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sexta-feira, 27 de julho de 2018

O Amor em Tempos de Cólera - ou Lua de Sangue

Escrever pra mim é mais que um dom: sempre foi uma necessidade. Minha mãe conta que já aos 3/4 anos eu era tão curiosa sobre as letras (e fazia tantas perguntas sobre elas), que ela diz que se viu obrigada a me alfabetizar com essa idade (e aí já entrar na escola sabendo ler e escrever, o que trouxe alguns contratempos a princípio, mas isso é tema pra outro post). Eu diria que meu processo de alfabetização na verdade foi um trabalho mútuo, com minha intensa participação.

A compulsão pela escrita começou pelos diários, aos 10 anos de idade. Logo percebi como era boa a sensação de provocar as emoções de alguém através de poemas e cartas - estas passaram a sempre acompanhar um presente, se não eram o próprio presente. Não porque eu achava suficiente, mas porque era o melhor que eu achava que podia dar. Ao descobrir os blogs já casada e planejando a segunda gravidez, me senti confortável pelo formato de "diário", e nunca mais parei. Ainda tinha o benefício de dar notícias sobre a crescente família a parentes próximos e distantes. Os textos crus foram se desenvolvendo, os assuntos foram mudando... Até que resolvi parar de ser só mãe-blogueira pra começar a falar de mim mesma - já aí os problemas começaram.

A gente não tem ideia do quão longe um simples parágrafo jogado na internet pode ir. Ou não tem ideia do quão longe pode ir a maldade das pessoas. No começo os desabafos sobre saúde mental começaram a incomodar por expor elementos do relacionamento abusivo que eu vivia na época - e eu nem sequer sabia o que era um relacionamento abusivo. Passei então a usar minha criatividade artística pra falar da minha dor sem expor tanto aquele que deveria ser exposto. Depois de ter me libertado deste abusador, descobri a possibilidade de usar essa mesma criatividade pra falar de coisas mais belas, como o Amor - e cada amante meu, mesmo nas aventuras mais superficiais, passaram a ganhar textos de presente, ainda que alguns nunca tenham sabido, todos expostos nesta grande galeria que vocês visitam. Mas gostoso mesmo é escrever sobre os Grandes Amores... A paixão que nos arrebata, nos atordoa, nos faz flutuar ou perder o chão. A princípio, textos celebrados por escancarar essa intensidade apaixonada da minha Vênus em Escorpião, logo se tornaram provas de crimes que nunca cometi. Dizem que a maldade está nos olhos de quem vê, e eu diria que também está no coração e na mente de muito mais gente do que eu esperava.

Por que, afinal, é tão difícil assim lidar com a felicidade de outrem??? Não é mais fácil cuidar do próprio jardim??... Eu não faço ideia do porquê de incomodar tanto, tudo que sempre me preocupei foi com minha própria vida mesmo, tanto que é só sobre ela que escrevo hoje. Sobre meu Universo interior, sobre o que me borbulha no peito. Talvez eu tenha sido ingênua demais de achar que todo mundo também seria como eu. Talvez eu tenha sido ingênua demais em achar que aquelas pessoas que não me vêem há muito tempo nem sequer lembrariam de mim, tão pouco tentariam especular sobre os meus caminhos através dos textos que publico. Mas aí a gente come do fruto da Árvore do Conhecimento e começa a distinguir o Bem do Mal e percebe que os mesmos textos que podem me conectar com as pessoas que amo também fazem jorrar venenos, e não apenas contra mim; acaba sempre respingando nos possíveis destinatários. E se tem uma coisa que o Amor me ensinou, é que ele "não quer o mal, não sente inveja ou se envaidece".

Bem que eu queria escancarar aqui todo Amor que esperou por mim a vida inteira e que eu busquei neste mesmo tempo. Bem que eu queria espalhar ao mundo a excitação que sinto em cada batida do coração, a cada descoberta dessa coisa que eu nunca tinha vivido antes (não dessa forma tão profunda). Pena que é muita gente torcendo contra (a minha pessoa e todos os elementos envolvidos), e o que antes tinha tudo pra ser uma galeria de cartas de Amor, acabou se tornando o Varal da Discórdia. Se antes eu não queria expor um abusador, hoje meus esforços passam a ser para não expor demais o que me faz feliz pela primeira vez na vida: só eu sei o que passei pra chegar até aqui, cada lágrima, cada insegurança, cada dor, cada "não". E por respeitar a minha história e também a história de quem amo, me sinto agora de mãos atadas, já que ele invadiu todos os recantos da minha vida e da minha alma, e que falar de mim também passou a ser "falar de nós".

