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quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Bipolar e o Direito de Amar

"Isso não pode dar certo... Não vai dar certo!", ele bradava no meio da praça. Transeuntes passavam sem mudar a rota, mas olhavam pelo canto dos olhos.

"O quê?? Por quê?? Me explica...", ela pedia, quase implorando, tentando compreendê-lo e acompanhá-lo enquanto andava de um lado pro outro, agitado, pela pracinha.

"Ah... E além de tudo, você tem esses seus... er... problemas aí!! E eu, na boa, não tenho a mínima paciência...", ele evitava os olhos dela dando um trago no cigarro. "... A mínima paciência mesmo...".

Ela baixou os olhos e parou de acompanhá-lo. "Então é isso...". Bem, se era ou não, era o que menos pesava. A questão é que o fato dela ser bipolar pesava - e era óbvio que pesaria! Ela só pensou que não fosse tanto...

Depois de tantos anos de diagnóstico e de medicamentos, já estabilizada, pensou que finalmente poderia ter uma vida normal. O problema é essa mania que ela tinha de querer ser sincera... "E, como faz? Minto pro cara até quando? Quando ele se espantar com a quantidade de remédios na minha mesinha de cabeceira?? Ou continuo mentindo e digo que tenho um câncer raro?...". Bem, ter câncer deve ser menos chocante prá um homem do que ser bipolar. Porque, afinal, caros amigos, todos sabemos como são as mulheres bipolares: são infantis, mentirosas, levianas, inseguras, ciumentas, escandalosas... Ou não. Ou isso na verdade é o estereótipo das "menininhas" que gostam de bradar aos 4 cantos que são bipolares quando na verdade não sabem nem do que estão falando.

Enfim, na verdade, eu, como bipolar e solteira, paro prá uma reflexão: ser bipolar me torna menos digna de ser amada? Quem de nós, bipolares, que já não passou por esse diálogo assistido em uma famosa praça da cidade do Rio de Janeiro?

A questão é que ninguém quer pagar prá ver um relacionamento com uma pessoa que tem esses "probleminhas". Vejo meu pai com a minha mãe, e a palavra é realmente paciência: são quase 40 anos de companheirismo, mesmo que não se amem do jeito romântico que se espera. Mas ele a leva no médico quase todo o mês, controla os remédios para que ela não abuse, muda sua própria agenda prá levá-la onde for... Porque infelizmente, a esquizofrenia venceu minha mãe e ela não sai mais de casa sem a companhia do meu pai. E ele, pacientemente, a leva prá onde for preciso.

Daí eu lembro do meu falecido casamento, das crises que eu tive, de todas as vezes em que fui ao médico sozinha - inclusive nas emergências nos momentos de crise - dos momentos em que eu estive sonolenta de remédio e mal conseguia responder uma simples pergunta... Dos momentos em que eu só queria alguém prá segurar minha mão quando eu estava deprimida sem motivo, e não me xingasse achando que assim me reanimaria. É... Pensando bem, ser companheiro de uma pessoa bipolar requer muita, MUITA paciência.

Não precisa vir comigo nas consultas, nem controlar meus medicamentos - eu já faço isso sozinha. Mas esteja presente quando eu mais sentir angústia sem saber o porquê, saiba silenciar quando preciso, compreenda minha eventual falta de produtividade... Resumindo: tenha paciência!

Refletindo um pouco mais: será que um dia encontro um companheiro que, além de me amar do jeito que sou e que me conquiste da mesma forma, tenha paciência com meu "probleminha"? Será que isso existe? Ou será que todo o bipolar solteiro tem que passar o resto dos dias só?...

A companheira que protagonizou a cena na praça me disse que não, que todos nós, bipolares, unipolares, brancos, afrodescendentes, gays, bissexuais, héteros, temos sim, direito de sermos amados. E que quando o amor verdadeiro surge, esses "probleminhas" são apenas detalhes. E que ela vai continuar acreditando e sendo sincera, porque um dia - ah, um dia - ela irá encontrar quem a ame POR COMPLETO.

Quero muito ter fé como você, amiga... Quero muito...

