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domingo, 22 de julho de 2012

"Quando lhe achei, me perdi"

Longe de casa, todos sentem uma carência, uma necessidade de se unir ainda mais como uma família. Apesar dos novos conhecidos, era nos velhos amigos que encontrávamos paz. Não foi diferente conosco, que já encontrávamos entre nós, a paz como um oásis em meio às loucuras do nosso dia a dia...

Eu conversava com esses novos amigos em meio à arquitetura peculiar do lugar. Era entardecer, estávamos todos cansados, mas você, que passava, me alertou de um novo acontecimento, que deveríamos estar presentes. "Vamos?", você me puxou pela mão.

No caminho, nos abraçamos amigavelmente e passamos por uma espécie de bar, você mencionou que ia comprar uma cerveja. Eu falei prá não fazer isso. Você fez aquele seu bico, e com cara de menino arrependido, repensou:"É, né?... Afinal eu ia comprar de olho grande mesmo...". Encostei a cabeça no seu ombro, concordando.

Seguimos caminhando e seus amigos nos pararam para perguntar algo. Eu, distraída, me surpreendi quando você segurou minha mão e entrelaçou seus dedos aos meus. Os olhares se tocaram e nos abraçamos intensamente, sorvendo o cheiro um do outro. Tentei lembrá-lo do nosso acordo e não deixar que nada acontecesse, mas em dado momento, nenhum de nós tinha as rédeas da situação. Agora que o pátio estava deserto, senti sua língua molhar meu pescoço com a força de quem quer alcançar a alma. Tentei dizer não, mas já estava entregue: eu delirava enquanto sentia seus beijos da boca até o colo. Uma de suas mãos invadiu mistérios da minha anatomia, o que fez meu corpo começar a tremer, descontrolado. Ao notar minha vertigem, me puxou para um lugar mais reservado. O sol já estava se pondo, e só conseguíamos enxergar a silhueta um do outro, mas não acendemos a luz - o tato era suficiente. Voltamos a nos beijar, e o frenesi tomou conta novamente. Rapidamente despimos um ao outro e tudo o que você fazia era de um jeito tão inédito que assim que o senti dentro de mim, abafei um grito; logo chegávamos ao êxtase.

Nos abraçamos exaustos com a intensidade do ocorrido, desejando que ninguém interrompesse aquele momento. Você me sentiu apreensiva, mexeu no meu cabelo como só você sabe. Entre carinhos, perguntou o que eu tinha.

- Isso não devia ter acontecido... - suspirei.

Você segurou meu queixo, com o olhar de quem queria começar tudo de novo, me calou com um beijo terno. De um dos meus olhos, uma lágrima escapou. Nem eu entendi o que estava acontecendo, mas você parecia compreender... Num gesto carinhoso, secou-me o rosto úmido e me beijou novamente, mas ouvimos outras pessoas se aproximando. Fingimos então que dormíamos, abraçados.

Afinal, pressa prá quê se teríamos ainda mais uns dias só prá nós... Só pra nos permitirmos...
Esse era o novo acordo.



‎"Já tinham vivido o cio das feras. Mas as mãos insistiam em não se desfazer das formas e dos limites alcançados e nunca repetidos. Sabia que não deveria, mas chamavam-se como quem soletra a primeira sílaba." (Cesar Insensato)

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