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sábado, 13 de janeiro de 2024

Carta a um alguém que não está podendo ler (favor, pedir alguém que a duble)

Você foi a pessoa que mais me machucou na vida: em suas mãos, descobri todo tipo de ferida que uma pessoa pode causar a outra. Você sugou toda minha juventude e me cerceou até nos sentimentos. Enjaulou minha autenticidade e me sufocou nos espartilhos dos seus moldes. Me fez me abrir sobre meus traumas e depois os usou contra mim.


Me enlouqueceu acusando-me de louca, me incapacitou me chamando de incapaz... E me fazia sentir culpa, porque, afinal, você fazia aquilo tudo "por amor". 


Demorei anos de relacionamento pra abrir os olhos, 2 anos de terapia, mas comecei a entender que não fazia mais sentido nem me dar ao trabalho de bater de frente - afinal, eu já tava exausta. E foi assim, numa dessas noites de exaustão de tantas ameaças que, em silêncio, eu disse pra mim mesma: "não quero mais não". E ainda esperei uns dias em silêncio, por um momento em que você não estavivesse alterado, pra comunicar minha decisão. CÉUS, FOI COMO ENTRAR NO OLHO DE UM FURACÃO!! Tempos depois, você se fez de manso e sugeriu mantermos o "bom convívio pelo bem dos nossos filhos", pediu pra ficar mais uns dias até achar um lugar pra ficar e eu, tola como sempre, confiei em você. Mal sabia eu que você preparava a segunda armadilha mais cruel que poderia ter me cometido - e ainda esperou pelo meu aniversário pra isso. Meu aniversário de 30 anos foi REALMENTE INESQUECÍVEL - pena que tão negativamente.


Essa foi a SEGUNDA armadilha mais cruel, porque a primeira veio depois: quando viu que não tinha mais jeito, me deixou sozinha com nossos filhos pequenos à míngua, enquanto se exibia em noitadas pelas redes sociais. Por mim, não interessava com quem você estivesse (na verdade eu desejava muito que você encontrasse alguém pra que você me esquecesse), mas assistir meus filhos passar fome sem eu mesma ter condições físicas, mentais e nem sequer suporte familiar pra mudar isso me doía a alma mais do que meu estômago doía na hora de dormir por basicamente tirar comida da minha própria boca pra dividí-la entre meus filhos. E em seguida, se aproveitou da situação pra ir tirando meus filhos gradualmente de mim, mas o espaço aqui é pequeno demais pra esmiuçar os detalhes, e hoje, nem vim aqui pra isso.


Só tentei seguir minha vida da forma mais correta possível, consegui ingressar numa universidade pública que me fornecia uma bolsa que segurava bem meus gastos, você casou várias vezes - e eu sempre fiz questão de ser amiga de todas as suas mulheres, afinal, conviveriam também com meus filhos - mas com a verdade por anos entalada na garganta. Também nunca o critiquei na frente dos nossos filhos: eles não tinham culpa e eu sempre confiei muito na inteligência deles, na hora certa eles entenderiam tudo. Além do mais, tudo que eu queria era PAZ, coisa que você não me dava nem mesmo se relacionando com outra mulher. Foram ANOS de perseguição e a única forma de sobrevivência que encontrei na época foi bloqueá-lo em todas as redes sociais. E assim pude ao menos me concentrar na vida acadêmica.


Mas saiba que em todos esses anos de separação, obviamente, amei sim - "muitos, bem mais e melhor que você", como diz a música do Chico. E pra ser mais específica, foi com alguém com quem sequer fui pra cama que encontrei o Verdadeiro Amor, digno de contos de fadas... Sabe olhar nos olhos de alguém, ver o brilho no olhar, e sentir num abraço que esse alguém se importa DE VERDADE? Tipo isso e muito mais... E foi nessa época em que compartilhei com ele momentos dos mais mágicos que fiquei sabendo, pela família da sua mulher na época, que você estava hospitalizado. POSSO CONFESSAR UMA COISA? Quando eu soube dos detalhes, coloquei Beth Carvalho nas alturas e desandei a sambar pela sala!! Hahahahah (Tá, não me orgulho muito hoje, mas não sou santa e nem capacho pra ser tão pisada.) Nunca tive tanto a fé renovada no Universo, pq eu sequer jamais me preocupei em me vingar de todas as suas psicopatias, mas o karma veio, né? Fazer o quê?...


E muitos anos se passaram, muita coisa aconteceu (até B.O. contra mim de uma doida com a qual você resolveu casar oficialmente e tinha implicância gratuita comigo), tive a crise que me levou à internação, e logo que você soube que eu já estava de novo em casa, me procurou amistoso - novamente "pelo bom convívio em nome de nossos filhos". E passamos uns 4 dias trocando mensagem, a princípio amistosamente (e eu pensando, talvez ainda muito dopada de remédio: "é, acho que finalmente a Vida o ensinou..."), até que o tom da conversa foi mudando (de propostas +18 até pedido pra voltarmos, né???), e depois das minhas negativas firmes, não deu 2 dias, mudou o status da rede social para "em um relacionamento sério com 'Fulana de Tal'" ("Fulana" essa que eu sequer tinha ouvido falar!). MDS, tive uma crise de risos sem igual! (Sabe a Bruna Marquezine tentando definir "LIVRAMENTO" à Blogueirinha? Pois é.)


Nesses quase 5 anos desde que tive alta da internação, continuamos a nos relacionar socialmente - como você disse, eu reitero: pelo "bom convívio em nome dos nossos filhos" (mesmo que seja MUITO difícil às vezes, porque conheço poucas pessoas tão egocêntricas quanto você). Mas foi na Umbanda que você me apresentou que aprendi a levar a vida na malandragem do Seu Zé, no empoderamento da Pombagira, na sabedoria do Preto Velho... Então nada me perturba mais.


Mas, veja bem: "não imagine que te quero mal...", já dizia Lulu Santos! Soube recentemente que você tá enfrentando um novo problema de saúde ainda mais grave que aquele outro de mais de 10 anos atrás. Dessa vez, não sambei com Beth Carvalho quando soube. Também não senti pena ou coisa que valha. Simplesmente... Não... Senti... NADA. Nem mesmo o gostinho de vingança que é tão saboroso a nós, com Vênus em Escorpião... Acho que esse karma que pagas agora não tem nada a ver comigo. Tomara realmente que todo o procedimento dê certo e tals, mas tô meio "foda-se". ACHO QUE É ISSO!! O meu verdadeiro sentimento neste momento é "cada um com seus B.O.s" (e eu já tô com vários).


Sinto muito, não me leve a mal por esta carta tão sincera e aberta (e talvez escrita num momento um tanto inadequado [?]), mas bateu a esperança de que, ao menos depois que você conseguir lê-la, você FINALMENTE APRENDA com essas lições da Vida - em meu nome e em nome de todas as pessoas às quais você já prejudicou de alguma forma - não vim aqui julgar ou dedurar, sua consciência é seu guia, até porque você já passou o Cabo da Boa Esperança e a Calunga te espera (como a todos nós, um dia).


Fique bem e, parafraseando o divino André Gabeh: Desejo sucesso.

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