Shalom!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Seu olhar

É, eu gosto de te olhar. Mas não me faz tanta graça olhá-lo estático nas fotos, por mais espontâneo q seja o seu sorriso. Gosto de te olhar em movimento, os lábios que se movem enquanto sua voz derrete minhas muralhas, o jeito que você gesticula, o jeito que estuda as palavras antes de dizê-las. E não precisa estar falando comigo, nem olhando nos meus olhos: pode ser com qualquer um, que eu fico ali bem ao lado, parada, meio abobalhada, me concentrando nos cachos dos meus cabelos prá tentar disfarçar o fascínio quase declarado. É, é difícil não olhar... Principalmente quando eu sinto você, lá do outro lado de não sei de onde, olhando prá mim. É quase telepático: sinto um calafrio e meus olhos vão direto prá onde você está, mesmo que eu não saiba direito. E você desvia o olhar, com jeito de menino arrependido que quebrou a vidraça da vizinha... E quando vejo, você já está perto de mim, se aproximando com a timidez de um adolescente prá dizer coisas. Que coisas? Ah, coisas, coisas... Pode ser qualquer coisa, mas a gente sempre tem que conversar. Pode ser de sapos, de pombos... Pode ser da situação caótica da educação brasileira atualmente... Pode ser da conta atrasada. Coisas, ué! Há uma necessidade constante de compartilhar, e quando a Vida nos impossibilita de fazê-lo pelo diálogo, a Vida nos dá a ferramenta do olhar. É simples assim: você olha prá mim, eu olho prá você e pronto - já dissemos tanta coisa, tanta coisa... Coisas essas que as palavras muitas vezes não conseguem expressar. Então a gente olha. Eu olho prá você. Você olha prá mim. E é por isso que tenho sentido tanto a sua falta nesses dias...



"Temos rotas a seguir, podemos ir daqui pro mundo 
Mas quero ficar porque quero mergulhar mais fundo 
Só de me encontrar no seu olhar já muda tudo 
Posso respirar você, posso te enxergar no escuro 
Tem muito tempo na estrada, muito trem 
E como quem não quer nada, você vem 
Depois da onda pesada, a onda zen 
É namorar na almofada e dormir bem 
Foi o seu olhar o que me encantou 
Quero um pouco mais desse seu amor..."

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Por Tati Bernardi

"E ficamos nessa de vai e não volta, nessa indecisão de uma certeza, na negação de uma vontade. Eu te amo e você me ama, mas o nosso amor não é o suficiente para nos unir. Precisamos de algo que ainda não temos, e talvez nunca venhamos a ter. Preciso ser minha antes de ser sua, e você precisa ser seu antes de ser meu. Mas você é da menina que mora na rua atrás da sua casa, e eu sou do cara que conheci em uma balada qualquer da vida. Somos tão diferentes, mas tão completos quando estamos um ao lado do outro. Poderíamos ser tão felizes, poderíamos ser tão amor… Mas simplesmente hoje somos apenas dor."



domingo, 27 de maio de 2012

Prá você

"But please don't put your life in the hands of a Rock'N Roll band
Who'll throw it all away"

É... Você mesmo que busca nesse humilde blog respostas para si mesmo. A vida é cheia de enganos e não é à toa que o subtítulo do blog diz "mistura de vida, ficção, música e loucura". Isso aqui é um mundo abstrato onde se misturam coisas que vi, que vivi, que sonhei, que imaginei. Talvez, no afã de saber notícias, você tenha chegado até aqui... E se deixou imaginar coisas. Compreensível. Mas agora estou eu aqui, inteira, abertamente falando: ESQUEÇA TUDO ISSO. Isso não passa de um mundo de Alice, um pesadelo do qual você acordará muito em breve, muito em breve... E do qual você rirá ao lembrar que se deixou perturbar por isso.

Deixe então a vida seguir como tem que ser... E que sejamos todos felizes!! AMEN!

Sigamos então com nossa programação normal...

Shalom!

sábado, 26 de maio de 2012

...

... E foi assim, tudo tão lindo. Foi como trazer à Terra as delícias que os anjos guardam. No teu corpo encontrei minha morada, no meu encontraste seu ninho; saliências e reentrâncias se encaixaram perfeitamente. E enxergar teus olhos brilhando no escuro era combustível pro meu coração bater mais rápido.

Nem nas minhas fantasias mais loucas eu poderia imaginar tanto desejo, afeto e atenção - e logo quando eu já não esperava mais nada da vida, nada mais de você. Eu pensei que era só eu, mas você também reconhecia que era muito maior que nós. Não adiantava mais fugir.

Seja o que for ou como for daqui prá frente, é o teu cheiro que carrego comigo, tua mão que sinto em mim, tuas palavras de amor que me constróem por dentro...

