 2018

Expectativas

Expectativas... Pra quê?
Se eu já sei exatamente o que vai acontecer.
Se eu já sei exatamente onde você vai se perder
E eu me aborrecer.
Pra que esperar mudar se tudo vai permanecer
No escuro?
Enquanto mudo, traga e estraga mais um coração.
Mais um escudo
Contra quem mais precisa de proteção.
Absurdo.
Absurdamente na contramão
da Paz,
Enquanto é a ela que eu busco.
Eu quero é mais
da Vida e do sabor de viver,
De não saber
o que vai acontecer
Mas mesmo assim ter fé no novo,
Pois quanto mais me movo
Na direção que almejo
A única certeza que eu desejo
É a de ser feliz com gosto
E a de voltar a amar sem medo
Sem mais me perguntar "por quê?",
Ou "pra quê?".

domingo, 8 de abril de 2018

O Monte Castelo

Mais uma manhã em que acordo junto com o Sol. Tem sido bem frequente eu dormir cedo e acordar idem - creio que seja só mais uma das várias alterações de padrão de sono que tenho vivido nos últimos 3 anos, mas ao menos acordo bem disposta. Aproveito a tranquilidade do silêncio da casa pra colocar a cabeça em ordem: escuto música, faço café, checo redes sociais. Hoje eu estava inspirada a editar fotos - a mais nova/antiga paixão com a qual me reencontrei nos últimos meses. Não há mais nenhum Photoshop como em décadas atrás, muitas vezes nem mesmo computador, apenas muita experiência, criatividade e editores simples de imagem que já vêm no aparelho celular. Enfim.

Eu tava inspirada a mostrar uma das minhas facetas que não mostro há bastante tempo, certamente por defesa (sobre a qual comentei no último texto). Na verdade, mais que faceta, minha verdadeira essência, mesmo que não agradasse aos olhos comuns, tão acostumados com selfies produzidas o suficiente pra mostrar alguém atraente e/ou poderose. Eu não queria ser nenhum dos dois, nem me encaixar em padrões de sex appeal, queria apenas mostrar-me despudoradamente como sou. Uma necessidade de testar-me até me encontrar, talvez. Enfim.

Eu já finalizava uma selfie minha em cores vibrantes como sempre gostei de usar - dessa vez, a palheta contava com fortes tons de pink, porque eu queria falar de Amor, como se ele pudesse saltar aos olhos, transbordar pela boca, fazer o mundo explodir em cor. O Amor não-romântico, o Amor Agape, o Amor universal, sem medo do que o pós-modernismo poderia dizer de mim. Eu queria expressar tudo que sinto desse Amor com o qual nasci e no qual sempre acreditei, mesmo que eu fosse considerada louca por isso. Enfim: eu não conseguia me decidir entre dois filtros pro último acabamento, quando uma mosca insistente começou a me perturbar (sim, moscas conversam comigo desde que me conheço por gente, outro dia explico porquê). Não satisfeita por eu tentar ignorá-la me concentrando no editor do celular, ela começou a dar rasantes em meus ouvidos e olhos. Resolvi obedecer então a voz que me dizia pra ir até a área de serviço dar uma respirada.

Distraída entre reabastecer minha caneca de café e acender um cigarro antes de voltar à edição, um ruído vindo de fora me fez esquecer disso por um momento. Caminhei pela área externa do apartamento e não identifiquei de onde vinha aquele som alto e abafado, no qual Renato Russo se rasgava ao declarar que "é só o Amor que conhece o que é verdade...". A canção ainda estava no início e quando acabou, tomei fôlego e mais um gole de café, aguardando que a próxima na sequência me divertisse tanto quanto. Pois bem, esperei em vão. Assim como aconteceu com todas as outras músicas que têm surgido do nada e do nada desaparecido na minha vida nos últimos... 3 anos - e sempre em horários em que "estou acordade, todes dormem", o que justifica minha falta de testemunhas.

Mas voltei pra dentro reanimada. Finalmente decidi o filtro final da foto e a publiquei com a legenda de "Coríntios 13". Tem gente que acredita em coincidências, eu prefiro acreditar que aquela mosca estava me mandando ir lá pra fora pra entender o "recado": senti, finalmente, que eu estava de volta ao meu Caminho Original, de volta ao meu eixo. Ainda vislumbro uma longa caminhada pela frente, mas pelo menos, eu vislumbro (e faz pouco tempo que nem esse poder me era concedido). E uma vez definido o caminho, me sinto livre pra voltar a acreditar no Amor.

E em mim - porque é dessa matéria chamada Amor que eu sou feita. E porque "sem Amor, eu nada seria...".

Shalom!


segunda-feira, 2 de abril de 2018

A Verdadeira Páscoa da Fênix


Será que dessa vez eu acertei? Será que de todos os feitos e passos, esqueci do mais BÁSICO?

