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sábado, 2 de dezembro de 2023

Intolerância Alimentar

Eu já andava sentindo um mal estar crescente, num tempo que eu já nem sabia precisar ao certo - eram sintomas crescentes que já estavam me levando a me sentir como que apodrecendo de dentro pra fora, um sono fora do comum. "Bem", pensei, "pela minha idade, podem ser sinais de menopausa, né? Já está chegando a hora..." e a ideia até dava um certo alívio pois já estou satisfeita com meus dois filhos maiores de idade. Mas o desconforto e o desânimo eram grandes demais, achei que era o melhor momento de marcar um check-up (coisa que não fazia havia anos) e marcar com o ginecologista pra pedir conselhos sobre os desconfortos.

Os exames do check-up ficaram prontos e a data marcada com o clínico geral foram bem anteriores à data marcada com o ginecologista, e lá fui eu levar os resultados pro clínico bem tranquila, já que tudo parecia tinindo (ao menos comparado aos valores de referência). Tirando uma leve leucopenia (queda de glóbulos brancos, provavelmente influenciados pela medicação que tomo), os residentes que me atenderam na UBS também se mostraram satisfeitos com os resultados e, enquanto registravam detalhes no meu prontuário eletrônico, mediam pressão arterial, essas coisas, iam conversando comigo e insistiram, não sei porquê, em saber como eu estava me sentindo.

Respondi: "estou bem, estou bem... Tirando umas coisas chatinhas... Mas acho que já deve ser menopausa", e ri. 

- "Coisas chatas"? Tipo o quê, exatamente?

- Nada demais, - minimizei - só uma péssima digestão... Eu sempre comi bem e agora tô com "nojinho" de certas comidas. Mas já tô com consulta marcada com o ginecologista pra tentar entender melhor isso...

Eram 3 os residentes que estavam ali, me atendendo. E talvez pela curiosidade de estudantes, começaram a pedir que eu me aprofundasse nos meus sintomas. Mas aí é que tá: eu não sabia explicar direito, eu só sabia minimizar. Então eles mesmos começaram a me bombardear com perguntas sobre como eu me sentia (com detalhes) ao comer, o funcionamento do meu intestino, quais alimentos estavam me inspirando nojo, e foram me bombardeado com várias perguntas (afinal, eles eram 3; eu, uma só), só que a cada pergunta, eu tinha a sensação de que eles estavam lendo algo em mim que eu, obviamente, não tava enxergando. "A Sra. sente enjoos? Vômitos?", "sente tonturas?", "sensação de desmaio?", "crises de ansiedade?" (essas que eu já não tinha havia anos)... Até das palpitações perguntaram!! E eu só embasbacada, respondendo: "sim... Sim... Nossa, SIM!!". Eu só não sentia os famosos "calores" da menopausa... Devem ter sido uns 25 minutos de"entrevista", então sugeriram apalpar meu abdômen e sentiram alguma alteração no meu fígado. Fiquei um pouco apreensiva. Então, depois de tudo registrado no prontuário, foram chamar o médico chefe do plantão pra dar o veredito. 

Os jovens residentes passaram todos os meus detalhes ao médico-chefe e não tive tempo nem de pensar em nada: ao ouvir todos os meus sintomas, o médico foi categórico: "olha, isso obviamente são sintomas de intolerância alimentar. Só não dá pra saber a quê exatamente, mas provavelmente tem ligação aos alimentos que a têm deixado enjoada...". Na hora me lembrei que uns 15 anos atrás, eu tinha sido diagnosticada com INTOLERÂNCIA À LACTOSE, cheguei a fazer dieta por vários anos, mas certo dia resolvi comer um prato de estrogonofe e, como não senti nada, não achei nada demais matar a vontade de vez em quando... O problema foi que, com o passar dos anos, sem mais sintomas, comecei a achar que aquele diagnóstico era um exagero e quem começou a cometer exageros fui eu, me enchendo de todo tipo de laticínio possível - até o dia que meu filho mais velho me deu meio pote de Whey Protein e eu simplesmente vomitava logo após tomar. Mesmo com as evidências, continuei ignorando e agora... Eu tava daquele jeito.