Meu peito quer escrever, eu quero gritar... Mas pela primeira vez na minha vida vou calar a minha vaidade: porque o Amor que vivo hoje é verdadeiro e divino demais pra alimentar qualquer Ódio, seja lá no coração de quem for. Mas, mais que isso: esse Amor tem missão reversa, que é o de levar ainda mais Amor a outras pessoas. Não de causar discórdias (ainda que eu saiba que causará ainda mais...).

Desejo que vocês se amem o suficiente para se libertarem do passado e então possam aprender a amar outrem também. Posso garantir: não é fácil, mas vale muito a pena.

No mais, sobre isso: por agora me calo. Encaminharei agora minhas doces palavras apenas à privacidade direta daquele que deve escutar (ou ler). Acho que a Vida está me ensinando o poder da preservação.

Ou da sabedoria.

Shalom!

quinta-feira, 26 de julho de 2018

"Meu Jardim" - Vander Lee


"Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim"

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Ressignificar - "Quando Bate Aquela Saudade"

Verbo Transitivo Direto
Atribuir um novo significado a; dar um sentido diferente a alguma coisa.
(Fonte: Dicionário Online de Português.)

(Bye the way, adorei as novas fotos. ;) S2


"É você que tem
Os olhos tão gigantes
E a boca tão gostosa
Eu não vou aguentar
Senta aqui do lado
E tira logo a roupa
Esquece o que não importa
Nem vamos conversar
Olha bem mulher
Eu vou te ser sincero
Quero te ver de branco
Quero te ver no altar
Não tem medo não
Eu sei vai dar errado
A gente fica longe
E volta a namorar depois
Olha bem mulher
Eu vou te ser sincero
Eu to com uma vontade danada
De te entregar todos beijos que eu não te dei
E eu to com uma saudade apertada
De ir dormir bem cansado
E de acordar do teu lado pra te dizer
Que eu te amo
Que eu te amo demais

Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Quero te ver de branco
Quero te ver no altar
Não tem medo, não
A gente fica longe
A gente até se esconde
E volta a namorar depois
Que é você que tem
Os olhos tão gigantes
E a boca tão gostosa
Eu não vou aguentar
Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Eu tô com uma vontade danada
De te entregar todos beijos que eu não te dei
E eu tô com uma saudade apertada de ir dormir bem cansado
E de acordar do teu lado pra te dizer
Que eu te amo
Que eu te amo demais..."


Bonus Track

sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Meu Amuleto - ou "Volta pra Casa"

Era tarde de 4 de novembro de 2016. Eu já estava mais que decidida, aliás havia semanas que eu estimulava que aquilo acontecesse: depois da Assembleia Estudantil da noite anterior, a reitoria havia sido ocupada. Depois da portas abertas, decidi dormir em casa e fazer as malas com calma - parecia que eu sabia que passaria um bom tempo por lá.

Depois de organizar umas lista de itens pra arrumar uma bagagem funcional e mínima (afinal eu a carregaria sozinha até o outro lado da cidade pegando 2 ônibus), parti decidida, com a sensação plena de que não só estava fazendo a coisa certa, mas seguindo meu Propósito. Botei os fones do radioráculo no ouvido enquanto esperava o ônibus no ponto, e cada música que tocava parecia me estimular a seguir em frente. E assim segui a viagem confiante, até que ao terminar de acomodar minha bagagem e a mim no último banco do 125, respirei fundo e o radioráculo quase me ordenou: "volta pra casa!".

