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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Para uma boa faxina, é preciso tirar tudo do lugar

Arrastar móveis, tirar poeira, separar coisas que não queremos mais, enfim... Mas antes é preciso reconhecer a bagunça que nossa vida está.


Dizem que quando Exu tá nos guardando algo muito bom, ele dá uma "bagunçada" na nossa vida antes - outras religiões chamam isso de provação. Não importa, o processo é o mesmo, porque a Espiritualidade sabiamente não dá nada sem a certeza de que saberemos aproveitar as oportunidades.


Eu já tive essa sensação na vida: da Vida virar de cabeça pra baixo e, de repente, tudo se transformar - mas acima de tudo, EU me sentir transformada de dentro pra fora.


Um desses grandes processos que me transformaram foi ter tido a força de pedir a separação. Fui humilhada, perseguida, perdi muita coisa que me era cara (inclusive a guarda dos meus filhos), fui acusada de coisas que nunca fiz. Mas NÃO VOLTEI ATRÁS. Foi 1 ano procurando emprego enquanto segurava a onda de um Transtorno Bipolar desregulado (mais pra depressão) e dando uma lida aqui e ali pra tentar o Enem (no qual me inscrevi com o apoio da minha ex-sogra mas eu nem tava preocupada em passar ou não). Não dá pra contar nos dedos as madrugadas em claro que passei - ora por fome, ora por preocupação - ajoelhada, chorando e orando pedindo a Deus por forças pra superar aquela fase. Foi nessa época em que fui me aprofundando na Kabbalah e aprendendo a respeitar e confiar nos processos. De fato, até o fim do ano eu não tinha conseguido emprego, mas consegui o inesperado: mesmo fora do colégio havia mais de 15 anos e sem estudar, consegui no Enem nota suficiente pra entrar pelo Sisu em 2 universidades federais e ainda consegui vaga pelo Prouni.


O duro foi escolher o curso, mas depois de feita a matrícula, me senti a mulher mais poderosa do mundo, afinal, sozinha eu tava conquistando um dos grandes sonhos da minha vida! E ali eu já senti uma leve transformação: conseguia diferenciar quem era eu antes e quem passei a ser depois de ter me separado.


E a gente vai ficando mais madura e acha que já está ficando "velha demais" pra viver outro acontecimento que nos transforme tão profundamente... Ledo engano.


Mal sabia eu que ia viver um processo tão intenso quanto sair da realidade por um surto psicótico, ter passado uma temporada num hospital psiquiátrico vivendo e sentindo de tudo, sair e no processo de "reorganização da mente" cair direto numa pandemia... Mais de 4 anos de sensação de não-pertencimento e desorientação. Mas retomei a minha fé: voltei a entrar em contato com meus guias; pedi, implorei colo e orientação, e o mundo parecia continuar desmoronando... Mas nada é no nosso tempo, né? E no tempo certo veio um sinal daqui, outro dali, pessoas entrando em minha vida como se tivessem a missão de "virar chavinhas" na minha mente... E parece que meu coração acordou! Sim, toda aquela paixão de viver, realizar e fazer acontecer retornaram ao meu peito e já nem consigo me conter! Eu já nem me reconheço mais: é como se a Dannie de antes fosse outra totalmente diferente da de agora! 


Em primeiro lugar, já não venho me sentindo refém do Transtorno Bipolar (nem da depressão) faz tempo: aquela sensação que eu tinha antes de não fazer ideia de como eu iria me sentir nos próximos 5 minutos se foi. Me sinto estável e feliz por isso (enquanto antes a estabilidade dava tédio). Tenho muito mais consciência de quem sou e do que quero. É claro que a mudança de psiquiatra e o período de terapia TCC me ajudaram muito também, mas não dá pra ignorar que a forte experiência que vivi me transformou. Observando outras pessoas, percebo que é comum que quem passou por experiências extremas acabam dando mais valor às pequenas coisas da vida e à própria vida em si (ao contrário de quem foi mais "protegido" das dificuldades, digamos assim). E isso só faz eu me orgulhar da mulher que sou e que tenho me tornado a cada dia.


É isso: meus desafios ainda não findaram, mas os estou vivendo com a fibra que sempre tive e achei ter perdido. Mas, pra além disso: com a alegria da minha criança interior que por anos teve que sufocar seu real propósito.


E isso não tem preço.


"I'll be raising from the ground like a Skyscraper..." (Demi Lovato).


Axé-Shalom-Amém!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

"Como se Duas Facas se Riscassem Procurando o Corte..."

Faz tempo que eu já não penso na gente, né... Eu sei, eu já tinha aceitado nosso destino, mas aquele sonho de setembro que veio do nada acendeu minha ansiedade. Ter sentido seu abraço, ouvido sua voz e ficar ali, assistindo você falar gesticulando do jeito que só você sabe mexeu tanto comigo que até demorei a acordar, sentindo sua presença tão forte me deixando aos poucos. 


E outros sonhos confusos eu tive, misturando mil paranoias. Perguntei então aos oráculos que já conheço, mas lê-los pra mim mesma já é complicado, ainda mais ansiosa. Então encontrei alguém que lesse pra mim - e as verdades que ouvi foram inacreditáveis: a pessoa refez todinha a nossa história na minha cabeça e eu entendi muita coisa. 


Então outros sonhos vieram pra acalmar ainda mais meu coração, como aquele sonho da Cartomante (em que eu embarcava numa viagem deixando o recado "ó, avisa a ele que não deu pra me despedir, mas assim que eu voltar, eu ligo") e um outro em que minha Cigana me avisou: "se acalma! Você não precisa fazer nada! Vocês têm dois processos a passar, e já passaram por um... Só falta o segundo..." (não entendi que "dois processos" são esses, mas eu sempre confio em meus guias).


