Pesquisar este blog

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Vento no Litoral

Na Lua Minguante, a maré baixa se revolve à beira da Praia Vermelha.
Parece que o Universo está em acordo para que tudo seja levado para o fundo do mar.

É tempo de renascimento.

Por isso deixo o vento lamber a canga na qual me protejo do frio. Deixo o vento levar pra longe toda a Morte que tem tentado roubar meus últimos dias e os mais preciosos dos meus afetos.

Não foi um sábado fácil para ninguém. E nem pra mim, que fiquei só administrando as notícias de longe, diferente das outras vezes.

Dessa vez as bombas não estavam em minhas mãos, mas não foi fácil me manter longe dos estilhaços. Pelo menos eles não me machucam tanto mais - e isso é estranho. Talvez eu já possa ter alcançado uma espécie de lucidez que parece cegar a visão do que esperam de mim. Talvez seja isso que a Vida queira de mim - justamente o que não se espera.

Olho pro céu buscando confirmação à minha reflexão, e um avião atravessa o céu da praia. Se esconde atrás da pedra e me deixa só, novamente, com as luzes de Niterói ao fundo e o silêncio do marulho. Suspiro.

Nesse mesmo cenário que me acolheu em sonho antes mesmo de o conhecê-lo de fato, e que me acolheu em outras tantas vezes que precisei, o mar me surpreende agora tentando me alcançar na faixa de areia, como se Iemanjá já me avisasse que era hora de partir.

"Será esse o sinal que eu estava esperando?"

Olhei pela última vez ao centro do céu da Praia Vermelha e busquei visualizar aquele D'us que vi outrora, naquele mesmo local, mas em outra dimensão:

- Senhor, eu não sou digna que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salva...

Levantei-me e parti. Não demorou muito para chegar em casa e o Destino, através do Cristo/Krishna me responder assim da forma mais óbvia que poderia:

- Bhagavad Gita!

A partir daí, outra história em estado germinal se vislumbrou à minha frente, abençoada por Arjuna (espero eu).

(Continua.)



Nenhum comentário:

Postar um comentário