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terça-feira, 12 de março de 2013

"Trancado" - Ana Carolina

Ondas de calor e frio. Pernas mal se consomem - ou se concebem, tanto faz.

De braços dados, rostos tão próximos, um esperava a deixa do outro para se deixarem consumir pelo desejo tão coagido. E contando coisas da vida, ele dá a entender que precisa de uma massagem. Ela se prontifica como se tivesse sido vontade dela. "Too late, girl!", já era o fim da linha.

As pernas dela perdem as forças como da primeira vez... Ele não só passa o braço: puxa-a mais para si e depois acomoda gostosamente sua cabeça no ombro dela. Era o encaixe perfeito.

Como a menininha de 11 anos que foi, se perdeu em seus pensamentos e não soube o que fazer. Conseguiu apenas comandar o braço para que explorasse afetuosamente as costas dele. E assim ficaram por alguns minutos. Que importavam os transeuntes ou os veículos ao redor?

Por um momento ela pensou que ele ia falar o que ela ansiou por tanto tempo. Ou que desse o tão prometido presente.

Os olhos fixos nos do outro. Uma pena, uma angústia! Desconectar o conectado é muito difícil. E as auras agora pareciam uma. Uma aura vermelha e laranja que se misturavam numa mágica inimaginável.

Parecia clichê, mas era duro partir.

Ela se afastou andando de costas. Os braços desenlaçavam-se ao ritmo em que crescia a distância, lentamente.
Ele ainda tentou puxar algum assunto, alguma âncora que os fixasse ali.

Mas era tarde: por hoje. Por sempre. Ela já tinha se machucado demais. "Ela nunca mais lançará os lábios contra os seus, rapaz! Ela só será sua agora quando você buscá-la". Mas não mais até a metade - desta vez até o fim.

“Deveria ter sido finito. Mas havia aquela lua mal intencionada, a música parecia feitiço, os desejos pareciam punhais, a pele vazava lembranças. O vinho e as velas, cúmplices de aroma e luz. As certezas diziam que não. O tempo era de abandonos. Não era a escolha certa...” (Cesar Insensato)


Shalom!

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