Acho que, no fundo no fundo, pra começar, seria importante a gente um dia poder botar tudo em pratos limpos. Mas de forma madura: sem máscaras, sem mentiras, sem dramas. E pra ser bem sincera, apesar d'eu ainda saber que o amo muito, eu não faço ideia de qual seria minha reação se a Vida me colocasse de frente a você nesse momento. Porque são tantos sentimentos misturados... Tantas mágoas que calei na época, tantas perguntas, tantas fofocas que escutei, tantas incertezas... Sei que não sou santa e errei muito contigo, já inclusive busquei muitos meios de pedir perdão sem resposta, mas essas culpas hoje já não me pesam tanto nas costas. Talvez você esperasse de mim um ser perfeito demais pro que eu sou, talvez eu tenha atingido os seus pontos mais frágeis - mas, entenda: tudo que arde, cura. Ou você ainda não entendeu que eu não nasci pra ser seu estandarte, mas sim o mertiolate da sua vida e te questionar, enquanto a maioria sempre só soube te responder "eu concordo"?


Você também entrou na minha vida pra me ensinar muita coisa - inclusive que sou sim, capaz de ser amada, a acreditar mais em mim e na minha forma de amar, mesmo que pelos outros eu fosse considerada ridícula (até porque nós dois, quando juntos, não passávamos de dois ridículos - imagino Fernando Pessoa rindo de nós). Me ensinou justamente a buscar meu espaço de ser ouvida, quando nem eu mesma confiava na força da minha palavra... Seria por isso que você pode ter se sentido traído? 


E você já parou pra pensar alguma vez em como EU me senti traída tendo sido levada por você a acreditar numa história de amor que SÓ VOCÊ já sabia que não teria futuro? Quantas dúvidas e noites solitárias pensando em como me afastar pra não ser apenas mais um instrumento em suas mãos? Os planos que eu arquitetava caminhando até a Urca decidida a fugir dos seus gracejos, abraços (às vezes até carregando no colo), das flores e frutinhas que você arrancava dos arbustos do caminho e me oferecia; das centenas de mensagens a qualquer hora do dia ou da noite... Das 15, 20 ligações por dia, algumas de 2 horas de duração às vezes só falando bobagens (lembro até do dia que você me deu bronca porque a SUA mulher tinha visto no seu celular essas ligações que VOCÊ me fazia - eu sempre odiei ligar, até hoje sou da escrita)... E do coração que você desenhou e pintou no meu caderninho (sem deixar eu ver) dias depois de ter agradecido pela carta-declaração que te escrevi de aniversário mas dizer que "achava bonito, mas não sentia nada daquilo". Olha... Você me deu muito trabalho! Até mesmo no dia que conversei seriamente com você e pedi pra gente se afastar pois todo aquele "namoro de quinta série" tava me fazendo mal, e você até concordou (depois de muitos argumentos), escondendo os olhos vermelhos, mas não durou muito... Logo estávamos grudados de novo e era muito difícil amar alguém que dizia não me amar (por motivos que até hoje não entendo) mas agia como se eu fosse o amor de sua vida...


Mesmo assim, a gente se fazia bem. A gente estimulava o melhor um no outro. Você se interessava em ouvir meus problemas; meus pensamentos, sentimentos e intelecto, e toda vez que você estava a se posicionar impulsivamente da forma que aprendeu por anos, eu tava lá pra segurar sua onda e mostrar que não era bem por aí. Você era a Força, eu a Estratégia. Só que a Vida realmente teve que nos afastar, né: primeiro a ti, a quem "acusei" de jubilado. Depois a mim, que realmente fui jubilada, ironicamente. Engraçado, né... Bem, eu prefiro olhar hoje isso tudo com bom humor. Afinal, é o que me resta, dentre tantas preocupações que tenho que pensar agora... Acho que por isso também não tenho pensado em nós: agora eu sei dos meus processos antes de (re)inserir qualquer pessoa na minha vida - além de todos os meus problemas, eu vou ter que estar aberta ao que você tiver a oferecer. Será que eu tô pronta?... Você também deve estar tendo os seus processos - quem sou eu pra atrapalhar?...


Por isso sigo confiando na Espiritualidade: eles não erram nunca - quem erra sou eu que volta e meia interpreto tudo errado.


Axé-Shalom-Amém!

domingo, 21 de janeiro de 2024

Num dia, filhos dos filhos; no outro, pais dos pais

Na virada desse ano, perdemos 1 de nossos 4 cães: foi enquanto eu terminava de fritar rabanadas na cozinha que a nossa Pituca deu seu último suspiro, deitada no mesmo canto do sofá da sala, ao lado do meu pai, onde descansava enquanto encarnada. Fomos um tanto pegos de surpresa porque, apesar da longevidade dela, ela era a que ainda se apresentava mais saudável e ativa que as irmãs da mesma idade e a mais velha. Mas, enfim, só restou a meu pai esperar eu fritar a última rabada pra ajudar a ensacá-la num plástico reforçado e seguir a tradição da família de enterrar os cães no fundo do quintal.


Eu não sei se é assim com todo mundo, mas toda morte me faz refletir sobre os Ciclos da Vida. E não só mortes, mas nascimentos também - eu lembro bem de quando eu estava grávida (e estive por 4 vezes, 2 nascimentos e 2 abortos espontâneos - ou seja, os 2 extremos). O fato da Pituca ter partido justamente na antevéspera do réveillon, momento em que fechamos o ciclo de um ano para receber um novo; logo após também eu ter fechado um ciclo e aberto um novo no meu aniversário 2 semanas antes, toda essa reflexão sobre ciclos giraram ainda mais e mais na minha mente.


Afinal, já que não tenho mais avós vivos (a "última sobrevivente", minha avó paterna, se foi aos 99 anos em 2022) e que minhas sementes já estão maduras, eu já tava naquela fase de me preparar pra POSSIVELMENTE ser avó (o mais velho já disse que não quer ter filhos, mas já a caçula, não faço ideia - só espero que não tão jovem, claro). Porém, ao acompanhar minha mãe ao médico essa semana (e eu nem iria, só peguei carona no Uber que meu pai pediu), essa questão não é a única que a meia-idade está me trazendo.