Não demorou a me dar picos de ansiedade. Era muita novidade pra mim, minha adrenalina já estava lá no alto, com a ajuda do desquilíbrio hormonal causado pela tireoide já dava sinais de defeito. Acho que na verdade, além de tudo, eu também ouvi a voz da mulher que me gerou fazendo coro junto com o Roupa Nova. Nem contei a ninguém dos meus planos, eu só fiz a minha mala e parti, porque eu tinha certeza que eu receberia um banho de água fria, principalmente dela que sempre teve medo de tudo - e por causa dela também tive muito medo (e perdi muitas oportunidades) durante um bom tempo da minha vida. E aquele não era mais o momento de ter medo: depois de tantos anos ajudando aos outros a realizarem seus sonhos, era hora de realizar os meus, de mergulhar de cabeça na profissão que abracei, de escrever a minha história e deixar o legado que creio que devo. Mas, ainda com toda essa certeza no peito, ter ouvido apenas aquela mensagem na música despertou aquela adolescente tímida e medrosa que um dia fui, principalmente porque a canção já estava no final, apenas repetindo o refrão "sei que o amor nos dá asas, mas volta pra casa...". De coração acelerado enquanto o ônibus contornava a Central do Brasil, segurei a estrela de Davi, que carrego no pescoço, com força. Respirei fundo, quase catei minhas coisas e pedi pra descer no próximo ponto... Foram poucos segundos até perceber que meu coração lá no fundo, por baixo daquele monte de fantasmas trazidos pelo pânico, ainda dizia pra prosseguir. Que eu ia me arrepender MUITO se não fosse. Afinal, a música já tinha acabado, talvez fosse melhor me distrair com outra música - e assim fiz, voltando a me concentrar naqueles pensamentos determinados de antes. Fiquei então de procurar a letra completa pra entender melhor o recado. Mas com tudo que ocorreu durante e após a o período na reitoria, fui adiando a tarefa, mas nunca a esqueci.

Até que, recentemente, enquanto eu voltava realmente pra casa (ainda que do mercado do bairro) essa canção tocou novamente no radioráculo, e dessa vez desde o início: foi a oportunidade perfeita pra finalmente entender o porquê, de fato, desta música ter mexido tanto comigo, entre tantas outras, num momento tão decisivo da minha vida. E, mais que isso: compreender que essa música não me faria sentido nenhum se eu a tivesse estudado (ou escutado melhor) antes. Nada é por acaso.

Só hoje, depois de tudo que ocorreu nesses quase 2 anos, o "volta pra casa" passou a fazer todo o sentido pra mim, pois era pra voltar sim, mas pra casa certa; àquela pela qual esperei a vida toda e que eu guardava no fundo do meu coração - e não foi nada fácil finalmente ouvi-lo baixinho, por baixo dos velhos fantasmas do medo... Foi então que esta canção passou a ser mais um dos muitos amuletos que carrego comigo pela vida (dá pra perceber que sou bem supersticiosa, não?).

E pra você, faz sentido?

Shalom!

(Creio que a
Lanterna dos Afogados tenha piscado por esses dias e eu nem tinha visto. A questão é: o que fazer com isso se tudo que já tentei falhou? Vou aguardar ela piscar pela terceira vez com instruções claras, porque estou sempre metendo os pés pelas mãos...)


quarta-feira, 11 de julho de 2018

"- Oi, td bem com vc?"

Oi! Quanto tempo!! Tá tudo bem sim... Quer dizer, estou vivendo um dia de cada vez. Pelo menos a infecção parece ter dado trégua e finalmente descobrimos a causa: parece que alguns cálculos (pois é, descobri que tenho cálculos renais, aff!) se moveram dentro das vias urinárias e arranharam as paredes e foi isso que inflamou. Como a imunidade estava baixa demais, a bactéria resistiu. Aliás, foi também por conta da imunidade perigosamente baixa que sobrancelhas e algum cabelo andaram caindo... Agora tenho que me cuidar, né? Cuidar da alimentação, parar de sassaricar por aí pra evitar infecções oportunistas (o bom sinal é que meu corpo já venceu uma e está acabando com outra) - mas as cólicas cada vez mais constantes também desestimulam bastante meus ímpetos de sair de casa... Ao menos sei que elas têm função (expulsar os cálculos),e já descobri como manobrá-las, mas minha aparência atual também tem me estimulado a me manter reclusa.

Eu só tenho saudade mesmo de ver gente, das trocas de ideia que fazem meu cérebro borbulhar, das piadas dos amigos inteligentes, essas coisas... Minha família tá apoiando sim: não tem como não levar a sério uma pessoa inchada, careca e sem sobrancelhas que anda por aí devagarzinho com uma bolsa de água quente amarrada nas costas, estilo Tartaruga Ninja, hahahaha... Mas tive que me isolar na minha casa, não dá mais pra viver lá. Infelizmente, se eu quero voltar a ser a pessoa saudável que eu era, tenho que aprender a ser novamente antes só que mal acompanhada, mesmo que a companhia ofertada seja a da chocadeira que um dia me deu a luz (ih, tenho várias tretas pra te contar, quando você vier aqui eu te conto detalhes!).