Tenho revisitado Platão, este que sempre me atraiu de alguma forma, ao qual nunca me aprofundei por falta de oportunidade. De alguma forma, eu sempre soube que ele tinha as respostas que eu precisava, mas era difícil ter acesso quando todo o mundo o achava dispensável, inclusive as escolas públicas, num tempo em que a internet era apenas um sonho de ficção científica. Meu pai chegou a parcelar uma Barsa em 36 vezes, na qual eu distraía o tédio na infância, mas nada ali se aprofunda - quem já dependeu de enciclopédia, sabe. Enfim, como no caso da Kabbalah, eu corria atrás de Platão, mas ninguém estava disposto a dar um pouco de filosofia a uma garotinha que, afinal, "nunca vai usar na vida essas coisas inúteis" (isso só confirma que nós, adultos, na verdade não sabemos de NADA).

Pois bem, revisitando Platão, ainda que tardiamente, inclusive sobre esse tema que desde criança sempre também me atraiu (as Almas Gêmeas), finalmente me dei conta do que, afinal, estaria dando tanto errado. É que, veja bem: D'us e o Destino se encarregam de aproximar e preparar as duas essências, feminina e masculina, para que se re-unam, assim como também se encarregam de afastá-las quando essas duas partes precisam se ajustar individualmente. E enquanto não há avanço sequer nesses ajustes, o Destino não se faz de rogado de emperrar sua vida TODINHA até que você pare e entenda o seu Propósito. E eu achando que conhecia o meu Propósito, fui me perdendo dele através de atalhos, além das perdas de outros propósitos paralelos, alguns até já conquistados. Eu estava totalmente distanciada do meu Caminho Original, e por isso me sentia perdida - até que Platão me reencontrou, me apontou o caminho de volta, e tudo voltou a fazer sentido.

Percebi que foi meu coração que sismou de pegar um atalho porque estava machucado demais. Fato é que, desde o nascimento, diversos fatores me fizeram acreditar a não-acreditar no poder da minha Essência Feminina: a imposição da passividade, da submissão, da falta de liberdade, dos pudores; as violências sofridas de todo tipo, a solidão. Quando a Vida te faz só diante de toda essa realidade, há a impressão de não precisarmos de mais ninguém, então projetamos dentro de nós a androginia que Platão cita. E porque D'us, segundo o próprio Platão, dividiu afinal as duas essências, feminina e masculina? Porque nós, enquanto andróginos, quisemos desafiar a D'us. Foi então que, vaidosa como Lúcifer, fui expulsa do Paraíso para levar à humanidade a Luz que eu mesma tinha perdido. Perdi minha Luz quando pensei que eu tinha mais poder sendo, sozinha, meu próprio masculino e feminino. E com meu Sagrado Feminino tão ferido, tão traumatizado, tão ressentido e abusado ao longo da vida, meu inconsciente passou a tentar se expressar apenas pelo Masculino - e quando uma mulher cis-hétero se esforça, ainda que não saiba, a só expressar seu lado masculino, "forte", empreendedor e combativo, negando a própria feminilidade, toda a sorte de desequilíbrios (inclusive físicos) começa a nos tirar do eixo.

Dizem que as bênção de D'us não têm como nos alcançar se fingirmos ser outra pessoa. É como se o "carteiro" que as entregasse não reconhecesse o endereço. Pois bem, se dentro da unicidade em que D'us criou a todos nós, ele me designou a ser a Sua Expressão Feminina na Terra, fugir desta mesma energia seria fugir da bênção de exercer minha própria essência - e portanto, do meu Propósito, a expressão de D'us que há em mim. Tudo finalmente fez sentido nesses últimos dias, entre meus rituais para a Lua Cheia e as palestras de filosofia às quais decidi me dedicar enquanto minha vida "não anda pra frente" (ando explorando o canal da Nova Acrópole no Youtube, mas não apenas - recomendo este canal a qualquer ser humano, místico ou não).

O contato recente com a minha essência de Bruxa só pode ter essa função: a de me lembrar que sutileza também é força, que gestar também é ação criativa, que meu corpo é belo pois foi marcado, entre outras coisas, pela gestação, nascimento e alimentação de outras vidas que espalhei pela Terra - e não pelos músculos que criei tentando me defender da humanidade (apesar desta própria humanidade admirar mais esses músculos). Revidar as violências que sofri e as que o Mundo ainda nos impõe é que é a grande ilusão. E uma vez desgarrada das ilusões que encobrem nossa visão com tantos véus, finalmente me sinto de volta pra fora da Matrix!

Olho pro mundo e consigo voltar a enxergar a D'us em Tudo, D'us em mim, Tudo em D'us, Eu em Tudo, tudo uma coisa só, exatamente como no sonho em que D'us me apareceu na Praia Vermelha - a Divindade não é alguém à parte, lá no Céu, nos julgando: a Divindade está em tudo, ama a tudo, É tudo. A Divindade SOU EU, mas apenas porque aceito e recebo a Divindade de tudo aquilo que compartilha esta jornada comigo aqui, neste planeta.

Sou mulher, aceito e recebo a Divindade que EU SOU. Mas só sou Divindade porque reconheço e amo a Divindade que VOCÊ É.

"A César o que é de César e a D'us o que é de D'us" - cada chakra tem sua função, e a função de todos eles juntos é, através de nós, unir Céu e Terra. Equilibrá-los seria alimentar a cada um deles conforme sua necessidade - nem tanto ao Céu e nem tanto à Terra, pois o Propósito vive bem no centro de tudo isso. O Propósito é que é D'us.

Shalom!
Namastê!



O louvor à Durga, a Grande Mãe Invencível.