Já há tempos que venho correndo contra o tempo pra voltar ao mercado de trabalho depois da internação e do período pós pandemia, infelizmente, sem sucesso. A idade sempre pesa. Enquanto isso, venho ajudando em casa e cada vez mais, pois minha mãe é obesa mórbida e tem problemas de mobilidade. A medicação parece também estar  deixando seu raciocínio cada vez mais lento, então, além da limpeza de uma casa que comporta 4 pessoas e agora, 3 cães, também fico responsável por cozinhar pra família toda quase todo dia. Além do mais, também ajudo meu pai com as compras semanais, e quanto mais o tempo passa, percebo que ele, que sempre foi resistente, anda cada vez mais cansado - afinal ele sempre fez tudo por todos em casa e já vai fazer 73 anos. Aliás, logo depois da morte da minha avó no ano retrasado, ele já começou a me preparar sobre quais procedimentos tomar caso aconteça algo a ele (tipo, acionar o seguro funerário, solicitar a pensão da minha mãe, anunciar e vender seus equipamentos do estúdio, etc). Agora ele está com cirurgia de catarata marcada, o que precisa de acompanhante, e já me deixou de sobreaviso. Até aí, tudo tranquilo. O problema é que minha mãe também está com catarata e, a princípio, somente meu pai iria acompanhá-la nos exames. Ainda bem que eu também estava lá: foi difícil subir no ônibus até o metrô, depois fazê-la subir as escadas, depois passar na passarela (porque ela entrou em pânico), depois descer as escadas, entrar no metrô, sentar (até outras pessoas tiveram que ajudar), depois mais escada pra subir, outra passarela pra entrar em pânico e alguns metros pra andar até chegar em casa. Fizemos o percurso num tempo 4 vezes maior que o normal, até porque toda hora minha mãe parava dizendo que ia desmaiar. E depois de 8 horas fora de casa e todo esse trabalho físico e emocional, ainda tive que cozinhar. E o pior: marcaram o retorno pra amanhã. Foi aí que meu pai se deu conta que não dará conta sozinho e pediu minha companhia novamente. Foi aí que pensei: "E agora? Meus pais estão precisando cada vez mais de mim!! Como seria conseguir lidar com um emprego regular e dar conta disso tudo (além da minha própria saúde física e mental)???".


Abri meu coração pro meu pai pra, quem sabe, me ajudar a ter uma ideia. Afinal, eu preciso ter minha renda, ainda quero reformar meu cantinho, comprar minhas coisas de forma independente (e minhas economias estão indo embora...). Eu preciso mesmo de algum tipo de home office, algum freelance... Mas não faço ideia de por onde começar... Mas tô confiando que a Espiritualidade vai me inspirar porque a fé sempre me salvou nos momentos mais cruciais da vida, e de braços cruzados não estou.


Bem, até lá, ainda tenho que aprender com meu pai a lidar com a bomba d'água, checar as caixas d'água, terminar o "pré-inventário" do estúdio... E buscar o perfeito equilíbrio entre a entrega necessária e o autocuidado e autopreservação.


Até porque, qualquer dia desses, são meus pais que partirão, e o que restará será eu com o que fiz e farei.


É o Ciclo da Vida.


Axé-Shalom-Amém!

sábado, 13 de janeiro de 2024

Carta a um alguém que não está podendo ler (favor, pedir alguém que a duble)

Você foi a pessoa que mais me machucou na vida: em suas mãos, descobri todo tipo de ferida que uma pessoa pode causar a outra. Você sugou toda minha juventude e me cerceou até nos sentimentos. Enjaulou minha autenticidade e me sufocou nos espartilhos dos seus moldes. Me fez me abrir sobre meus traumas e depois os usou contra mim.


Me enlouqueceu acusando-me de louca, me incapacitou me chamando de incapaz... E me fazia sentir culpa, porque, afinal, você fazia aquilo tudo "por amor". 


Demorei anos de relacionamento pra abrir os olhos, 2 anos de terapia, mas comecei a entender que não fazia mais sentido nem me dar ao trabalho de bater de frente - afinal, eu já tava exausta. E foi assim, numa dessas noites de exaustão de tantas ameaças que, em silêncio, eu disse pra mim mesma: "não quero mais não". E ainda esperei uns dias em silêncio, por um momento em que você não estavivesse alterado, pra comunicar minha decisão. CÉUS, FOI COMO ENTRAR NO OLHO DE UM FURACÃO!! Tempos depois, você se fez de manso e sugeriu mantermos o "bom convívio pelo bem dos nossos filhos", pediu pra ficar mais uns dias até achar um lugar pra ficar e eu, tola como sempre, confiei em você. Mal sabia eu que você preparava a segunda armadilha mais cruel que poderia ter me cometido - e ainda esperou pelo meu aniversário pra isso. Meu aniversário de 30 anos foi REALMENTE INESQUECÍVEL - pena que tão negativamente.


Essa foi a SEGUNDA armadilha mais cruel, porque a primeira veio depois: quando viu que não tinha mais jeito, me deixou sozinha com nossos filhos pequenos à míngua, enquanto se exibia em noitadas pelas redes sociais. Por mim, não interessava com quem você estivesse (na verdade eu desejava muito que você encontrasse alguém pra que você me esquecesse), mas assistir meus filhos passar fome sem eu mesma ter condições físicas, mentais e nem sequer suporte familiar pra mudar isso me doía a alma mais do que meu estômago doía na hora de dormir por basicamente tirar comida da minha própria boca pra dividí-la entre meus filhos. E em seguida, se aproveitou da situação pra ir tirando meus filhos gradualmente de mim, mas o espaço aqui é pequeno demais pra esmiuçar os detalhes, e hoje, nem vim aqui pra isso.


