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sexta-feira, 8 de junho de 2012

"Ainda somos os mesmos..."

"Não quero lhe falar, meu grande amor, 
Das coisas que aprendi nos discos... 
Quero lhe contar como eu vivi 
E tudo o que aconteceu comigo 
Viver é melhor que sonhar 
Eu sei que o amor é uma coisa boa..."

Tanta gente... Tanta energia... Tanta vontade de mudar... Que uma hora explode. E em meio a sprays de pimenta e tensão, nossos olhares se encontram. Já havia dias que não nos víamos e estávamos completamente descaracterizados, mas o reconhecimento foi imediato - será que você também me procurava? Meu coração dá pulos, meu estômago parece num elevador. Um abraço rápido só pra matar a saudade, porque o momento não é oportuno. Nos separamos novamente. Você volta prá saber se eu comi, pede prá segui-lo. Some de novo. E assim, vez ou outra, nos aproximamos e afastamos, rimos, cantamos, nos olhamos de longe. Palavras de ordem, atenção ao palanque. Mas chega a hora de se despedir e eu nunca sei direito como fazê-lo...

Tarde da noite, nos encontramos, frescos e renovados depois de uma chuveirada. Você me sorri, eu te sorrio, nos abraçamos. Você brinca de cheirar meu pescoço, eu não aguento de cócegas. Você se preocupa: "é por causa da barba?". Você sabe que não, você sabe o que me arrepia de verdade... E talvez por isso mesmo, faz de novo. Me chama prá detrás da lanchonete, dividimos confissões. Há algo seu comigo - será que eu perdi? Voltamos prá frente da lanchonete, conversamos com amigos. Você se afasta. Fica ali, parado, quase em frente a mim. Tento me distrair com o que os outros falam, mas só consigo contemplar seu vulto pela visão periférica. Talvez você tenha ficado ali, me olhando de longe, por uns 5 minutos. E eu pensando se eu me aproximava prá me despedir, ou se eu teria outra chance.

Nossos olhares se encontraram novamente. Eu não sabia o que fazer e baixei os olhos. Quando voltei o olhar, vi você virando devagar, andando pro seu ônibus, como quem espera que eu corra para abraçá-lo. Assim como eu espero, quando entro no ônibus, que você venha atrás prá falar comigo. E como você, eu não fiz nada. Fiquei lá, parada, te olhando se afastar, sem saber o que fazer, tentando falar por telepatia "volta!...". Esse foi nosso último momento: um contato visual cheio de medo, uma despedida sem palavras. Não tivemos outra chance.

Sabe lá quando teremos novamente?
(A propósito, seu negócio ficou comigo...)

"O que tem de ser tem muita força." (Guimarães Rosa)


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