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terça-feira, 27 de março de 2018

O longo caminho do Louco ao Mago

Entusiasmo é o que não falta. Não há mais medo de andar sobre o precipício... Mas pra onde esse precipício me leva?

Os caminhos são muitos, as opções são muitas. Muitas decisões a tomar, sobre tudo na vida... Parece que to nascendo de novo! Mas é natural essa sensação, já que toda a estrutura foi ao chão, agora tenho que reconstruir... Natural que eu não saiba por onde começar.

Mas eu tenho pressa, tenho gana. Não quero mais esperar. Nem penso tanto em resultados, mas em dedicação. Entendo racionalmente que o Universo tá pedindo pra eu sossegar, mergulhar nos meus estudos esotéricos... A Alma também clama por atenção e confesso que eu a tinha deixado meio de lado. Mas há um fogo no meu peito querendo realizar algo na vida prática, ao mesmo tempo em que a Vida fica sempre me pedindo um pouco mais de calma...

Dizem que, na dúvida de um caminho a seguir, melhor sentar numa pedra e relaxar. Que as respostas certas chegam na hora certa. O problema é que relaxar é uma coisa que eu não sei... Isso só prova que vontade (com maiúscula ou minúscula) não é tudo, é preciso um direcionamento. Mas um direcionamento consciente e estruturado. Talvez eu devesse me concentrar em aprender isso (ou talvez o Louco quisesse me dizer exatamente isso). Até porque há um conflito abismal entre querer movimento e paz ao mesmo tempo - talvez eu apenas deseje o movimento por fora e a paz por dentro, enquanto o que acontece atualmente é o inverso: uma paz aparente enquanto a Alma inflama e não pára quieta.

Mas, vamos lá. A Vida t'aí pra ensinar mesmo... E eu to aqui pra aprender... Mas que eu aprenda logo porque, com Marte saracoteando na minha Casa 1, eu quero é sair pra saracotear também. Só não sei ainda em que Casa do meu Mapa.

Enquanto isso, "eu finjo ter paciência"...



domingo, 18 de março de 2018

Astronautas de Alma

Às vezes me bate uma saudade imensa de mergulhar nesses seus olhos da cor do manto da noite, de um negro tão profundo que eu podia até enxergar estrelas que me atraíam pra dentro deles. E uma vez lá dentro, era capaz de me perder diante de tanto fascínio em me sentir astronauta desse ser que descobri ser você aí por dentro.

Hoje é nosso desaniversário: 4 meses de distância desses Olhos de Céu de Fevereiro. Ou da sua doce voz de canção de lullaby. Ou do seu sorriso torto, meio sem jeito, que deixava escapar quando eu percebia que você estava me observando por um vão qualquer, em meio a qualquer caos. Saudade da segurança de que seu olhar sempre me acompanhava: fosse tímido ou abobalhado, era como se fosse um manto com o qual você tentava me proteger até da sua própria insensatez. Era seguro, mas passou a me tirar a paz, pois eu não sabia o que significava - talvez nem você. Hoje estou bem, entre os altos e baixos da Vida, com a paz recuperada. Mas vez ou outra a Lua mexe tanto comigo que resolvo deitar para admirá-la soberana, naquele velho terraço onde nossa história amanheceu com o Sol, observando as estrelas se multiplicarem conforme meu olhar se acostuma. Hoje, Lua Nova em Peixes, não deu pra evitar a lembrança enquanto eu reconhecia algumas das estrelas que contamos juntos daqui. Nem a lembrança da sensação de ser Astronauta dos Teus Olhos. Era bom sim, foi bom... Só ficou complicado demais.

Não sei ao certo por onde você tem andado, só espero que ande tão bem quanto consigo estar agora. Mesmo que eu tenha a plena certeza de que essa saudade quase visceral, vez ou outra, não aperta apenas o meu peito... Nós dois sabemos disso, né? Por isso estamos aqui.

Houve dores sim. Trocas de farpas. Guerra Fria no território do Amor - o pior pecado de todos. Mas tenho tentado não guardar ressentimentos de nada nem ninguém neste meu momento da Vida. Sei que nós dois fizemos o que podíamos diante das circunstâncias, dos nossos medos, dos nossos traumas. E sigo em paz também consciente de que dei o melhor de mim conforme me foi possível - é que, se numa relação a dois apenas um se dá, nunca será suficiente. Nunca foi. Eu, pelo menos, não espero mais ser suficiente sozinha pra nós dois. E isso também alimenta a paz que me faz seguir em frente.

Sabe D'us se um dia a gente se esbarra novamente por aí... E se, numa dessas vezes, eu terei coragem de encarar novamente esses dois portais interdimensionais que você carrega no olhar: agora que me encontrei, confesso que ainda receio me perder, mais uma vez, da minha segura estação espacial.

Enquanto isso, só espero que você fique bem, tá? 
Porque eu to indo.
Eu amo você.
Mas eu sei que às vezes o Amor é isso.

"Dispiei, fé.


quinta-feira, 15 de março de 2018

"Esú" - Baco Exu do Blues

"Sinto que os deuses têm medo de mim
(Medo de mim)
Metade homem, metade deus e os dois
Sentem medo de mim

Sinto que o mundo tem medo de mim
(Medo de mim)
Metade homem metade deus e os dois
Sentem medo de mim

Componho pra não me decompor
Poeta maldito perito na arte de Arthur Rimbaud
Garçom, traz outra dose, por favor
Que eu tô
Entre o Machado de Assis e de Xangô
Soneto de boêmia poesia melancolia
Eu sou do tempo onde poetas ainda faziam poesia
Saravá!
O canto de Ossanha vem me matando
E quem canta os males espanta
Não tá mais adiantando
Aqui
Se escuta o batuque do trovão
Thor e seu martelo, Jorge e o seu dragão
Ciranda no céu, rave de tambor
Os deuses queriam chorar por amor

Sinto que os deuses têm medo de mim
(Medo de mim)
Metade homem metade deus e os dois
Sentem medo de mim

Sinto que o mundo tem medo de mim
(Medo de mim)
Metade homem metade deus e os dois
Sentem medo de mim

Medo de mim
Os deuses são
Poetas vadios
Cochilam na ilha da linha do traço sua caneta no cio
Tem um toque macio
Se encurvam na estrutura da cura do abraço
Já eu sou poesia tabaco e vinho
Dionísio e Baco sozinho
No mesmo espaço
Hórus fora do ninho
Abro o seu caminho
Eu sou o canto do mundo
E nesse canto do mundo eu me refaço
Dance com as musas entre os bosques e vinhedas
Nesse sertão veredas e sentir é um mar profundo
Nele me afundo até o fundo
Insatisfeito com o tamanho do mundo
Por isso o papel ficou pequeno
Escrevo em paredes
Em corpos na plebe
Na pele na linha tênue da epiderme
Da alma calma das linhas curvas das coxas de Vênus
Ao menos meu destino não está em um astro, casto
basta, basto
Astrólogos, diálogos diversos
Imerso no teor complexo
Que nos consome
A dor some ao ver que os deuses têm inveja dos homens
O mundo é fruto da nossa imaginação
Será que somos deuses ou sua criação?"


(Bonus Track)