Só tentei seguir minha vida da forma mais correta possível, consegui ingressar numa universidade pública que me fornecia uma bolsa que segurava bem meus gastos, você casou várias vezes - e eu sempre fiz questão de ser amiga de todas as suas mulheres, afinal, conviveriam também com meus filhos - mas com a verdade por anos entalada na garganta. Também nunca o critiquei na frente dos nossos filhos: eles não tinham culpa e eu sempre confiei muito na inteligência deles, na hora certa eles entenderiam tudo. Além do mais, tudo que eu queria era PAZ, coisa que você não me dava nem mesmo se relacionando com outra mulher. Foram ANOS de perseguição e a única forma de sobrevivência que encontrei na época foi bloqueá-lo em todas as redes sociais. E assim pude ao menos me concentrar na vida acadêmica.


Mas saiba que em todos esses anos de separação, obviamente, amei sim - "muitos, bem mais e melhor que você", como diz a música do Chico. E pra ser mais específica, foi com alguém com quem sequer fui pra cama que encontrei o Verdadeiro Amor, digno de contos de fadas... Sabe olhar nos olhos de alguém, ver o brilho no olhar, e sentir num abraço que esse alguém se importa DE VERDADE? Tipo isso e muito mais... E foi nessa época em que compartilhei com ele momentos dos mais mágicos que fiquei sabendo, pela família da sua mulher na época, que você estava hospitalizado. POSSO CONFESSAR UMA COISA? Quando eu soube dos detalhes, coloquei Beth Carvalho nas alturas e desandei a sambar pela sala!! Hahahahah (Tá, não me orgulho muito hoje, mas não sou santa e nem capacho pra ser tão pisada.) Nunca tive tanto a fé renovada no Universo, pq eu sequer jamais me preocupei em me vingar de todas as suas psicopatias, mas o karma veio, né? Fazer o quê?...


E muitos anos se passaram, muita coisa aconteceu (até B.O. contra mim de uma doida com a qual você resolveu casar oficialmente e tinha implicância gratuita comigo), tive a crise que me levou à internação, e logo que você soube que eu já estava de novo em casa, me procurou amistoso - novamente "pelo bom convívio em nome de nossos filhos". E passamos uns 4 dias trocando mensagem, a princípio amistosamente (e eu pensando, talvez ainda muito dopada de remédio: "é, acho que finalmente a Vida o ensinou..."), até que o tom da conversa foi mudando (de propostas +18 até pedido pra voltarmos, né???), e depois das minhas negativas firmes, não deu 2 dias, mudou o status da rede social para "em um relacionamento sério com 'Fulana de Tal'" ("Fulana" essa que eu sequer tinha ouvido falar!). MDS, tive uma crise de risos sem igual! (Sabe a Bruna Marquezine tentando definir "LIVRAMENTO" à Blogueirinha? Pois é.)


Nesses quase 5 anos desde que tive alta da internação, continuamos a nos relacionar socialmente - como você disse, eu reitero: pelo "bom convívio em nome dos nossos filhos" (mesmo que seja MUITO difícil às vezes, porque conheço poucas pessoas tão egocêntricas quanto você). Mas foi na Umbanda que você me apresentou que aprendi a levar a vida na malandragem do Seu Zé, no empoderamento da Pombagira, na sabedoria do Preto Velho... Então nada me perturba mais.


Mas, veja bem: "não imagine que te quero mal...", já dizia Lulu Santos! Soube recentemente que você tá enfrentando um novo problema de saúde ainda mais grave que aquele outro de mais de 10 anos atrás. Dessa vez, não sambei com Beth Carvalho quando soube. Também não senti pena ou coisa que valha. Simplesmente... Não... Senti... NADA. Nem mesmo o gostinho de vingança que é tão saboroso a nós, com Vênus em Escorpião... Acho que esse karma que pagas agora não tem nada a ver comigo. Tomara realmente que todo o procedimento dê certo e tals, mas tô meio "foda-se". ACHO QUE É ISSO!! O meu verdadeiro sentimento neste momento é "cada um com seus B.O.s" (e eu já tô com vários).


Sinto muito, não me leve a mal por esta carta tão sincera e aberta (e talvez escrita num momento um tanto inadequado [?]), mas bateu a esperança de que, ao menos depois que você conseguir lê-la, você FINALMENTE APRENDA com essas lições da Vida - em meu nome e em nome de todas as pessoas às quais você já prejudicou de alguma forma - não vim aqui julgar ou dedurar, sua consciência é seu guia, até porque você já passou o Cabo da Boa Esperança e a Calunga te espera (como a todos nós, um dia).


Fique bem e, parafraseando o divino André Gabeh: Desejo sucesso.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Quero saber bem mais que os meus tantos, tantos anos

Aos 20 e poucos anos, eu achava que eu sabia o que queria.

Aos 30 e poucos, descobri que eu queria outras coisas e achava que já sabia tudo.

Mas agora, aos 40 e poucos, tenho a nítida impressão de que, quanto mais eu sei, mais ainda falta eu aprender...


Esse natal, como o último, foi intimista e agradabilíssimo: só eu, meus pais (e minha mãe dorme cedo) e meus filhos. Também como no ano passado, começamos a almoçar no dia 24 e o pecado da gula se estendeu até o almoço do dia 25 (com a graça de Oxóssi, tivemos mesa farta! 🙌🏽). Dormimos pouco porque nos divertimos até quando deu, mas também porque a vizinhança não deu descanso até o sol raiar... Mas nada disso tirou nosso ânimo pra curtir o dia 25 (apesar do cansaço da caçula, que já ia trabalhar dia seguinte e ainda tava preocupada com o horário de dar remédio pra gata nova - a responsabilidade da Virginiana, rs). 


Depois que a caçula foi pra casa, a "lombra" do almoço bateu em todos e, enquanto meu pai foi deitar um pouco no quarto, ficamos meu filho e eu na sala, ouvindo música na Smartv e conversando. Eu ainda me impressiono como nossas conversas sempre fluem, como se realmente nos conhecêssemos de outras existências, sem falsos pudores, mesmo eu tendo parido e trocado as fraldas daquela pessoa ali na minha frente - sempre foi tudo de igual pra igual, em via de mão dupla.


