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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A balada do Louco

Depois de tantos anos de estudos e leituras pessoais pra praticar, a gente acaba percebendo certos padrões de comportamento em nós mesmos através de cartas de Tarot que se mostram repetidamente. Exemplo disso é a A Torre que se manteve muito presente enquanto eu tentava desesperadamente reconstruir minha vida nas mesmas formas de antes - e eu demorei a entender o recado que esta carta trazia, talvez presa a meus próprios sentimentos de perda e, por isso mesmo, falta de lucidez. Eu estava zonza de dor e assim, desorientada, tentava reconstruir tudo da maneira que era antes. Devo ter aprendido algo enfim, pois a Torre deu lugar a outro arcano em sua presença constante em meus últimos jogos pessoais: O Louco.

Essa costumava ser uma das cartas que mais me "irritavam" pois sua interpretação é mais complexa, impossível de se resumir em uma palavra-chave - base do meu processo de interpretação de cada carta do tarot. O Louco é daquelas cartas que eu olhava, examinava, contemplava... E não sabia bem do que ela estava falando. Se o arcano menor que o acompanhasse não fosse mais objetivo, ficava numa sinuca-de-bico dependendo de todo o resto do jogo, sempre com aquela pontinha de insegurança no meu coração ao interpretá-lo, o que me fazia refletir por dias, fosse o jogo pra mim mesma ou pra algumx consulente.

Em sua imagem, o Louco traz uma sacolinha nas costas e ruma pra algum lugar - nunca se sabe se ele está indo ou chegando, mas é fácil perceber que ele vislumbra muitas possibilidades à frente. Um cão pula-lhe nas pernas, não se sabe se pra fazer festa ou atacá-lo, se pra expulsá-lo dali ou pra impedi-lo de seguir viagem. Mas o Louco pouco se importa com este cão: ele segue adiante, com o horizonte no olhar mesmo que ainda tenha o precipício sob os pés. Há tantas terras, pessoas, cenários, coisas pra ver e fazer, universos inteiros pra conhecer... Tudo ali, ao alcance dos sonhos, não importa mais se o pé vai doer.

Acho que só agora entendi de verdade o grande e verdadeiro significado desta carta, porque percebo para quê exatamente o Tarot queria me abrir os olhos: para as possibilidades que a Vida tem trazido, as novidades, os pequenos sortilégios do Destino, o suficiente pra voltar a trazer o horizonte aos olhos e essa vontade louca de me jogar no precipício mais uma vez. Apesar de tudo ter acontecido nos últimos tempos de forma muito conturbada, ainda assim trouxe o benefício de me fazer evitar pensar nas velhas estruturas e me desagarrar emocionalmente delas, construindo novas pontes pra futuros bons. Porque, por mais que eu não quisesse, é inevitável: nada mais será como antes, por mais que eu tente lutar contra. A diferença é que dei as costas à velha Torre em ruínas e voltei a encontrar a coragem do Louco do Tarot, a encontrar o horizonte nos olhos, as borboletas no coração, sem mais o medo de seguir com o precipício sob os pés.

Bjas de Lux!
(Porque hoje estou com humor surpreendentemente muito bom. ^_^)



Sou apaixonada por Mutantes e todas as versões possíveis dessa música (inclusive a versão de Ney Matogrosso que usei em "Dizem que sou Louco... (A Gênese)"), mas quem conhece a história de Arnaldo Batista - o Lóki - sabe como esse vídeo é significativo. Conheçam essa cinebiografia!

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