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terça-feira, 3 de maio de 2022

Onde estou eu?

 Fico refletindo sobre a minha vida, tudo que já passei, e onde cheguei hoje, quase 3 anos depois da internação. Eu sempre fui uma mulher guerreira, com iniciativa, criando 2 crianças praticamente sozinha apesar do Transtorno Bipolar. Lembro de quando peguei esporotricose e corri atrás sozinha do tratamento em Manguinhos, de fazer os dolorosos curativos. Lembro de acolher minha sogra recém-operada de câncer quando ninguém a queria acolher; dos horários dos remédios, dos cuidados com a alimentação nasogástrica, com a limpeza da traqueostomia dela. Lembro da minha primeira crise maníaca, quando fui sozinha pra emergência psiquiátrica aos prantos tentando esconder as lágrimas na kombi que me levava até lá. Lembro da coragem em me separar, da coragem de enfrentar um Enem e passar, de liderar uma chapa do Centro Acadêmico que ganhou. Lembro da minha iniciativa em participar da ocupação da reitoria, dos momentos de liderança que protagonanizei. Cadê esta mulher hoje? O que aconteceu com ela?


Depois da internação me tornei uma pessoa medrosa, dependente, com medo de tudo, até de sair de casa. Por quê? Será o medo de perder tudo de novo, da maneira que perdi? Só me sinto segura em casa e tenho medo até de lidar com novas pessoas. Eu até cheguei a conseguir um emprego nesse período, mas não deu certo, fiquei só 3 dias (mas apenas por não concordar com a idoneidade da empresa), mas pensar em lidar com gente de novo me faz tremer. Me sinto dependente de calmantes pra tudo, tomava um toda vez que tinha que ir na dentista. MEU DEUS, EU SÓ QUERO TER UMA VIDA NORMAL!!!


Eu sei que há ainda dentro de mim aquela mulher forte e guerreira que um dia já realizou tanto. Eu tenho me concentrado em encontrá-la e colocá-la pra fora novamente. Meus pais já têm certa idade, minha mãe depende mais de mim do que eu dela, meu pai já nem dirige mais à noite por conta da vista... Em breve eles não poderão cuidar de mim, eu que terei que cuidar deles... E nessa eu estarei mais só do que nunca, já que meu irmão mora aqui mas é tão ausente que é como se não morasse. Eu preciso voltar a trazer à tona o mulherão que eu sei que sou bem aqui dentro. Eu não sou mais aquele bichinho enclausurado num manicômio. EU SOU UMA MULHER LIVRE! E já não sou mais uma menina, tenho mais de 40 anos e eu sei que sou forte. Eu só preciso exercer isso. E busco formas de fazer da melhor forma possível. 


Que Deus me abençoe nesta jornada!


Axé-Shalom!

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