Conversamos sobre tudo, inclusive sobre nossos relacionamentos - e o relacionamento sério mais longo que tive na vida foi, infelizmente, com o pai dele. Mas eu nunca, mesmo durante os assédios que sofri por anos após pedir a separação, pensei em ficar tentando convencer meus filhos sobre a personalidade do pai - até porque eles eram simplesmente crianças, não tinham obrigação de entender e nem de tomar partido numa guerra que não os cabia. Eu sabia, confiava, que na hora certa, eles iam entender tudo por si. E conversando agora com meu filho mais velho, que está com 22, quase 23 anos, percebi que foi a melhor coisa que eu fiz: não errei em confiar na inteligência deles. E sabe o que é melhor??? Já não há mais amargura da minha parte então, a cada observação que meu filho fazia sobre o pai, nós ríamos juntos! Afinal, em 2024 fará 25 anos que o conheci e ele não mudou nada, mas eu mudei muito: tomei muito "puxão de orelha" de exus, pombagiras, malandros e pretos-velhos nesse período, mas eu finalmente aprendi a levar a vida.


Meu filho também mostrou sua nova certidão oficializando seu nome social - o que foi ótimo pra "esfregar" na cara do meu pai que se faz de "muito informado" mas sismou que nunca tinha ouvido falar sobre isso - o que prova que ele realmente deixa a TV ligada à toa e só presta atenção ao que lhe convém (outro dia cortei um dobrado pra explicar a ele, pela enésima vez, a diferença entre "esquerda X direita" e "situação X oposição", mas isso é outra novela). Aproveitei e conversei ainda mais com meu filho sobre a complexidade da não-binariedade - porque a transexualidade binária já é complexa mas é abordada e discutida há décadas, mas o ser humano construiu a binariedade há milênios (bem e mal, luz e escuridão, sim e não, feminino e masculino e etc) e é até uma questão que a própria Kabbalah questiona (afinal, se Deus é UMA SÓ FORÇA criadora de tudo no Universo, então a ideia de que haveria uma força oposta a Deus seria logicamente irreal). 


- Eu fico pensando: se já é complicado, ainda nos dias de hoje, uma pessoa trans binária se olhar no espelho e entender "por que não me encaixo nesse corpo?" (mesmo com tantos ícones que já são exemplos), fico tentando imaginar a bagunça que não deve ser a cabeça da pessoa não-binária pra tentar se descobrir nessa sociedade que tenta nos formatar em caixinhas...


E deixei meu filho falar. Ele contou todo o processo que passou até chegar à conclusão de sua não-binariedade, dos processos que passou na passagem pelas 2 psicólogas que lhe atenderam, até da suspeita de ter TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade), o que depois ele mesmo descartou. Foram anos de terapia pra finalmente se encontrar em alguns documentários do YouTube e dar seu próprio veredito e se libertar: "É ISSO QUE SOU E É ASSIM QUE QUERO SER CHAMADO". Isso exige muita coragem e, toda vez que vejo o quanto ele é respeitado no trabalho (ao qual se dedica desde criança), me dá UM ORGULHO DUKRLH (ainda mais ao perceber que o preconceito não tem se sobreposto ao talento dele no mundo da dublagem)!! 


Confesso que pra mim, no começo, não foi fácil - primeiro questionei: "você tem certeza mesmo? Não tá só confusa(o)?...". Depois aceitei e busquei aprender - o pior mesmo, no começo, foi acertar o novo nome e os pronomes (afinal, desde o ultrassom na minha barriga eu conhecia aquela pessoinha por outro nome e gênero). Hoje, quando meus pais conversam sobre ele com o nome antigo (que era igual ao da minha mãe), eu já fico perdida e tenho que explicar a eles que eu já não associo aquele nome ao meu filho. E minha mãe ainda pergunta: "como é que vc aceita um 'absurdo' desse???", e isso me faz pensar que tipo de mãe ela é, sabe?


Porque a verdade é que, PRA MIM, ser mãe é ter o coração literalmente batendo fora do peito - e como não amar um pedaço de si mesma? - e eu amo e me orgulho tanto de meu filho Luke como de minha caçula Sofia com tanta intensidade que não sei nem expressar, e sou capaz de ir contra qualquer pessoa que tentar qualquer coisa contra eles, e sinto que minha missão é apoiá-los naquilo que eles decidirem na vida (afinal, já são maiores de idade), porém, tentando contribuir com os conselhos inspirados em minha experiência de vida.


Enfim, chegou a hora de meu filho ir. Nos despedimos, agradeci mais uma vez pelo presente maravilhoso (um jogo de panelas que já me fez planejar mil receitas! Hahahahah), mas acima de tudo, pela presença: "não some não que eu sinto saudade..." - eu disse mesmo sabendo que ele é o Pisciano mais ascendente e Lua em Capricórnio que conheço. Mas fui sincera.


E assim foi meu natal, tomando cerveja com meu filho, falando da vida (até de coisas que não cabem aqui), aos 43 anos recém-completos e ainda aprendendo com a experiência de vida de um jovem de 20 e poucos anos - que, ao contrário de mim, sabe muito bem o que quer.


Que presente ter filhos assim...


Axé-Shalom-Amém!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Novo Tempo 2

Aniversário, natal, ano novo... Sempre vivi essas datas "agarradinhas" e pra mim, quase são partes de uma coisa só. 

Pra muitos, é o tempo de novas promessas, sempre vejo muitos fazendo listas de metas para o ano que vai começar (e depois reclamando que não cumpriram nada), mas como eu nunca confiei em mim mesma, nunca na vida havia me debruçado nessa tarefa - até que esse ano resolvi fazer.