É, pois é, agora eu to rindo, porque eu já tenho ideia do que eu tenho e estou aprendendo lidar bem com as crises. O medo do desconhecido é terrível, principalmente quando esse desconhecido te coloca de frente pra uma dor aguda e constante e ao risco de não saber se sai dessa. Perceber minha imunidade voltando ao normal aos poucos me dá forças porque é sinal de que meu corpo está reagindo, está expressando em si a minha vontade de me manter viva, mesmo que traga junto todas as dores daquela "treta autoimune" que também ainda tenho que resolver, apesar de todas as dores físicas, psicológicas e até morais, pois é difícil pra uma pessoa como eu, que construiu uma vida inteira baseada na completa independência, se ver dependendo ou até mesmo tendo que pedir ajuda a outras pessoas. Sempre fugi da piedade alheia, e hoje tenho que depender dela... Não há pra onde correr: o ser humano é um ser social, ainda que possua individualidade. Me lembrou aquele filme, "Into The Wild", aquele cuja trilha é minha preferida... Você já viu? Quando eu tiver energia elétrica de novo (espero que logo) a gente marca de ver aqui, faz um fim de semana com a galera, igual daquela outra vez q você veio... Com colchões espalhados pela sala... Um monte de gulodice... Saudade daqueles dias, né? Vamos marcar!! Falar com a galera!...

Ah, mas to feliz por você ter ligado... Ando muito entediada e carente de atenção - sabe como é essa gente doente, né? Hahaha... O bom é que acho que dei mais valor a muita coisa e a mim mesma, eu tava fazendo sacrifícios demais, tenho que selecionar os que valem a pena. Senão, ó o que acontece com a gente: a gente fica doente! Não dá mesmo pra salvar todo mundo... Espero que você se cuide pra chegar à minha idade um pouco melhor que eu! A julgar por tudo o que você empreende, gosta de fazer e faz bem, se tem algo que você vai precisar (e que eu te desejo) é saúde e vida longa!

Muito bom ter notícias suas, viu? Fiquei muito feliz de saber dos seus novos projetos...

Aliás, espero que tenha passado bem a noite... Me conte aí: como foi?
(Fade out do sorriso do Gato de Alice.)

Shalom!

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Os Sinos do Meio-Dia

Eu sei que não estou em minhas melhores condições,
Nem física, nem materialmente,
Talvez nem espiritualmente;
Com certeza, não esteticamente
- talvez eu odiasse te assustar com essa minha cara de doente -
Mas confesso que quando a dor aperta e abraço o travesseiro pra esperar passar,
Tudo que eu queria era que você estivesse aqui.
(E, de certa forma, você sempre está.
Eu sei que está.
Eu vi.)

segunda-feira, 2 de julho de 2018

De volta ao Diário de Bordo

Confesso que fiquei esperando por surpresas que não vieram. Mas foi bom: ajeitei a casa do jeito que eu quis, me obriguei a descansar, meditar, entrar em contato comigo mesma, me cuidar com carinho. Agora olho em volta e me surpreendo com o fato de que nunca, em todos esses anos, estiver tão feliz nessa casa quanto agora. Parece que só agora ela, finalmente, é minha, do jeito que eu sempre quis e sonhei.

Mas talvez... Empolgada com o empoderamento do lar, eu tenha me excedido. Acordei hoje muito indisposta, dores nas articulações, um pouco de fraqueza, minha pele parece queimar o tempo todo, mesmo com protetor solar até no calor do forno. Olhei no espelho agora à tarde e a região das sobrancelhas parece inchada, alguns fios da sobrancelha parecem ter caído. WTF??? Meu corpo parece estar enlouquecendo, e minha cabeça começa a enlouquecer também. Pelo menos consegui ir no mercado e fazer uma comidinha saudável e gostosa pra jantar, reforçar a imunidade. Talvez esteja muito baixa. Vitamina C e ferro. Sem esquecer dos chás que todos me recomendaram.

É estranho tentar voltar a escrever aqui como outrora sabendo que a audiência mudou. Não queria estar surtando na sua frente, mas esse lugar sempre foi minha válvula de escape quando a pressão da panela tá pesada demais. E hoje tá bem pesada. Não tenho mais como esconder.

Pelo menos já tenho médico marcado. Pelo menos estou dentro do lar que sempre sonhei. Só faltam as pessoas que um dia vão chegar.

Hummm... Pelo cheiro no ar, meu jantar já está pronto no forno. Força, levanta da cama, você consegue!

Afinal, já estive bem pior na vida.