O médico encaminhou para exames pra descartar problemas no fígado - eles demoram, mas pelo menos o ultrassom do abdômen já fiz e tá tudo bem. Agora faltam os exames de sangue que estão marcados, mas é pelo SUS e, por mais que eu seja uma entusiasta, sou realista: tudo demora.

Já sabendo do problema com a lactose, saí do consultório decidida a modificar minha alimentação. No entanto, eu ainda não melhorava (eu sei que o organismo demora a desintoxicar). Pensei: "será que também pode ter a ver com glúten? Porque também tenho uns sintomas que saem um pouco dessa curva...". E VOU CONFESSAR A VOCÊS, MEUS AMIGOS: retirar o glúten da dieta é muito mais difícil, porque parece que tem glúten em TUDO no planeta!! Tive que abrir mão não só do meu pãozinho francês, mas também de mortadela (que eu amo), salsicha, presunto, macarrão... Bem, algumas dessas coisas eu já peguei nojo mesmo, é incrível como o organismo rejeita... E tem uns temperos "inocentes" que quando a gente vai ver, tem glúten. O pior é que descobri da pior maneira possível: foi só botar na comida que começou a me dar um comichão pelo corpo todo, dores nas articulações, vermelhidão e inchaço em pés e mãos. Um dia, depois de uns dias de dieta, minha mãe fez empadão de carne moída (temperada com um caldo de bacon que é uma delícia - tradição de domingo) - tudo ainda era recente, lá veio Satanás me atentar e pensei "ah, só hoje... Volto pra dieta amanhã...". Pois até que fui comedida e não exagerei, mas a coceira e as dores na coxa foram imediatas; fui deitar pra descansar e comecei a sentir palpitações, minha pressão baixou; logo em seguida fui ao banheiro, e tomei um susto ao olhar no espelho: meu colo estava todo vermelho. Fui mostrar pra minha mãe pra confirmar que eu não tava doida, notei outro fato curioso: apenas uma das minhas mãos estava inchada, a outra continuava magrela como sempre. Bem, ainda tentei comer outras coisas com lactose e/ou glúten de lá pra cá, sei lá, só pra provar pra mim mesma que tô doida, até porque, não vou mentir: ter a alimentação tão limitada é oneroso e muito trabalhoso (eu tenho feito tudo em casa pra minha alimentação sair mais barata, mas mesmo assim, não é fácil). Às vezes eu tô morrendo de fome e só queria um lanchinho fácil, e só de pensar que tenho que ir pra cozinha fazer "mágica " até me tira o entusiasmo que tenho em cozinhar... (Sem falar das ciumeiras que tenho que enfrentar só porque tenho que fazer minha comida separada do resto da família, enfim...)

E não é só lactose e glúten que tô evitando: também tô evitando muito açúcar, alimentos com muito corantes e conservantes, até o café reduzi drasticamente pra evitar mal estar, mesmo tomando o omeprazol receitado pelo médico. Tô fugindo de endoscopia como diabo da cruz... Não tá sendo nada fácil, amigos, apesar de algumas melhoras (minha menstruação voltou ao normal e não tenho mais queda de cabelo, pelo menos)... Mas nada fácil... 

Mas eu sou forte. E como diz o Salmo 11, "o Senhor prova o justo (...) e ama a Justiça". Não foi o que Ele fez com Jó? E quem sou eu pra ter mais regalias?... Deus nunca nos dá fardos mais pesados que aqueles que podemos carregar.

Saúde a todos nós!

Axé-Shalom-Amém!


(Atualizações: mesmo com toda a dieta em dia, voltei a ter alguns sintomas, principalmente dores nas articulações, dor no estômago, enjoo e fadiga. Aliás, passei a ter até outros sintomas que não tinha antes - pelo menos, não tinha reparado, tipo alterações dermatológicas que não sei que nome dar. Também tenho tido muitas espinhas no rosto, coisa que nunca tive. Acho que há alguma outra coisa que tá me fazendo mal e eu não tô reparando - será ovo? De qualquer forma decidi me dar, ao menos essa semana, um "refresco" e me liberar o pãozinho pra ver como vai ser, depois voltar a retirar e continuar observando.)

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