E acho que foi aí que entendi o porquê de nunca ter feito lista de metas pro ano novo antes: eu não consigo me limitar a ciclos. Quando aquela vontade, aquele furor de fazer algo se acende em mim, eu simplesmente não consigo esperar que determinada data chegue como se fosse transformar minha vida. Claro que isso não impede que eu faça minhas "mandinguinhas" de virada de ano, como boa "macumbeira" que sou, mas mal insiro um projeto na minha lista de metas, já me dá um comichão tipo "ué? Por que esperar virar o ano se posso iniciar agora??" (e nisso já iniciei 3 ou 4 ideias que podiam esperar essa loucura de festas de fim de ano passar...).

Uma das metas era tentar me abrir à ressocialização. Ultimamente andei perdendo tanta fé na humanidade (o que inclui em mim mesma) que acabei me isolando demais - não dá pra conversar sobre memes com meus pais e mal consigo espaço na agenda dos filhos que estão trabalhando, viajando, namorando, curtindo a vida, enfim (é a parte que não contam sobre ter filhos adultos). Então tomei coragem e pensei "por que não voltar ao aplicativo de relacionamentos?...". Mas sem compromisso de encontrar um par romântico, só uma tentativa de encontrar gente bacana pra conversar, passar o tempo, sei lá. (Claro, se as coisas se desenvolvessem, por quê não? Mas não era o foco.). Pois bem, instalei o app, montei o meu perfil despretensioso e... Não deu 24 horas pra eu lembrar do porquê d'eu ter desinstalado 1 ano atrás. Fiquei um tempo refletindo se o problema era realmente eu, se eu não estava sendo ranzinza como meu pai Obaluaê me fez, mas puxei conversa, fiz piadas, etc e tals... Mas a verdade é que as pessoas já não se importam em se relacionar, só usam o aplicativo como menu de cópula e sequer fazem esforço pra demonstrar merecer a oportunidade disso. AFF, que cansativo... Mas, enfim: minha meta de me abrir mais às pessoas já foi iniciada, já estou abrindo meu peito a novos afetos e daqui em diante é desenvolver - com a sabedoria que a experiência de vida me deu.

Da lista já iniciei também outros planos - que não vou anunciar aqui até se concretizarem - mas a conclusão que tiro é que eu não preciso de uma data especial pra começar a mudar de vida: quando eu vejo, meu coração já tá lá, empenhado em realizar, seja qual for a época do ano, seja qual for a idade: todo tempo é tempo, toda hora é hora!


Se não nos vermos até lá, feliz natal!

Axé-Shalom-Amém!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

"Novo Tempo" - Ivan Lins

"No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos crescidos
Estamos atentos
Estamos mais vivos
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
Da força mais bruta
Da noite que assusta
Estamos na luta
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
De toda fadiga
De toda injustiça
Estamos na briga
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
De todos os pecados
De todos enganos
Estamos marcados
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos em cena
Estamos na rua
Quebrando as algemas
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
A gente se encontra
Cantando na praça
Fazendo pirraça
Pra sobreviver, ah
Pra sobreviver
Pra sobreviver"

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

A Cartomante

Eu estava em minha antiga casa e de repente o céu escureceu, uma tempestade se armou, e eu não lembro o porquê mas eu sabia que tinha que fugir pra longe dali. Eu só sentia muito medo, sem saber onde me abrigar. Parecia que aquela tempestade me seguia por onde eu ia... Até que percebi uma ou outra telha se desprender de casas vizinhas e o desespero tomou conta de mim: segui meu instinto de sobrevivência e me escondi debaixo de uma cama que se encontrava ali na rua mesmo, e dali observava o caos se espalhar pelo bairro, rezando para que não me encontrasse ali. 

E foram realmente alguns momentos de pavor, e quando tudo foi passando e eu me tranquilizava, passei a prestar mais atenção às coisas à minha volta: havia muito lixo trazido pela ventania, coisas apodrecidas... Até que encontrei algo que me chamou atenção: um boneco de plástico que tinha uma abertura atrás. Eu sabia que aquilo não era nada bom, mas fiz questão de ir a fundo: na abertura feita atrás do boneco, havia vários elementos amarrados, e o que me chamou atenção foi ter também um nome de alguém escrito ali. Me parecia magia feita, e até pensei em perguntar a alguém se conhecia aquilo, mas simplesmente desisti de fazê-lo; apenas me empenhei a esvaziar o boneco e destruir o amarrado que encontrei, rasgando, inclusive, o papel que tinha o nome escrito (sei que não é o procedimento correto pra desfazer qualquer tipo de magia, mas foi o que meu coração mandou fazer).

Eu tenho há tempos contato de bons cartomantes, mas eu queria companhia pra talvez ter mais coragem (jogar pra mim mesma, ainda mais impressionada, é sempre bem difícil na hora de interpretar). Eu também queria encontrar alguém que lesse Baralho Cigano pra mim, que ainda não domino tal qual o Tarot de Marselha, e quem sabe assim, até aprender um pouco mais. Ele tinha suas angústias também, então sugeri: "por que não vamos juntos?". Ele não acreditava e nem duvidava, talvez por um certo medo da mãe, que era religiosa. "Ora, mas quem precisa saber?". A consulta era presencial e foi toda programada pra que eu pegasse um voo que eu tinha marcado naquela data. Por isso, deixei ele ir na frente (afinal, ele mesmo dizia que o caso dele seria rápido).

Só que não foi. Esperei por um bom tempo do lado de fora, mas de repente me vi na saleta da consulta: era um local bem claro, paredes brancas, nenhum tipo de decoração. Ele estava debruçado na mesa de cabeça baixa, consternado: "mas por que eu não consigo?... Por quê???". Em cima da mesa, uma tiragem de 9 cartas, a cartomante ia explicando e mostrando cada carta, com a paciência de uma mãe:

- Você pode tentar fugir, mas é inútil! Tá vendo essa carta das Estrelas? Quer dizer que é uma união espiritual. Você a ama, e muito! É como se vocês fossem um só. Mas não há que se preocupar com isso... Aqui vejo que você tem medo, que algo foi quebrado, mas que você pode confiar - tá vendo essa carta do Buquê? O problema é que você encontrou nela alguém que exerce tanto poder sobre as pessoas quanto você e isso te deixou inseguro... Tá vendo essa carta das Nuvens? Nesta posição ela indica a sua confusão...