Shalom!



sexta-feira, 25 de maio de 2012

O presente dos presentes!! (por Sylvia Alves)

Levantou da cama, um pé após o outro, pensou que tudo ia ser melhor naquela manhã. Olhou no espelho do banheiro, sorriu, gostou do que viu. Os olhos estavam inchados, mas era por causa da noite bem dormida. Tomou banho, como se fosse a primeira vez na vida que fazia aquilo, não se enxugou, queria ter a sensação da água evaporando de sua pele. Abriu o armário, escolheu uma roupa que era a sua cara (dificilmente poria algo que não fosse). Calçou seu All Star, sem meias mesmo, sem preocupação. Sorria por dentro. Desceu as escadas, nem olhou direito se havia fechado a porta, abriu o portão, sentindo um vento vindo do lado esquerdo, que trazia junto dele o gosto da liberdade, uma delícia de dia, pensou. Colocou os fones de ouvido. Toda música era feita pra ela. Tudo remontava a algum vídeoclipe particular, um momento especial que havia deixado pra trás. Pegou o primeiro ônibus que lhe agradou, sentou e abriu a janela. O óculos escuros, tantas vezes usado para esconder as lágrimas, agora eram mera peça decorativa em seu rosto feliz. E assim foi indo, sem destino, guiada pelo instinto apenas... Quando deu por si, estava sentada na praia, na areia... meditando, perdida e ao mesmo tempo segura de onde queria chegar. Ficou ali por horas, alheia a tudo, radiante de felicidade por dentro, porque sabia, bem no fundo, que era apenas uma questão de tempo, apenas uma questão de tempo. Abriu a carteira, queria dinheiro para comprar um maço de cigarros. Olhou sua identidade. Sua foto. Quase não reconheceu seu nome verdadeiro, estava acostumada com seu apelido, sorriu e pensou: 

"É isso aí, Dannie, tudo que você consegue ver, até a linha do horizonte, é seu!"

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Prá ser sincero

Olha, dessa vez eu entendi. Principalmente à posição ridícula a que me expus. "É a vida", você disse. É, é a vida... Ainda mais sendo a minha, tão cheia de histórias tristes. Eu sabia que ia me machucar – desde a primeira vez que te vi eu sabia que ia me machucar, e tentei de toda forma não me envolver. E quando eu pensei que já estava curada de você, tudo aconteceu.

Não vou botar culpa do episódio dessa noite na bebida porque sou bem grandinha e tenho que assumir minhas responsabilidades. Meu transtorno?? Tanto menos. Quero dizer que meu amor por você não foi um sintoma nem diagnóstico de nada. Eu não estava disposta à situação, estava disposta à pessoa: estava disposta a você. Mas eu entendi, entendi que o caminho está ocupado.

Não, eu não to bem... Eu senti mta frustração na hora, lágrimas na garganta, mas bastou uma hora de viagem de ônibus prá já conseguir rir disso tudo... Isso me é estranho. Talvez você não seja mesmo tudo aquilo que me faltava... E eu tanto menos estou aqui prá ser uma pedra no seu caminho. 

Consigo rir de mim, consigo rir de você... Que situação, hein? Realmente, eu não desejaria estar no seu lugar... Ou você já deve ter vivido isso tantas vezes que nem faz mais diferença... Agora, tanto faz. Nem sei como vou acordar amanhã de manhã, e sinceramente, nem quero saber. Vou seguir os teus conselhos e seguir em paz. A amizade continua – pelo menos da minha parte. Eu vou superar. Ou não – não sei ao certo, me deixe quieta aqui prá eu digerir meus pensamentos...

Enquanto isso, conte-me vc!

Au revoir!




“Mas você fica. E vai sempre ficar. Continua existindo, musicado. O inevitável dança aos meus olhos. Aí chega a hora em que distribuo um segredo: o tudo que faltava, talvez seja você. Digo e vou dormir, sem sonho, mas dentro dele.” (Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Entre borrachas e apontadores..."

Até quando você vai fugir? Vai fingir que não me olha, que não espera meu abraço, que não espera a hora de mexer no meu cabelo? Até quando vai arrumar desculpas prá me ligar sem ter que dizer o óbvio? Até quando vai disfarçar a alegria de falar comigo? Todos já notaram, será que só você não vê?

O desejo contido querendo sair, a mágica entre nós mesmo nos momentos descontraídos... A situação está quase insuportável tanto prá você quanto prá mim?

Pois hoje, antes que caíssemos no erro mais uma vez, lembrei do dia em que você implorou para que eu não o tentasse. Bom, se é assim que tem que ser, eu fiz o meu melhor. Eu não sei se você entendeu, mas você é inteligente e maduro... Até porque, com tantos afazeres na agenda, você não vai abrir espaço só prá criar esse conflito, não é mesmo?

