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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Epílogo - ou A Arte de Ser Vulnerável

Às vezes, temos que admitir que não podemos vencer todas as batalhas.

E que há batalhas das quais nunca sai nenhum vencedor.

Quantas são as relações em que brincamos de cabo-de-guerra? E por que continuamos brincando se sabemos que só sairemos com o joelho ralado?

Assim é fácil perceber quando decidir por se afastar também pode ser sinal de Amor. Por ambas as partes.

Por aquela pessoa que amamos e por nós mesmos.

Pra manter o que houve de mais sadio na memória e diluir mágoas.

Se afastar é a solução mais dorida pr'aquele mal que também dói. É ter Amor o suficiente pra suportar perceber que as duas partes ficam melhores uma sem a outra - apesar daquela sua certeza intrínseca de que você sim, seria capaz de fazer "dar certo".

E todos nós realmente somos capazes de um monte de coisas, não me levem a mal, mas coragem mesmo é ser capaz de dizer "eu to desistindo" diante de algo ou alguém, pois é permitir-se ser vulnerável.

Eis a grande coragem do Amor: SER VULNERÁVEL! Talvez seja por isso que o Amor nunca tenha sido pra mim; talvez meu destino seja mesmo o de um caminho solitário, talvez não tenha sido em vão que a Vida já tenha me acostumado a me deixar tantas vezes sozinha: eu não sei ser vulnerável. Não sei nem direito o que isso significa, porque tenho um orgulho do tamanho de um elefante - apesar da auto-estima de taturana - e talvez eu cobre de mim mesma uma postura bem mais rígida. Talvez eu estivesse apenas cansada de apanhar da Vida; eu tava pronta pra bater quando você chegou. E aí eu apanhei ainda mais...

Mas é justamente para secar essas e outras mágoas que decidi que não serei mais forte. Ou me esforçarei pra não ser mais assim tão forte o tempo todo. Porque o peso dessa armadura cansa demais e eu já não tenho mais forças pra seguir adiante. Aliás, já não tenho forças pra encarar as pessoas que mais me afetam. Estou também sem forças pra segurar o tamanho de certos abalos. Então eu me desvio, e procuro caminhar passos mais seguros por entre os trajetos que você não tem cumprido. Não pretendo mais encarar de peito aberto se o meu coração está visivelmente sangrando: logo eu, que nunca abaixei a cabeça pra ninguém, aceito agora o fato de que será mais saudável pra mim abaixar a cabeça ao te ver passar daqui pra frente. E, acima de tudo, evitar te ver passar. Evitar estar na sua presença. De respirar o mesmo ar.

Dessa vez não por orgulho, ou vingança, ou qualquer tipo de hostilidade.

Mas simplesmente por assumir pra mim mesma - e pra poder talvez, um dia, assumir ao mundo - que a dor é muito maior do que eu.

E que eu não estou conseguindo suportar.

Talvez eu nunca tenha sido tão vulnerável na vida quanto estou me permitindo ser agora.

(Se é que eu sei direito o que isso significa...)

Ia'Orana!

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