E quando me dei conta, eu tava ali, lendo toda a tiragem, entendendo como se eu realmente soubesse ler BC. As cartas brilhavam pra mim, a cartomante explicava cada uma mas era como se eu já soubesse... E tudo que eu queria era apressar minha consulta, afinal eu ainda estava com medo de me terem feito magia e já tava dando a minha hora de ir pro aeroporto e sequer ia poder me despedir dele... Só que eu estava TOTALMENTE INVISÍVEL. Ninguém me percebeu na saleta... Foi quando me percebi "sobrevoando" a cena, como se eu flutuasse, mas tudo enfim estava fazendo sentido. Quando me dei conta, eu já estava no aeroporto, caminhando satisfeita ao avião, numa videochamada com minha mãe: "ó, não deu pra me despedir, mas quando eu chegar lá, eu ligo! Pode falar pra ele que eu ligo...".


Acordei. Fui fazer café ouvindo um desses aplicativos de vídeos curtos. Não sei porque, ultimamente o algoritmo tem me enviado vídeos de um filósofo que fala sobre Ética nos Relacionamentos - acho até que algumas coisas que ele fala fazem muito sentido, mas no geral, só o acho meio canalha mesmo. No entanto, hoje caiu pra mim um vídeo que quase passei (mas eu estava com as mãos ocupadas com o coador de café) e no final, me fez refletir: o que não é esse tal de Amor Romântico senão a ideia que nós criamos de uma outra pessoa? E se, desde o começo, a enxergássemos como ela realmente é? E se nós também nos permitissemos ser quem realmente somos? Quantos relacionamentos tóxicos e dependentes não evitaríamos? 

Eu só queria dizer: pronto! É isso aqui o que sou. Uma artista intelectualóide que acredita em Orixás, Big Bang, e "casos do acaso bem marcados em cartas de Tarot". E que ainda olha pro céu, como aquela garotinha que nunca deixou de ser, esperando que desça finalmente a nave de seu planeta na Terra pra vir lhe buscar de volta com aquele que lhe fôra predestinado.


Axé-Shalom-Amém!

sábado, 2 de dezembro de 2023

Intolerância Alimentar

Eu já andava sentindo um mal estar crescente, num tempo que eu já nem sabia precisar ao certo - eram sintomas crescentes que já estavam me levando a me sentir como que apodrecendo de dentro pra fora, um sono fora do comum. "Bem", pensei, "pela minha idade, podem ser sinais de menopausa, né? Já está chegando a hora..." e a ideia até dava um certo alívio pois já estou satisfeita com meus dois filhos maiores de idade. Mas o desconforto e o desânimo eram grandes demais, achei que era o melhor momento de marcar um check-up (coisa que não fazia havia anos) e marcar com o ginecologista pra pedir conselhos sobre os desconfortos.

Os exames do check-up ficaram prontos e a data marcada com o clínico geral foram bem anteriores à data marcada com o ginecologista, e lá fui eu levar os resultados pro clínico bem tranquila, já que tudo parecia tinindo (ao menos comparado aos valores de referência). Tirando uma leve leucopenia (queda de glóbulos brancos, provavelmente influenciados pela medicação que tomo), os residentes que me atenderam na UBS também se mostraram satisfeitos com os resultados e, enquanto registravam detalhes no meu prontuário eletrônico, mediam pressão arterial, essas coisas, iam conversando comigo e insistiram, não sei porquê, em saber como eu estava me sentindo.

Respondi: "estou bem, estou bem... Tirando umas coisas chatinhas... Mas acho que já deve ser menopausa", e ri. 

- "Coisas chatas"? Tipo o quê, exatamente?

- Nada demais, - minimizei - só uma péssima digestão... Eu sempre comi bem e agora tô com "nojinho" de certas comidas. Mas já tô com consulta marcada com o ginecologista pra tentar entender melhor isso...

Eram 3 os residentes que estavam ali, me atendendo. E talvez pela curiosidade de estudantes, começaram a pedir que eu me aprofundasse nos meus sintomas. Mas aí é que tá: eu não sabia explicar direito, eu só sabia minimizar. Então eles mesmos começaram a me bombardear com perguntas sobre como eu me sentia (com detalhes) ao comer, o funcionamento do meu intestino, quais alimentos estavam me inspirando nojo, e foram me bombardeado com várias perguntas (afinal, eles eram 3; eu, uma só), só que a cada pergunta, eu tinha a sensação de que eles estavam lendo algo em mim que eu, obviamente, não tava enxergando. "A Sra. sente enjoos? Vômitos?", "sente tonturas?", "sensação de desmaio?", "crises de ansiedade?" (essas que eu já não tinha havia anos)... Até das palpitações perguntaram!! E eu só embasbacada, respondendo: "sim... Sim... Nossa, SIM!!". Eu só não sentia os famosos "calores" da menopausa... Devem ter sido uns 25 minutos de"entrevista", então sugeriram apalpar meu abdômen e sentiram alguma alteração no meu fígado. Fiquei um pouco apreensiva. Então, depois de tudo registrado no prontuário, foram chamar o médico chefe do plantão pra dar o veredito. 

