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quarta-feira, 26 de março de 2008

Ia'Orana e seu significado

Acordei às 7:30. A decisão tomou conta de mim. Tomei banho vagarosamente enquanto a casa dormia, e a caçula acordou. Por volta das 9, a ansiedade já tomava conta e eu, ainda relutante, acordei o G. - queria sair sem ter q dar explicações, eu ficaria ainda pior. Avisei q ia na emergência psiquiátrica e ele só disse "tá, mas chega antes de meio-dia q eu tenho q trabalhar...".

Ódio. Saí de casa entre lágrimas, mas aos poucos a raiva pela indiferença do G. foi amenizando. Já não havia mais medo, nem ansiedade como em consultas costumeiras. E ao chegar lá, fui logo atendida, já q não havia ninguém à espera.

Entrei no consultório. A dra. parecia séria, mas tentava ser simpática (apesar de, nesse momento, não me importar mto). Qndo liberada a falar, "desabei" - a própria dra tinha dificuldade de me acompanhar e toda hora pedia um instante, pra eu recapitular o q eu estava falando. Eu falava rápido, entre lagrimas abundantes. Me senti novamente em terceira pessoa e, sinceramente, ao sair do consultório, eu ja não fazia idéia do q exatamente eu havia falado. Só sei q havia falado mto.

Rapidamente, já quase no final da consulta, me lembrei daquele costume q eu tenho de observar as anotações dos médicos (por mais q alguns evitem), mas nem precisei me esforçar mto: além do termo "Transtorno de Humor" estar bem destacado na ficha, a própria dra. revelou. Receitou Ácido Valpróico e pediu prá voltar no sábado prá reavaliar. Disse q, apesar do medicamento demorar mais ou menos 1 mês prá fazer efeito, eu precisava desse intervalo curto prá reavaliação pq meu humor estava ciclando rápido demais. Tava tão na minha cara??

Ao menos, cheguei em casa aliviada. Desde o começo do mês eu já estava angustiada, entre o planejar dessa visita ao posto médico, e o achar q já estava melhor e não precisar ir. Fora as tentativas de me tratar no hospital perto da minha casa... Pelo menos não preciso mais esperar prá ser avaliada (não q eu tenha desistido do tratamento do hospital, absolutamente!). E botei prá fora tudo q tava me incomodando; minhas angústias, minhas dúvidas, minhas crises de raiva, de indiferença prá com o mundo... E mais uma vez, me lembrei das minhas filhas. Elas estavam lá, na minha cabecinha, enquanto eu me encaminhava pro posto. Elas não mereciam mais q eu as tratasse como eu estava tratando. E isso tbm me torturava. Finalmente, ao chegar em casa, consegui expressar afeto pelo meu marido. E chorei ainda mais. Eu realmente andava sendo uma "cadela sem sentimentos". Ele tbm não merecia.

O alívio em casa foi tão grande q quase deixei o remédio pra lá (ah, o poder do desabafo). Mas no começo da tarde começou a angústia de novo, o impulso de mexer novamente no cabelo, e gritei prá mim mesma "Chega!". Fui levar as crianças na escola, pagar umas contas, aproveitei q o remédio era baratinho e comprei logo. Tomei o primeiro comprimido na porta da farmácia já. É, o desespero tinha voltado, mas dessa vez, justificado: o desespero pela estabilidade.

Então é isso. O diagnóstico q eu desconfiava havia já certo tempo (e renegara por anos) era verdadeiro. Sou bipolar. Não muda mta coisa, além do próprio auto-conhecimento. A princípio, ter q tomar um remédio q me dá queimação 3 vzs ao dia (tive q programar o celular pra me lembrar; os outros eram só uma vez por dia), o Rivotril ainda está liberado prás noites de insônia ("Mas duvido q precise, pq o Depakene costuma dar mto sono", disse a dra.), e voltar no sábado. Pelo menos agora tenho um percurso pelo qual seguir. Antes estava totalmente perdida e angustiada. Agora a angústia já tem seu destino certo (e eu realmente desejo, do fundo do coração, q eu não tenha q trocar mto de medicação, pq realmente, pela minha experiência, é um saco!!).

Ia'Orana! (eu nunca contei, mas essa expressão quer dizer "Viva Bem" e é uma espécie de saudação generalizada no Taiti)

Um comentário:

  1. Oi, linda! Te acompanho desde a época do blog das meninas, quando vc estava grávida da caçulinha. Sempre estive por aqui, desde que vc inaugurou esse blog, mas nunca tinha deixado um recado de apoio, talvez por não saber se era um blog de desabafo ou um blog normal, em que comentários são bem-vindos. Rs! Bom, só queria dizer que tenho uma amiga com essa mesma síndrome e sei que não é nada fácil, mas você consegue. Minha amiga chegou quase ao ponto de ser interditada pela família. Faltou "isso aqui", um tiquinho de nada. E hoje está bem, tomando a medicação, com um marido que a apóia e um filhinho lindo de 1 ano e meio. O mais importante é a aceitação, e esse passo você, pelo visto, já tomou. Agora é seguir o tratamento e esperar por dias bem mais calmos e felizes. Tem um livro, não sei se vc já conhece, chama-se "Mente inquieta" ou "mentes inquietas" (tem que ver bem, pq se não me engano, há livros com esses dois títulos). Esse que eu falo foi escrito por uma médica que, depois de muita luta, descobriu-se portadora dessa síndrome. No livro ela relata seus altos e baixos até chegar à estabilidade atual. É bem interessante, acho que vc vai gostar.
    Beijos!

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