Preciso de mais afazeres na minha agenda também... Assim penso menos nisso.

Bem, ainda não é pecado se preocupar com um amigo, ou rir puerilmente com ele... Sigamos então brincando na nossa "velha infância", e tudo seguirá como num "trem da alegria". Simbolismos bregas, eu sei. Mas só nós entendemos...



Shalom!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Velha Infância

Você dizendo que lembrou de mim ao ouvir essa música...
E eu só lembrando do dia em que você pediu prá não deixar minha boca tão perto da sua... (Então por que a sua estava tão perto da minha?)

"Você é assim, um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você desde o amanhecer
Até quando eu me deito...

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor...
E a gente canta, e a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança - A gente brinca
Na nossa velha infância...

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só...

Você é assim, um sonho pra mim
Quero te encher de beijos
Eu penso em você desde o amanhecer
Até quando eu me deito...

Eu gosto de você e gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor..."



E ignorando todos à nossa volta, fizemos um dueto, como quem canta prá lua avermelhada que brotava no horizonte. Não podia dar certo: falhamos miseravelmente na missão de deixar tudo como estava.

Foi bom... Muito bom... Mas o que há de ser depois?


sábado, 5 de maio de 2012

Eu que não sei nada da vida

E eu que já estava tão mulher - tão sábia e convicta das minhas experiências - sabia identificar as chances de um possível relacionamento, avaliando até onde valeria a pena investir. O amor prá mim, havia virado isso: uma bolsa de valores onde o interesse é fugir das perdas o máximo possível; análise fria de conjunturas porque, afinal, eu já era grandinha. E chorar por alguém era algo que tinha ficado lá prá adolescência - ou eu simplesmente tinha cansado disso. Agora o coração só mergulhava se a cabeça concordasse. E fim de papo.

Daí, conheço você, um frio percorre a espinha, não sei nem seu nome mas sinto uma força magnética. HELLOOO!!! Acalma teu coração, menina crescida... Vc sabe que se apaixonar não é assim! Não queremos quebrar a cara novamente, não é? É, pois é. Afinal, era apenas o primeiro dia, ainda nos esbarraríamos por aí e daí eu veria que, de repente, você não era nada daquilo que eu poderia estar esperando.

E nos esbarramos assim, uma vez ou outra. Eu me sentindo a mais tola das mulheres, sem saber o que dizer, e negando a mim mesma a sensação de que você queria chamar minha atenção. Expectativas malditas! Não as quero mais no meu mundo! Me esforcei e não foi difícil acabar com qualquer encantamento que pudesse estar nascendo. Até porque, não era sempre que nos víamos. Só que parece que, em dado momento, o Destino resolveu mexer com tudo... Bastou um simples abraço de despedida no ponto de ônibus e toda minha precaução ruiu. No dia seguinte, mais um cumprimento caloroso, uma noite cheia de carinhos, abraços, arrepios. Nada mais. E foram tantos encontros e reencontros que eu acreditei que dessa vez seria diferente. Mas nem tudo pode ser como a gente deseja, né?

Se eu ainda fosse o tipo de pessoa que simplesmente se envolve por uma noite e depois parte prá outra, quem sabe tudo me seria mais fácil? Mas, você sabe, eu não sou. Eu tentei, e você deve ter visto que tentei manter o ar blasé, mas hoje entrego o jogo. Decidi me poupar dos seus abraços carinhosos e qualquer outro tipo de expressão de afeto. Somos colegas, mas não dá prá sermos amigos enquanto tenho tempo contado prá te tirar de vez da cabeça - mesmo que você insista que não é isso que você quer e que vai continuar me abraçando como se nada tivesse acontecido.

A verdade é que perdi minhas rédeas, não consigo mais fazer minhas análises frias como boa menina crescida... O coração fica aos pulos e os suspiros vão pelo ar... A vida de ambos vai acabar virando um inferno... Será que você entende? Porque eu, na verdade, tento e tento analisar e não consigo. Só há uma certeza: você precisa sair da minha vida - e eu nem sei direito como fazê-lo. A mulher tão madura que você conheceu regrediu - tomou a poção da Alice e ficou tão pequenininha... Se perdeu dentro de si. Não tente me encontrar: preciso seguir esse caminho sozinha. E creio que você também tenha os seus próprios caminhos prá seguir...

Obrigada pelos dias tão felizes. Guardarei no meu coração - mas agora não. Entenda.
Ia'Orana!
Shalom!