Os jovens residentes passaram todos os meus detalhes ao médico-chefe e não tive tempo nem de pensar em nada: ao ouvir todos os meus sintomas, o médico foi categórico: "olha, isso obviamente são sintomas de intolerância alimentar. Só não dá pra saber a quê exatamente, mas provavelmente tem ligação aos alimentos que a têm deixado enjoada...". Na hora me lembrei que uns 15 anos atrás, eu tinha sido diagnosticada com INTOLERÂNCIA À LACTOSE, cheguei a fazer dieta por vários anos, mas certo dia resolvi comer um prato de estrogonofe e, como não senti nada, não achei nada demais matar a vontade de vez em quando... O problema foi que, com o passar dos anos, sem mais sintomas, comecei a achar que aquele diagnóstico era um exagero e quem começou a cometer exageros fui eu, me enchendo de todo tipo de laticínio possível - até o dia que meu filho mais velho me deu meio pote de Whey Protein e eu simplesmente vomitava logo após tomar. Mesmo com as evidências, continuei ignorando e agora... Eu tava daquele jeito.

O médico encaminhou para exames pra descartar problemas no fígado - eles demoram, mas pelo menos o ultrassom do abdômen já fiz e tá tudo bem. Agora faltam os exames de sangue que estão marcados, mas é pelo SUS e, por mais que eu seja uma entusiasta, sou realista: tudo demora.

Já sabendo do problema com a lactose, saí do consultório decidida a modificar minha alimentação. No entanto, eu ainda não melhorava (eu sei que o organismo demora a desintoxicar). Pensei: "será que também pode ter a ver com glúten? Porque também tenho uns sintomas que saem um pouco dessa curva...". E VOU CONFESSAR A VOCÊS, MEUS AMIGOS: retirar o glúten da dieta é muito mais difícil, porque parece que tem glúten em TUDO no planeta!! Tive que abrir mão não só do meu pãozinho francês, mas também de mortadela (que eu amo), salsicha, presunto, macarrão... Bem, algumas dessas coisas eu já peguei nojo mesmo, é incrível como o organismo rejeita... E tem uns temperos "inocentes" que quando a gente vai ver, tem glúten. O pior é que descobri da pior maneira possível: foi só botar na comida que começou a me dar um comichão pelo corpo todo, dores nas articulações, vermelhidão e inchaço em pés e mãos. Um dia, depois de uns dias de dieta, minha mãe fez empadão de carne moída (temperada com um caldo de bacon que é uma delícia - tradição de domingo) - tudo ainda era recente, lá veio Satanás me atentar e pensei "ah, só hoje... Volto pra dieta amanhã...". Pois até que fui comedida e não exagerei, mas a coceira e as dores na coxa foram imediatas; fui deitar pra descansar e comecei a sentir palpitações, minha pressão baixou; logo em seguida fui ao banheiro, e tomei um susto ao olhar no espelho: meu colo estava todo vermelho. Fui mostrar pra minha mãe pra confirmar que eu não tava doida, notei outro fato curioso: apenas uma das minhas mãos estava inchada, a outra continuava magrela como sempre. Bem, ainda tentei comer outras coisas com lactose e/ou glúten de lá pra cá, sei lá, só pra provar pra mim mesma que tô doida, até porque, não vou mentir: ter a alimentação tão limitada é oneroso e muito trabalhoso (eu tenho feito tudo em casa pra minha alimentação sair mais barata, mas mesmo assim, não é fácil). Às vezes eu tô morrendo de fome e só queria um lanchinho fácil, e só de pensar que tenho que ir pra cozinha fazer "mágica " até me tira o entusiasmo que tenho em cozinhar... (Sem falar das ciumeiras que tenho que enfrentar só porque tenho que fazer minha comida separada do resto da família, enfim...)

E não é só lactose e glúten que tô evitando: também tô evitando muito açúcar, alimentos com muito corantes e conservantes, até o café reduzi drasticamente pra evitar mal estar, mesmo tomando o omeprazol receitado pelo médico. Tô fugindo de endoscopia como diabo da cruz... Não tá sendo nada fácil, amigos, apesar de algumas melhoras (minha menstruação voltou ao normal e não tenho mais queda de cabelo, pelo menos)... Mas nada fácil... 

Mas eu sou forte. E como diz o Salmo 11, "o Senhor prova o justo (...) e ama a Justiça". Não foi o que Ele fez com Jó? E quem sou eu pra ter mais regalias?... Deus nunca nos dá fardos mais pesados que aqueles que podemos carregar.

Saúde a todos nós!

Axé-Shalom-Amém!


(Atualizações: mesmo com toda a dieta em dia, voltei a ter alguns sintomas, principalmente dores nas articulações, dor no estômago, enjoo e fadiga. Aliás, passei a ter até outros sintomas que não tinha antes - pelo menos, não tinha reparado, tipo alterações dermatológicas que não sei que nome dar. Também tenho tido muitas espinhas no rosto, coisa que nunca tive. Acho que há alguma outra coisa que tá me fazendo mal e eu não tô reparando - será ovo? De qualquer forma decidi me dar, ao menos essa semana, um "refresco" e me liberar o pãozinho pra ver como vai ser, depois voltar a retirar e continuar observando.)

sábado, 25 de novembro de 2023

Piloto - Flora Matos

"Meu amor
Se eu te perder é pra ter que encontrar
Quem sabe eu te encontre lá em Salvador
No carnaval quando você for lá 
Se for pra ser, acho que demorou 
Minha nave voa por tanto lugar 
Seu coração é o meu aeroporto 
Pra viajar tem que passar por lá 
Pra pilotar só sendo meu piloto 

Caprichoso, cuidadoso e amoroso 
Um bom moço, estudioso, atencioso 
Corajoso, companheiro, verdadeiro 
Um escudeiro, sem receio 
Se precisar, perigoso 

Faz o almoço, serve a mesa 
Beija o meu corpo todo, traz cerveja 
Depois me beija de novo, lava a louça 
Apaga e ascende o meu fogo 
Jogando o meu jogo 

Se eu te perder é pra ter que encontrar 
Quem sabe eu te encontre lá em Salvador 
No carnaval quando você for lá 
Se for pra ser, acho que demorou 
Minha nave voa por tanto lugar 
Seu coração é o meu aeroporto 
Pra viajar tem que passar por lá 
Pra pilotar só sendo meu piloto"